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Aos 16 eu não sabia se queria chegar até os 18
Aos 18 eu decidi que não chegaria aos 20
Aos 21 eu me via fora de validade
Aos 22 decidi, daq eu não passo
Mas como a vida não é justa, e a morte nunca aparece para quem a procura, aqui estou eu, com quase 23.
Me pego torcendo por fim curto e rápido
Desisto em silêncio de levar a sério o que me rodeia
Respiro fundo
Volto ao trabalho
Recomeço as conversas
Organizo minha agenda
Arrumo minha casa
E assim se passa mais um ano, dois, cinco, seis, dez, quem sabe.

É por entre tais espaços vazios que me permito respirar na superfície, flutuo em meu próprio caos, distante de tudo o que me fere ou me acaricia
Sou apenas eu em um oceano embrulhado a vácuo, sem sons, sem pensamentos, é apenas o sal a me desgastando a pele.
Observo meu desaparecimento eminente, não acho que faria tanta diferença, seria apenas mais uma porção de órgãos humanos a aprodrecer debaixo do solo

Anseio pelo dia em que meu corpo possa em fim descansar junto aos vermes, mas até lá me arrasto na multidão, afinal, por enquanto, não me resta outra opção.

Vou ficar bem, eu sempre fico.

Passa pra cá 25mg disso, 150mg daquilo, e ah! Não esqueça a porra do lítio, 900mg só pra dar um grau no humor. Pra dormir é 25g daquele lá, o cor de rosa, sim, esse comprimido bem pequeno. Agora, pra acordar e não ficar tão deprimida vai de venlaxetina, sacode ae, faz 1h de cárdio, 7h de sono, e não esqueça do contato social. Vai! Vive krlh! Tá ruim ainda? Já tentou um antipsicótico?

E assim eu sigo a vida.

Ratos AfogadosOnde histórias criam vida. Descubra agora