Cynonari - Tempos da Escola.

Capítulo XII.5 - Eu e Ele.

Pov Cyno

Quando chego em casa, meu coração continuava acelerado. Se eu soubesse que seria tão fácil assim, teria feito isso antes..
O dia que estava ruim conseguiu ficar bom. Tighnari também me ama, olha que loucura! Ele também me ama, e eu descobri isso hoje, agora, a uns minutos atrás. Mas, tem um porém... Como que eu vou encarar ele amanhã?..

Pov Tighnari

Naquela hora, eu tava tão tranquilo, como se fosse algo natural. Mas eu estava morrendo de nervosismo, estava envergonhado..! Quando Cyno disse que me amava, eu pensei um pouco.. Não era óbvio? Tipo, esse tempo todo, sempre foi isso. Cyno descobriu o que ele sentia, mas e eu? Era mais que o sentimento de uma amizade, é claro, Collei sempre teve toda a razão, mas eu sempre ignorei por ser um orgulhoso. Cyno me amava romanticamente, e ele me disse isso. Eu me senti tão burro e idiota, porque eu só descobri naquela hora que eu.. Bem, estava apaixonado por ele?
Eu compreendi seus sentimentos naquele momento, e disse que também o amava sem pensar duas vezes. Não me questionei mais, também não fiquei pensando em justificativas para explicar que eu não estava apaixonado por ele, eu só respondi, e respondi com orgulho. É bem idiota, mas eu tô tão feliz.
  Quando chego em casa, coloco a tulipa que Cyno havia me dado no mesmo lugar das outras flores, e agora eu sei por qual significado ele me deu a outra tulipa.. Enfim, decido contar tudo a Collei, tudo o que eu pensei nesses últimos dias, o que eu descobri (e como ela sempre teve razão). Mas, dessa vez, eu não iria lá na casa dela. Essa semana eu mal fiquei em casa, achei melhor descansar um pouco. Eu ainda não havia superado aquela situação, não mesmo. Como seria amanhã? O que eu diria? Como seria? Eu não tinha pensado nessa parte..

Pov Cyno

Eu já havia tomado banho e trocado de roupa, mas eu ainda pensava naquela situação. E se Tighnari entendeu mal? Tipo, e se ele achasse que eu estava dizendo na amizade ou.. Ah, sei lá! Fica essa incerteza, sabe?.. Eu não achei que ele iria corresponder meus sentimentos tão facilmente. Talvez se eu explicasse, ele iria entender e então seria um mal entendido, e daí pra frente é só pra trás.
Penso em mandar mensagem, eu não teria que olhar para ele nem nada do tipo, então seria bem mais fácil. Mas seria meio estranho, não achei que seria educado. Eu acho que esses assuntos tem que ser tratados pessoalmente, para entender de verdade o que o outro diz. Você não vê sentimento em uma mensagem, mas vê em uma expressão, no modo de falar. Eu acho que é mais fácil se expressar assim.
Eu mal havia chegado em casa e já ia sair novamente, mas eu não me importei nem um pouco. Era por uma questão maior (pelo menos pra mim).
Me arrumo para sair, e infelizmente eu não tinha como levar uma flor. Mas acho que já chega de flores, não é? Usar flores para demonstrar o que eu sinto já não tem mais graça, acho que tá na hora de eu mesmo dizer, de encarar tudo isso. Adoro dar flores para Tighnari, mas acho que nessa situação tenho que demonstrar o que eu sinto falando, e não com uma flor.           
  Saio de casa e vou até a casa de Tighnari. Vou com calma, pensando profundamente em como eu me sinto, e preparando o que eu vou dizer a ele. É nesses momentos que eu agradeço por ele não morar tão perto, eu consegui pensar em tudo, e tinha certeza que queria fazer isso.
Quando estou perto de sua casa, já começo a ficar nervoso e penso em voltar para trás. Senti que não daria certo, será que isso não é demais? Ele já entendeu que eu amo ele, não sei em que sentido, mas entendeu. Começo a dizer a mim mesmo que se eu quero ir, eu tenho que ir. Um "não" eu já tenho, agora depende de mim saber se vai dar certo ou não.
Volto a andar até a sua casa, que não estava tão longe. Fiquei o caminho todo repetindo isso para mim mesmo. "Vai dar certo, e se não der, acontece!"  
  Eu estava bem nervoso, com um frio na barriga, mas ansioso para vê-lo novamente.
Quando chego em sua casa, bato na porta e fico esperando, estralando os dedos. Me deu aquela vontade de sair correndo, que nem fazia quando criança, mas não era hora disso (vontade não me faltava).
— Já vou!
  Ouço Tighnari gritando. Ao mesmo que eu estava ansioso para vê-lo, eu estava tremendo muito de nervoso, eu tinha esquecido tudo o que eu ia falar para ele, então ia sair no improviso mesmo, o que pode ser até melhor.
Tighnari abre a porta e fica surpreso em me ver.
— Ah, oi Cyno! Não esperava ver você agora, aconteceu alguma coisa?
Ele me tratou com tanta facilidade, com tanta normalidade, sei lá. Como se nada daquilo tivesse acontecido, e logo achei que não tinha significado nada para ele. Mas eu não acho que Tighnari seja tão burro para não entender uma declaração.. Eu falei que sonhei com ele, dei flores, o abracei e disse que o amava! Pelo amor né, pelo menos nisso ele tem que ter entendido.
— E-eh.. Então... Eu queria explicar umas coisas..
— Coisas? Bem, estou ouvindo.
Isso provavelmente foi uma piada, pois Tighnari estava sempre ouvindo, mas nem prestei atenção, só queria que toda aquela situação constrangedora acabasse.

