Charlotte Lima
24 de dezembro.
Passei a maior parte do dia arrumando algumas decorações e penduricalhos em casa.
Giovana ainda aparentava nervosa, um pouco mais apática do que o normal após o fim do seu relacionamento de fato, sentada de lado num canto do sofá, pensando e deslizando a tela do seu celular. Esse será seu primeiro natal bem distante de Felipe.
Mas Luiza, por outro lado, parecia muito feliz e bem com a vida, parece que seu encontro com Enzo, o cara do trabalho dela, foi muito animado.
_ E qual é a ropa nueva de vocês para hoje a noite? - Pergunta Luiza quase cantarolando.
_ Separei uma saia vermelha e uma blusa com pompons, parece um pouco com de Meninas Malvadas. - Respondi ajeitando a toalha de mesa decorada.
_ Ah, bueno! E você, Gi? - Ela perguntava saltitando de felicidade, porém Giovana não deu muito ouvidos.
_ Acho que ela não escutou... - Dei um sorriso.
_ Acho que seria melhor se eles conversassem pra resolver as coisas - Cochichou Luiza em meu ouvido.
_ EU ESCUTEI ISSO! - Gritou Giovana.
_ Mira, ahora ella escuta, por que será? - Luiza dizia em tom irônico ao sentar-se ao lado de Giovana no sofá.
_ Meu amor, eu também não preciso dar satisfação à ninguém - Responde Giovana fazendo careta.
_ Pare de ser tão ranzinza e conversa com ele pra vocês dois ficarem bem, senão estraga o clima! - Luiza reclamava.
_ E você, pare com toda essa felicidade, de onde veio isso? Foi boa a noite? - Giovana levantava a sobrancelha.
Luiza passou a sorrir, voando com a mente nas nuvens, deixando suas bochechas rosadas, revirava os olhos e respirava fundo, quase em êxtase e equilíbrio consigo mesma.
_ Eu confesso que foi uma de las melhores noites que já vivi, andamos bastante por aí... - Ela ria - E também comemos até não dar mais! - Ela tapava a boca com as mãos - Depois ainda fomos numa boate, dançamos muito. - Ela fechava os olhos e se imaginava novamente - E ficamos o resto da noite abraçados. - Ela apertava as próprias bochechas.
_ Eita, ela tá apaixonada, ela tá apaixonada! - Giovana começava a cantar enquanto balançava o corpo, como se estivesse fazendo uma dancinha da vitória, mas uma versão "sentada ao sofá".
_ Então você ficou animadinha também, né? - Perguntei à Giovana, levantando a sobrancelha.
_ E não pode ficar feliz pela minha amiga, querida? - Giovana mandava outra encarada ranzinza e irônica.
_ Não falei nada disso, gata! - Respondi levantando as mãos.
_ Somos só nós três, ah! O natal das garotas! Vamos botar uma música só nossa! - Dizia Luiza levantando-se e ligando a TV.
_ E não se esqueça de mim aqui. - Fala Lucas, ao sair do seu quarto, mancando um pouco, com um de seus braços ainda enfaixado e um tapa-olho cobrindo a metade de seu rosto. Ele tentava, com toda a delicadeza e esforço do mundo juntar-se a nós no sofá.
_ Você já está melhor, garotão? - Luiza pergunta enquanto vai até ele e o ajuda a andar.
_ Lembre-se que você ainda está de recuperação, tem que ficar na cama, menino! - Eu falei.
_ Mas eu não quero mais, não aguento ficar parado aqui não, quero fazer alguma coisa, sair por aí, sei lá! - Lucas nos diz um pouco ansioso.
_ Calma que uma hora você vai melhorar mais e sair dessa, niño! - Luiza o responde. - Veja pelo lado bom, hoje vamos comer bastante! - e ela se dispõe a sorrir.
_ Eu vou comer com vocês, mas mais tarde, um amigo vai vir me buscar, também irei passar um tempo lá... - Eu dizia quando Giovana me interrompeu.
_ Hmm, que amigo é esse? - Ela pergunta.
_ Eu encontrei com ele uma vez na rua, depois o encontrei de novo na vez que saímos todos juntos com Luisa e o Enzo... - Eu comecei a contar.
_ Não me recordo dele, acho que não prestei atenção.
_ Claro que não prestou atenção, nós estávamos em uma mesa e ela saiu e foi até ele, sua tonta! - Lucas falava alto.
_ Ei! Eu não sou tão tonta assim! - Giovana o respondia com raiva.
_ É tão tonta ao ponto de ser corna do Felipe. - Lucas ironiza.
_ Galera, parem! Agora não é hora disso, por favor! - Luiza se põe entre eles e tenta apaziguar a discussão.
Giovana se levanta e vai para o quarto com raiva, bate a porta sem dizer uma única palavra sequer.
─────⊱◈◈◈⊰─────
Um tempo após o ocorrido, finalmente chegou a hora.
Meia-noite.
Estávamos reunidos a mesa: Luiza, Lucas e eu.
Com tudo o que tínhamos direito, uma variedade de saladas que eu fiz, os cozidos feitos pela Luiza, além do nosso lindo chester. E é claro que conversamos muito sobre o que queríamos fazer no próximo ano, nossos sonhos e objetivos daqui pra frente, e o quanto nós já evoluímos. Chamamos Giovana para se juntar a nós, mas ela simplesmente nos ignorou, creio que as palavras do Lucas realmente a machucou.
Meia-noite e quarenta.
A campainha tocou e eu fui atender, corri até a porta, eu estava esperando que fosse Shay, para o "encontro" que combinamos, seria quase que uma ceia de natal, apenas nós dois. Eu abri a porta e era ele, vestido de calça preta e camiseta regata cinza, com os braços musculosos à mostra, um gorro cinza e vermelho, além de um perfume forte, amadeirado e muito agradável.
_ Oi. - Eu disse enquanto sorria.
_ Oi, e aí? Vamos? - Ele disse.
_ Ué, você é o amigo dela? - Pergunta Giovana com uma cara estranha, após aparecer atrás de mim, na porta. Shay olha pra ela, depois devolve seu olhar a mim. Parecia confuso.
_ Vocês já se conhecem? - Eu perguntei enquanto os observava.
925 palavras.
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A Quarta Parede
Storie d'amoreMeu primeiro livro \o/ Sinopse: Charlotte, uma jovem garota um tanto quanto introvertida (mas muito observadora e fofoqueira) que se muda para São Paulo com alguns de seus amigos: Luiza, uma argentina que esconde seus sentimentos; Lucas, um rapper m...