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Nada irá te atormentar tanto, quanto a culpa.

Ainda que seja sem sentido, você vai se culpar.

Contudo, eu estava em um dilema, sentia culpa mas esta culpa ao mesmo tempo, me era muito prazerosa.

Estava algum tempo deitado em minha cama e olhando para o teto, minha criação imaginária já não estava mais comigo, havia sumido no momento em que me derramei em sua mão, ao menos era isso que eu achava já que eu não o via. Mas ainda sentia em meus lábios o sabor de seu beijo, a pressão de sua mão em torno de meu membro, a sua língua se enrolando a minha, devo dizer que para uma criação imaginária, ele era bem real.

Pensar sobre isso me fez rir.

- Cê tá ficando louco Jungkook...- disse para mim mesmo ao que me levantava e seguia para o banheiro.

A noite deveria estar quase se findando, embora, me parecesse que as horas não estivessem passando durante aquele final de semana. Me enfiei debaixo do chuveiro e fechei os olhos sentindo a água morna descer por meu corpo.

Podia jurar que assim que passei a lavar meus cabelos, alguém me observava, assim tratei de lavá-los depressa. Acho que nunca tomei um banho tão rápido como aquele, mas não pelo estranho pressentimento, mas sim por que de repente, a temperatura do banheiro passou a cair tão drasticamente que nem mesmo ter mudado a temperatura para água quente, foi suficiente para aquecer meu corpo. Assim, apenas fechei o registro e peguei a toalha, me secando rápido antes de sair do box.

Quando estava passando pelo espelho do banheiro, não me contive em não olhar para meu reflexo, não sei o que estava procurando, mas algo em minha cabeça ria por já saber quem era, mas eu jamais iria falar em voz alta.

E como se risse também de mim, ouviu uma voz zombeteira proferir em meu ouvido, ainda que não houvesse ninguém atrás de mim.

"Não precisa falar em voz alta meu coelhinho assustado, eu consigo saber o que você quer apenas sentindo o seu cheiro~"

Arregalar meus olhos foi inevitável.

- Quem está aí? - vocês devem estar me achando um imbecil ao perguntar isso ao vento, mas vamos lá, quem não teve a morte de um neurônio por um segundo, que não ficou com o buraco que não passava que atire a primeira pedra.

Como resposta, apenas senti dedos gélidos descendo por minha coluna, me causando arrepios, e eu não saberia dizer se eles eram de fato, agradáveis ou, se deveria temê-los.

Por favor, não me perguntem das alternativas eu escolhi.

Apenas saibam que quando se é sozinho e a solidão por muita das vezes, é sua única companhia, acabamos por nos agarrar a qualquer tipo de presença que nos faça não nos sentir tão só. E isso se torna pior, quando acabamos reprimindo nossas verdadeiras vontades, quando reprimimos nosso eu verdadeiro por tanto tempo, que basta apenas um toque, imaginário que seja, para fazer aquela pequena fagulha crescer.

E como se aquele ser, criatura, amigo imaginário ou o que quer que fosse, soubesse que já me tinha rendido com tão pouco, senti como se seus dedos segurassem minha cintura com força desnecessária, mas havia uma diferença em seu toque ao qual não condiziam com o de algumas horas atrás, não somente por ser rude até mesmo grotescos, mas era como se algo dentro de mim os repudiassem, também me foi estranho pelo simples fato de que minha criação imaginária, não se importasse em se mostrar para mim, e ainda que a voz fosse parecida, ele não me deixava ver seu rosto.

Era estranho isso, e foi quando senti minhas pernas serem afastadas com brusquidão, me fazendo me segurar contra o azulejo do banheiro, que a sensação deixou de ser agradável para me assustar além do que deveria. Tentei me afastar e sair, mas era como se algo me prendesse no lugar, mas foi quando senti a toalha que estava em meu quadril foi parar no chão que eu me desesperei.

𝕯𝖔𝖓'𝖙 𝖑𝖔𝖔𝖐 𝖆𝖙 𝖒𝖎𝖗𝖗𝖔𝖗 🪞🪞Onde histórias criam vida. Descubra agora