🕸- Final-🕸

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Eu sentia meu corpo paralisado.

Não acreditava no que eu via diante de meus olhos, até me perguntava se aquele era mesmo meu quarto ou se ainda estava no prédio que morava.

A sensação de que eu havia voltado no tempo e estava presenciando uma cena em uma época antiga era muito real. Eu ao menos podia dizer que estava sonhando, embora, me parecesse que eu estava dentro de um pesadelo.

As paredes antes claras, estavam cobertas por um papel já amarelado, com desenhos em arabescos; os móveis ainda que requintados já gastos pelo tempo, as luminárias tão antigas quanto, todavia, o que me deixou paralisado fora o que eu via no chão.

Um tapete felpudo e branco com uma imensa mancha vermelha que me parecia ainda muito fresca. Próximo a porta do banheiro, respingos de sangue manchavam a parede e o som de água escorrendo, me fazia ter certeza que a torneira estava aberta. Me obrigando a sair daquele torpor em que me encontrava, joguei as pernas para fora da cama e a passos contidos, caminhei em direção ao mesmo.

Não me passou despercebido o silêncio que gritava ali dentro, nem ao menos se podia ouvir o som de sirenes tão costumeiros do lado de fora, até parecia que a cidade inteira havia se silenciado.

Com o coração acelerado, cruzei o batente da porta me arrependo no instante seguinte. Minhas pernas falharam ao ver dentro da banheira que já transbordava, o corpo sem vida de Park Jimin, meu vizinho.

Os fios eram rosados, seus olhos me miravam mas seu olhar estava apagado; a água, manchada de vermelho. Dei longas passadas até estar de joelhos ao seu lado, as lágrimas grossas que nem percebi se formarem em meus olhos, começaram a rolar ao que uma dor dilacerava meu coração.

Eu não poda acreditar no que via, aquilo só podia ser um pesadelo e assim, passei a me beliscar para ver se acordava , no entanto, a dor que senti me fez ter a certeza de que não era tudo fruto de um sonho terrível.

Mesmo que negasse a mim mesmo, aquilo tudo era muito real.

Com dedos trêmulos, toquei sua face gelada sem me atentar ao fato de que a luz amarelada do banheiro passou a piscar, foi somente quando escutei o som de garras arranhando o espelho que virei meu rosto naquela direção, e foi então que vi escrito com sangue o mesmo recado que o antigo dono havia me dado.

" Não olhe para o espelho "

E eu já estava cansado de ouvir aquilo mas não ter uma resposta para tal aviso. Sei que era estúpido o que faria, mas ainda assim, me coloquei em pé e andei, devo dizer até de forma corajosa, até o espelho.

Parei em frente ao mesmo e olhei para minha imagem que me olhava de volta, contudo, a imagem refletida levou seus olhos até onde estava o corpo de Jimin, e vocês devem estar pensando que eu olhava aquela cena, mas eu estava mais focado no meu eu dentro daquele espelho, pois parecia que éramos duas pessoas em épocas diferentes e que se encontravam pela primeira vez.

Era como se aquele espelho não espelhasse apenas minha imagem mas fosse uma parede de vidro. Pois aquele Jungkook estava no banheiro que eu lembrava ter quando me mudei para aquele apartamento e eu, tivesse voltado no tempo e ocupasse o cômodo em outro.

As perguntas passaram a invadir minha cabeça e apenas fui tirado daquele turbilhão confuso quando surgiu atrás da minha imagem, um outro Jimin. Este com os fios escuros com mechas laranjas que sorria, mas eu não saberia dizer se era para mim ou para o outro. E foi então que uma outra imagem se colocou no meu campo de visão.

O corpo de Jimin que estava na banheira parecia estar afundando, o que me fez virar e correr em direção ao mesmo. Porém, quando coloquei minhas mãos dentro da banheira, percebi que a água mais se assemelhava a uma gosma que me impossibilitava de alcançar o corpo do rosado, não o bastante, parecia muito mais fundo do que deveria ser. E foi quando senti alguma coisa segurar minhas mãos e puxar para dentro da mesma, e eu tentei lutar para não entrar dentro daquilo, mas o que quer que fosse era mais forte que eu e logo, minha cabeça estava dentro da banheira.

𝕯𝖔𝖓'𝖙 𝖑𝖔𝖔𝖐 𝖆𝖙 𝖒𝖎𝖗𝖗𝖔𝖗 🪞🪞Onde histórias criam vida. Descubra agora