A fúria e o gelo

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nota da autora: peço perdão para o caso de haver algum errinho de digitação/ ortografia. Tô podre de dor de cabeça e jurava que ainda era 18h da tarde KKKK, então, quando vi que já são 22h, revisei rapidinho e aqui está! Boa leitura e comentem bastante :)

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Depois da conversa que tivemos, jantamos sobre a cama. Valen comeu rapidamente, contando-me que iria a uma festa em um bar próximo dali.

— Você quer ir junto? — ela sorriu com entusiasmo, os olhos brilhando em expectativa. — Tem música, bebida à vontade e muitas coisas podem acontecer nos cantos escuros do salão — Valen fez um gesto obsceno com as mãos, arrancando uma risada de mim.

Algo no convite dela havia capturado minha atenção: música. Eu nunca tinha ouvido nenhuma orquestra de verdade, somente um ou outro tocador que aparecia no centro comercial de Elseia. Infelizmente, a maioria deles não tinha uma melodia tão melódica quanto deveria.

Mas ir até o bar implicava uma série de coisas que eu não queria: pedir permissão ao Senhor do Gelo, estar rodeada de pessoas e beber. O primeiro tópico não necessita de explicação; o segundo era pelo simples fato de que qualquer aglomerado de pessoas desconhecidas me deixava sufocada e irritada; e o terceiro era o vício. Eu não sabia beber um copo; era uma garrafa. Ou mais, dependendo do dia.

— Obrigada pelo convite, mas vou ficar aqui — vi os ombros dela murcharem e me senti uma fraca. Não gostava daquele pensamento, mas frequentemente me vinha à mente o fato de que um líquido era capaz de me manipular. Era humilhante. — Quero tentar falar civilizadamente com o Senhor do Gelo e descansar um pouco. O calmante que o curandeiro deu é bem forte — isso não era totalmente mentira. Eu me sentia cada vez mais pesada.

— Ele não brinca em serviço — Valen engoliu a última garfada de comida, limpando o prato. Por sorte, ela não parecia ser o tipo de pessoa que ficava chateada por muito tempo, pois já estava alegre de novo. — Eu vou sair escondida, sabe? Aiden e Sohan não gostam que eu vá a esse tipo de festa. Por isso não conseguirei falar com ele hoje, mas prometo que o farei amanhã.

Fiquei curiosa quanto à fuga. Aiden deixara claro que era inteligente, e Sohan parecia tão esperto quanto.

— Como você consegue se esquivar deles?

— Esse quarto estava vazio antes de você chegar, então eu sempre descia pela sacada. A queda não é muito alta e a parede é de rocha, então é fácil de segurar. Você vai deixar eu continuar usando a sacada, não vai? Prometo que trago um presente para você.

***

Kyara havia buscado os pratos e Valen fora embora minutos depois, indo para seu quarto para "matar tempo até que Aiden e Sohan não a procurassem". Ela retornou com uma mochila nas costas, aonde estava sua roupa de festa, e se despediu, sumindo pela sacada.

Fiquei sozinha no quarto, deitada na cama enquanto encarava os cristais do lustre e tentava pensar racionalmente. No fundo, eu estava com medo. Aiden havia deixado bem claro que eu não deveria ter sido curada da maneira que aconteceu e que aquilo fora um erro. Em Elseia, com os humanos, sempre que algo muito inexplicável acontecia, alguns curandeiros e sacerdotes abriam o corpo da pessoa para investigar melhor — e nem sempre ela estava morta. Os Feéricos também podiam fazer isso, mas sua magia certamente lhes permitia coisas piores.

Abaixei o rosto para encarar o corte em meu peito, ainda sujo de sangue. Ele conseguira me machucar com apenas uma lasca de seu poder. Se o usasse por completo...