Pov Tighnari

Eu estava surpreso em ver Cyno na minha porta, literalmente fazia menos 1 hora que a gente não se via. Mas provavelmente foi por uma causa maior, bem maior..
Eu agi naturalmente pois achei que seria melhor. Acho que se eu agisse com vergonha, o papo não iria pra frente, porque ficaria os dois esquisitos envergonhados e gaguejando, sem nem saber o que dizer. Isso iria deixar tudo bem constrangedor, sabe? Mas enfim...
Percebi que Cyno tremia, e muito. Ele estava todo vermelho e mal conseguia pronunciar uma frase sem gaguejar, dava dó de ver.
— Sobre aquela hora.. Eu não sei se você interpretou certo o que eu disse..
— ..Tipo?
— Eh.. O "eu te amo" que eu.. Te disse.
  Não interpretei certo? O que isso iria significar, então? Tem jeito errado de interpretar um "eu te amo"? Eu acho que é uma frase muito especial e importante para ser dita para qualquer um, então se ele me disse, é porque aí tem coisa, certo?
— A-Ah.. Sim, sim. Mas como assim não interpretei certo?
Cyno respira fundo e percebo que ele está cada vez mais nervoso, mas se preparando mentalmente.
— Aah.. Ok. — Cyno suspira. — Então.. Eu acho que você entendeu o meu "eu te amo" como "eu te amo, obrigado por ser meu melhor amigo", mas não é isso.. Tipo, eu te amo, te amo de verdade! Te amo romanticamente, te amo como.. Eh... Mais que um simples amigo, sabe? E-E eu falei aquilo do nada e eu acho que não deu pra entender e..
Cada vez mais que o Cyno falava mais eu ficava envergonhado. Eu tinha interpretado totalmente certo e respondi de acordo. Eu fiquei com tanta dó dele se explicando, nenhum de nós dois tem muita experiência com amor, nenhum de nós sabe lidar com ele direito. Mas Cyno tinha uma certeza, e eu também.
— Enfim, eu espero que não seja estranho, se você não aceita meus sentimentos, tudo bem eu..
— Cyno, chega.
Digo, interrompendo-o. Cyno estava falando tudo muito rápido, parecia que ele ia infartar. Mas eu sei que ele não pararia de falar até alguém interromper.
— Mas.. Eu não terminei de..
Chego perto de Cyno e coloco as mãos em seu rosto.
— Você não precisa explicar nada para que eu aceite seus sentimentos, e estou muito feliz que eu tenha interpretado certo.
Cyno me olhou, surpreso, e continou calado. Seus olhos brilhavam, e ele tinha parado de tremer, só estava quieto. E então ele começou a sorrir, e sorriu com vontade mesmo, e eu adoro o sorriso dele.
— Ah, Cyno.. Eu provavelmente te beijaria agora se eu não estivesse tão envergonhado e nervoso.
Digo. Eu nem sabia mais o que eu tava falando, sendo sincero. Eu só tava feliz que tudo tinha acabado bem.
— A-Ah, é?.. Bem, não achei que você iria querer tomar essa atitude.
Cyno segura a minha nuca e começa a dar beijinhos no meu rosto e perto da minha boca, eu não interferi. Ambos estavam envergonhados e não sabiam nada de relacionamentos amorosos, nem muito sobre como demonstrar amor. Mas nós dois sabíamos que amávamos um ao outro, e estava tudo bem!
Quando Cyno para, me abraça fortemente, e eu o abraço de volta. Talvez eu já o amasse a muito tempo, talvez tempo de mais para se dizer, mas eu nunca quis pensar sobre, porque eu era orgulhoso, e tinha vergonha disso.
— Ei, Nari..
— Sim?
— ..Quer faltar amanhã?
Cyno me solta de seu abraço e segura uma de minhas mãos. Eu achei que ele tinha ficado doido, de verdade. Já faltamos dois dias essa semana, e eu não sou de faltar aula (nem ele, mas ele não vai pelas aulas).
— Por quê? Cyno, já faltamos essa semana, e ainda foi sem querer.
— É... Eu sei, mas eu queria passar um tempo com você, sei lá.
Cyno me faz uma cara como se fosse um cachorro abandonado. Eu teria dito não, se eu não estivesse tãooo idiota.
— ..tá, eu acho. Vai dormir aqui?
Cyno sorri e diz, entusiasmado:
— É claro!
Entramos para dentro de minha casa e subimos para o segundo andar. Sento na cama e Cyno se senta do meu lado.
— E agora?
Pergunto. O que se faz depois disso? Tipo, a gente conversa? Claro né, mas tipo.. O que se faz depois do meu "melhor amigo" me beijar e admitir que me ama?
— Ah, bem, o que quer fazer?
Quando eu ia responder, meu celular vibra. Ou era Collei, ou era Dehya. Também podia ser alguém querendo minha ajuda em algo.
— Não vai ver?
  Cyno pergunta. Eu até iria, se eu realmente quisesse saber. Só queria ficar tranquilo, não queria me preocupar com nada. Apoio a cabeça em seu ombro, como sempre.
— Não.. Agora não.
Cyno me abraça, e não sei quando, mas eu dormi. Eu tava bem cansado, na verdade. Mas eu não consigo perceber isso quando eu tô ocupado, tipo na escola ou fazendo alguma tarefa. E estar perto dele, alí, sem se preocupar com nada.. Foi uma brecha bem dada para eu dormir.
Quando acordo, estou deitado na cama com Cyno, virado para ele enquanto ele me abraça e mexe no celular. Ele percebe que eu acordei e diz:
— Ah, bom dia! Finalmente, em..
Ele diz, sorrindo.
— Que horas são?..
— Hum... Duas horas da manhã.
— C-Como é?!

Fim do capítulo.