Capítulo 40

23 3 3
                                    

No fim da consulta, depois de ficarmos a saber que está tudo bem com o nosso bebé, eu e o Santiago saímos e, já fora do hospital, ele começa a falar.

– Quando é que estavas a pensar contar-me que estás grávida?

– Não sei. Descobri ontem e nós não estamos propriamente numa boa fase.

– Mas esse filho também é meu. Tinha o direito de saber e de estar lá desde a primeira consulta.

– E estiveste. Mas já agora, quem é que te contou? Só duas pessoas sabiam, não vai ser difícil descobrir.

– Ninguém me contou, segui-te. Achei essa consulta muito estranha e decidi vir perceber o que é que se passava. E ainda bem que vim. Estou desiludido contigo, nunca pensei que me escondesses uma coisa assim.

– Santiago, fiquei a saber ontem! Marquei a consulta hoje de manhã e, como havia uma vaga, ficou marcada para agora. Não te escondi nada. Fogo, Santiago! Tu não percebes, pois não?

Começo a sentir lágrimas. Outra vez não, aqui e agora não. Controla-te, Alice. O problema é que as alterações hormonais não me deixam controlar.

– Perceber o quê? Que tu saíste de minha casa e me deixaste? Que tu não estás interessada em mim? Eu já percebi tudo! E isto só veio confirmar.

– Eu saí porque me senti a mais! Não estava lá a fazer nada e achei melhor sair, não fosse eu acabar por mandar uma boca desagradável à tua amiga.

– Claro, a Vicky tinha de vir à conversa. Eu precisava de ti e tu não estavas lá para mim. Mas não vale a pena falarmos, nunca nos vamos entender.

– Santiago, chega! Estou farta! Estou farta que me digas que não gosto de ti quando estou loucamente apaixonada por ti, como nunca estive em toda a minha vida. Estou farta que me digas que não estava quando precisavas de mim, se sempre tiveste o meu ombro. Estou farta que apenas te lembres do dia em que saí da tua casa durante uma conversa entre ti e uma amiga tua e não te lembres de todas as vezes em que fiquei. Estou farta que digas que sou eu a fazer filmes, quando se nota à distância que a Vitória gosta de ti, só tu não vês isso. Estou farta. Já não tenho mais forças para te provar que o meu coração é teu, como nunca foi de ninguém. Por isso, se não queres acreditar, não acredites.

O meu tom de voz foi baixando e terminei a última frase de forma quase inaudível. Sinto-me fraca, mal me consigo manter de pé. O Santiago aproxima-se lentamente, coloca a mão direita no meu pescoço e a esquerda na minha cintura. Puxa-me até ele e beija-me. A falta que eu sentia deste beijo, deste toque... Quando o beijo termina, ele olha-me nos olhos e sinto o olhar dele profundo.

– Promete-me que não voltas a duvidar daquilo que sinto por ti – peço.

Ele beija-me novamente sem responder.

– Acho que temos muito que conversar – diz, de forma carinhosa, acariciando-me a cara.

– Sim, acho que sim.

– Vamos até ao meu apartamento, hoje já não voltamos ao trabalho.

– Mas eu ainda não acabei o trabalho – digo.

– Amanhã é um novo dia.

Seguimos, cada um no seu carro, até casa dele. Entramos e sentamo-nos no sofá.

– Então, temos de ver como é que vamos fazer as coisas. Sei que ainda é só o início da gravidez, mas temos de preparar tudo com antecedência – começa ele.

De repente, ele fala como se sempre estivesse tudo bem connosco.

– Acho que temos tempo para isso. Há um assunto que talvez deva ser esclarecido antes. Nós.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora