Capítulo 14

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− Ei! Me deixa sair! − Exclamei outra vez enquanto batia na porta do meu quarto. Ninguém respondeu.

Ontem a Anya conseguiu usar o comunicador que ela roubou do seu pai para mandar uma mensagem de emergência com a nossa comunicação. Como o aparelho estava na sua mochila, que estava no meu quarto, o meu pai não chegou a ver que o tínhamos, então, visto por este lado, até que foi bom termos ficado presos aqui.

Nós tínhamos passado a noite ali trancados, mas até então nenhuma palavra havia sido trocada entre nós para além do necessário. Como já era de esperar, entre nós o silêncio foi criado e os únicos sons que se ouviam eram os meus gritos e o seu respirar. Será que ela está lendo os meus pensamentos agora? Perguntava eu, mas ela não demonstrava nenhum sinal de o fazer. Provavelmente ela está.

Sento ao seu lado, ainda sem dizer nada. Eu não sei o que fazer. Meu pai me deu até hoje para decidir se ficava do seu lado e logo ele vai chegar esperando a sua resposta. Não consegue dormir lembrando disso. É errado, mas não consigo parar de pensar na possibilidade de eu dizer que sim ao seu pedido e abandonar a Anya de uma vez por todas. Eu sei que ele é um criminoso e estando do seu lado eu me tornaria um criminoso também, mas ainda sim ele é meu pai e finalmente está querendo fazer algo comigo, ele está me tratando como seu filho, não só uma versão pior do meu irmão, ele quer me a mim. É tão errado assim pensar que se eu aceitasse a sua proposta eu poderia finalmente ser feliz? Faz de mim uma má pessoa se eu cogitar (nem que seja só por um segundo) a possibilidade de ir para o seu lado? Se sim eu não sei o que fazer, porque, por mais que eu tente, não consigo tirar da cabeça que por fim eu mostraria para o meu pai que pode confiar em mim e lhe daria orgulho.

Apesar de tudo tem a Anya. Por mais que me irrite, ainda que na maior parte das vezes eu só queira que ela me deixe em paz, não sei se posso ir. Ela quer concluir a sua missão e eu disse que a ajudaria, não sei se posso deixar isso tudo de lado e ir para perto do meu pai sem mais nem menos. O que aconteceria com a Anya? Com certeza ela me odiaria. E-Eu não... não quero que isso aconteça...

− Damian. − Chamou Anya.

− Que foi? − Disse sem olhar.

− Se você quiser, não precisa salvar o mundo. − Olhei para ela sem entender nada. Acho que nunca a vi tão séria − Sou eu quem quer a paz mundial, não você. Não precisa ficar do meu lado. Se quiser ir para junto do seu pai tudo bem, eu não vou te odiar.

− V-Você tava ouvindo?

− D-Desculpa.

− Não faz mal, eu já devia esperar... − Virei o rosto para o outro lado evitando olhar em seus olhos − Ei? Anya? − Ajeito a voz, tentando arranjar coragem para falar. − V-Você realmente não se importaria se eu aceitasse a proposta que o meu pai fez? − Volto a encarar.

− Acho que, se você realmente quiser, eu não posso te impedir, né?... − Falou ela enquanto encarava os seus próprios pés. − Mas... eu não ficaria com raiva, se é isso que está perguntando. I-Isso também não quer dizer que ficaria feliz...

− Então como você ficaria? Você quer que eu vá?− Perguntei, agora a forçando a olhar em meus olhos.

− N-Não sei. P-Para de fazer perguntas difíceis! − Disse ela, se levantando para ir sentar do outro lado.

− Espera, Anya me responde. Por favor. − Ela parou, e voltou a me encarar, mas diferente de antes, desta vez o seu olhar demonstrava algo semelhante a raiva.

− O que você quer que eu diga? Que eu não quero que você me abandone como todo mundo fez? Que eu já estou triste só de pensar na possibilidade de você ir? Você quer que eu peça para você ficar do meu lado? Como eu poderia?! Ele é o seu pai! Comparado a ele eu sou quem?! Mais um dos seus amigos? Uma pessoa qualquer?

Segredos e Mentiras (Anya X Damian)Onde histórias criam vida. Descubra agora