Um estranho conhecido

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Foi meio estranho topar com ele naquele dia, não era o mesmo corpo que um dia se juntou a mim, não pode ser. Procurei em seu rosto angular algum sinal de reconhecimento, mas não havia nada, seus olhos escuros ainda me julgavam em silencio da mesma maneira, e sua voz ainda detinha um leve tremor ao sitar coisas tristes, mas ainda assim, não posso dizer que era o mesmo, ou melhor, se eu ainda era a mesma. Assim, por não sermos mais os mesmos não há por que nos unirmos de novo, nada seria igual novamente, aquelas noites mornas evaporaram por nossos dedos e junto delas se foi o amor que um dia juramos ser imortal e infinito.

Apesar de tudo ainda acredito que o que tivemos cumpriu um certo objetivo, foi eterno até deixar de ser, e não me arrependo de parte alguma, muito menos do fim, pois este foi a melhor parte, e é a compreensão disso que me permite seguir de alguma forma.

Os pedaços dele que se instalaram em mim hoje em dia são mais meus do que dele, não consigo enxergar onde o eu antes do nós começava, simplesmente me fundi ao todo, e assim, imersa em mim e no que restou de nós eu sigo grata ao que se foi e ao que nunca poderia ter sido.

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