Vácuo da memória

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Vou aceitar esse vazio como um velho amigo
Deitarei em seu abraço asfixiante
E me agararrei junto de sua voz agonizante
Serei dele outra vez
É isto que permitirei
Não preciso sentir mais nada
Não irei mais tentar comprovar minha existência
Seguirei duvidando de mim
Me desconhecendo
E ainda assim me odiando
Aguardando sempre pelo meu bendito fim

O vácuo da memória me resguarda
Nunca fui nada
E se um dia fui algo pra alguém
Fico feliz em saber que para este eu já não sou ninguém

Me deixando em paz dessa vez já faz mais do que o suficiente
Quero viver outros amores rasos
Me agarrar a outros braços
Mentir
Enganar
E ser enganada
Preciso de outros rostos
Outros corpos
Outras vozes
Quero me agarrar ao novo
Vou acolher o vazio
A fim de contemplar o eterno
Minha tristeza não parece real
A culpa não passa de um devaneio

Quem foi ele?
Quem fui eu?
Amei?
Chorei?
Já não sei

Quero o novo
Quero arranjar outro encosto
Me iludir outra vez
E pra outros olhos brilhantes me entregar mais uma vez

Meu futuro amor passageiro me aguarda no fim dessa estrada
E mais uma vez me preparo alegremente para ser enganada
Abracei o nada
E me entrego a mais uma de muitas furadas
Minha vida já não me vale de nada
E assim
Seguirei vazia e sozinha
Mas sempre fingindo estar muito bem acompanhada.

Ratos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora