Corujas que trazem o inevitável

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Quando as corujas chegaram durante o almoço, dois dias depois, Harry se limitou a empurrar o prato intocado e esperar a bomba explodir.

O anel da família Malfoy pesava em seu dedo, como uma constante lembrança da raiva de Draco e da atitude errônea de casar com ele. Aparentemente o sonserino tinha confirmado a situação com os pais porque, no dia seguinte à conversa deles na Sala Precisa, Harry recebeu um envelope que carregava o anel e um bilhete com uma única frase: "Você vai pagar por isso". Soava como uma ameaça verídica e Harry achou que o melhor a fazer era esperar calado, então não tentou um novo contato com o loiro, afinal os olhares fuzilantes que recebia era um aviso suficientemente claro para ficar longe.

Mas ambos sabiam que aquele silêncio frio e pesado não poderia durar. Na verdade, já tinha durado demais porque, como um milagre, as fotos deles ainda não tinham aparecido em qualquer jornal. Até agora.

Harry sabia que sua nova vida tinha começado quando alguém próximo, provavelmente da Lufa-Lufa, arfou como se tivesse visto a cena mais impossível e escandalosa da história. Quando o Profeta Diário caiu na sua frente, na mesa da Grifinória, Harry não precisou abri-lo ou olhar para a mesa da Sonserina para saber qual era a manchete principal.

— É isso, Harry — Hermione murmurou casualmente.

Ela abriu o jornal e começou a ler com a mesma calma de todos os dias. Ao seu lado Rony colocou sua própria edição na mesa e começou a folhear enquanto enchia a boca de frango frito. Não foi difícil notar que todos começaram a olhar para eles, em busca de uma confirmação do absurdo ou de uma reação indignada. Mas, assim como o próprio Harry, Rony e Hermione já estavam preparados e concordaram em agir naturalmente. Era importante mostrar que aquilo não os afetava, principalmente de forma negativa.

— Harry? — Neville chamou ao seu lado.

Metade da mesa os olhou, esperando. Talvez Neville surtasse ou questionasse o que estava acontecendo.

— Sim, Neville?

— Pode me passar uma fatia daquela carne?

Harry se segurou para não rir quando vários colegas encararam o amigo com descrença. Apenas concordou com a cabeça e fez o que foi pedido.

— Não se preocupe, Potter. Logo vamos ensinar esse bastardo a não mentir.

Harry olhou para o dono da voz. Um colega de casa à sua direita, três alunos de distância, rindo com seus amigos da mesma maneira que os piores sonserinos riam, desdém brilhando nos olhos dos alunos que deveriam ser leais. Era Paxton e suas estúpidas companhias.

— O que quer dizer? — Harry questionou em um tom sério que destoava do seu comum.

— Nós acreditamos em você, óbvio. Casar com aquele filho da puta? — o mesmo garoto respondeu, rindo — O Profeta Diário já tá sem ideias, né? É claro que Malfoy não perderia tempo pra tentar salvar a própria bunda.

— A gente pode se divertir um pouco com a bunda dele depois — um dos amigos dele sugeriu com malícia, talvez seu nome fosse Justin, Harry não tinha certeza.

— Basta ensinar o idiota a engolir o desespero e parar de inventar mentiras — uma garota, Maise Todd, murmurou dando de ombros antes de voltar a mastigar o bolo.

— Acho que tenho outra coisa pra ele engolir — outro garoto, Aarons, rebateu e o grupo voltou a gargalhar.

A mão de Harry tremeu e quando Hermione deixou o jornal cair sobre a mesa o trio de ouro já sabia como aquilo acabaria.

— Perdão? — Harry chamou a atenção, propositalmente fazendo sua voz soar mais alta que os murmúrios no salão.

Isso fez os garotos pararem de rir e o olharem sem entender.

O casamento Malfoy | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora