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Como havia dito, pensei que naquela noite não conseguiria dormir.

Mas me percebi enganado, uma vez que após voltar para o quarto, ainda que a sensação de perigo fizesse meu corpo todo tremer, deitei minha cabeça no travesseiro e acabei caindo no sono rapidamente.

Acredito que pelo cansaço mental do que vivi combinado ao cansaço físico do dia anterior foram o que me fizeram adormecer tão rápido, quase que instantaneamente.

No entanto...

Acordei durante a madrugada uma vez mais e percebi que o apartamento que antes me parecia sempre tão aconchegante, naquele momento, estava frio e até parecia que os aquecedores não conseguiam dar conta de aquecer todo o lugar ou, estivessem dado problemas.

Estiquei o braço para acender a lâmpada do abajur ao lado da cama, mas percebi que a energia havia caído, talvez fosse por isso que o sistema de aquecimento tivesse falhado, ainda assim, estranhamente no mesmo instante, senti a minha pulsação acelerar e um medo repentino fazer todos meus sentidos ficarem em alerta.

E ainda que eu tentasse não lembrar, minha mente me traia e trazia os eventos que eu havia vívido poucas horas antes de eu ter adormecido.

Eu podia jurar que ouvia um rosnado em algum canto daquele quarto, mas eu sabia que não havia nada ali. Sentei na cama passando os olhos pelo cômodo, tentando me acostumar com a escuridão, meus batimentos cardíacos pareciam ecoar em meus ouvidos.

Olhei para a direção em que sabia que meu celular estava, mas não tive coragem para pegá-lo, aquele medo sem sentido havia se alastrado por meu corpo de uma maneira tão repentina, que me surpreendia e, eu não sabia de onde ele vinha, ao menos tinha força para me mover do lugar.

O que piorou ao ouvir o barulho de algo cair na sala, engoli em seco olhando na direção da porta, esta que estava fechada, indeciso entre me levantar e ir ver o que era ou permanecer no mesmo lugar. E foi nesse meio tempo que ouvi a porta do quarto rangir, como se alguém a estivesse abrindo, assim como também, ouvi passos pelo quarto, ainda que soubesse que havia trancado a porta e não teria como alguém entrar ali.

Numa tentativa nula, tentei acalmar minha respiração, e ao puxar o ar pelo nariz, senti um cheiro de álcool e cigarro muito próximo a mim. Prendi a respiração no instante que senti o colchão afundar ao meu lado, mas não tive coragem para virar me rosto naquela direção.

Eu sabia que tudo aquilo poderia ser apenas fruto da minha imaginação que me traia por conta do medo, mas porém, não consegui dar uma explicação coerente ao sentir uma mão tocar minha perna, me fazendo saltar e sair da cama rapidamente.

Alcancei o celular e liguei a lanterna, virando a mesma na direção da cama, apenas para ver que a mesma estava vazia.

Ouvi um riso soprado meio distante, era quase como se alguém estivesse rindo do meu medo o que fez com que eu passasse a luz por todo lugar, novamente, me dando conta do que eu já sabia, eu estava sozinho ali.

Foi quando a luz voltou e eu juro que senti como se alguém tivesse passado do meu lado e entrado no banheiro, me virei bruscamente e olhei em direção da porta fechada.

Não vou mentir que meus passos até a mesma estivessem vacilantes ou que minhas mãos não estivessem tremendo quando toquei no trinco desta para abri-la.

Contudo, não fosse os pingos que escapavam do chuveiro, ali dentro só havia silêncio.

- Você só esta cansado Jungkook... Só esta cansado.... - sussurrei para mim mesmo.

Deixei o celular na bancada da pia antes de ligar a torneira e com as mãos em concha, me inclinei para baixo para jogar água no rosto, no entanto, quando me ergui e olhei no espelho, este que estava embaçado, atrás de mim pude ver um rapaz de cabelos escuros com mechas laranjas me olhando, a franja molhada caia sobre os olhos felinos, os lábios cheios levemente entreabertos...era como se ele estivesse me desafiando ou mesmo, zombado de mim.

𝕯𝖔𝖓'𝖙 𝖑𝖔𝖔𝖐 𝖆𝖙 𝖒𝖎𝖗𝖗𝖔𝖗 🪞🪞Onde histórias criam vida. Descubra agora