Eu já quis tanto morrer, que agora, nessa manhã nublada dentro de minha própria casa, sozinha de frente pra mesa e esperando meu café com leite esfriar, eu tenho dificuldade de me sentir viva, mesmo sabendo que estou e que isso basta, mesmo vendo tudo o que conquistei sozinha, as custas de meu próprio sangue, suor e lágrimas, principalmente as lágrimas. Ainda assim, não consigo reconhecer, tocar, ver, aproveitar. Mudei tanto que já não sei o que sou, cheguei onde eu queria, mas e agora?
Agora eu escrevo, agora eu volto a escrever mesmo não tendo tempo ou criatividade pra isso, escrevo porque isso me lembra que estou viva, escrevo porque quero registrar essas palavras que insistem a rondar pelo meu cérebro adoecido.
A dor passou, meus problemas são outros. Escrevo, mas escrever não me basta, dessa vez quero ser lida, quero gritar esse turbilhão de letras soltas e ser decifrada, ouvida, entendida, quero que me vejam e me digam o que sou, para que assim talvez eu possa juntas todas essas opiniões mal feitas, todos esses cacos de impressões mal embasadas, e assim, só assim, talvez eu consiga através do outro, saber um pouco mais sobre mim.
Morte? O que eu aprenderia com a morte além da minha finitude?
Me mato um pouco todos os dias, mas vivo cada minuto do processo.
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Ratos Afogados
RandomVou só jogar minhas ideias por aqui, seja bem vindo pra ler se quiser