– Alice! – grita a Vera, ao ver-me chegar.
Ela correu até mim e deu-me um abraço apertado. Já não nos víamos há cerca de dois meses, por isso as saudades já eram muitas.
– Estou a ficar sem ar – digo.
– Desculpa, desculpa, desculpa.
– Ela tem estado doida o tempo todo – comenta o Harry, ao cumprimentar-me.
– Doida é pouco... – acrescenta a Salomé.
– Então diz-nos lá, onde é que estás a trabalhar agora? – pergunta a Vera.
– Na CLEMendes. Fiquei com a vaga da empregada que saiu.
– Ouvi dizer que o filho dos donos é um gato. Talvez consigas...
– Nem me digas nada, Vera...
– O que é que aconteceu? Conta tudo! – diz a Salomé, para ajudar.
– Meu, vão entrar naquelas conversas de gajas outra vez. O que me dizes de irmos ver umas cenas para a mota? – pergunta o Mateus ao Harry.
– Não podias ter melhor ideia! – responde o Harry.
Os dois ausentaram-se e eu contei tudo às "meninas", como nos costumamos tratar. Desde o secundário que nos damos todos muito bem e não conseguimos estar longe muito tempo. Eles conheceram mais gente na Universidade, mas a nossa amizade nunca esmoreceu. Eu fui a única que não continuei a estudar, por não ter dinheiro, apesar de a minha mãe, na altura, ter proposto fazer um empréstimo. Mas eu não queria arranjar-lhe mais despesas. E estou feliz com a minha vida.
– Não acredito! Só podes estar a gozar – dispara a Salomé.
– Antes estivesse... Eu devo ter ficado branca quando ele me disse quem era.
– Adorava ter assistido – diz a Vera, entre gargalhadas.
– Já agora, ele é assim tão giro como dizem? – pergunta a Salomé
– Nem por isso... É igual a todos os outros – respondo.
Elas olham uma para a outra e novamente para mim.
– Amiga, estás demasiado corada para quem o acha "igual a todos os outros" – diz a Vera e as duas riem.
– É giro, mas... – digo, até ser interrompida pela Vera.
– Eu sabia! Se calhar tenho de lá ir pedir um projeto para alguma coisa. Estou a precisar de conhecer pessoas novas, para ver se esqueço o Marcos.
– Então? Ele disse-te mais alguma coisa? – pergunto.
– Já não falo com ele há um ano e já não o vejo há quase dois. Quando falei com ele a última vez, decidi que era melhor para mim afastar-me. Ele disse que ainda era cedo para ter alguém, a outra magoou-o mesmo a sério – explica a Vera.
– E ainda não o esqueceste? – pergunta a Salomé.
– Nem por isso... Nos últimos tempos não tenho pensado tanto nele, mas ainda não o esqueci por completo. Se vocês o tivessem conhecido, entendiam-me.
Os rapazes aparecem e sentam-se ao pé de nós. Acabámos por ficar ali sentadas na relva, a conversar o tempo todo.
– Meninas, desculpem estar a interromper a vossa conversa, que deve ser maravilhosa, mas está a ficar tarde e temos de ir embora. Está quase na hora de jantar – diz o Mateus.
– Pois, é melhor. Temos é de marcar coisas destas mais vezes – digo.
– É só uma questão de combinarmos – concorda o Harry.
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Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...