𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 2

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três dias depois

🅜︎🅔︎🅛︎🅐︎🅝︎🅘︎🅔︎ 🅟︎🅞︎🅥︎'🅢︎

Já fazem três dias de pura angústia, medo e agonia.

Aquele homem me trazia somente pães e alguns copos de água durante o dia.

Me sentia fraca e dolorida devido a surra que levei por tentar gritar por ajuda.

Meus últimos dias aqui se resumem em tristeza, medo do que me espera e vazio.

Um vazio no peito, uma falta de esperança.
Esperança que eu saia daqui um dia.
Não imaginei que morreria assim.

Me imaginei morrendo de uma doença, ou sendo atropelada, de velhice ou até mesmo sendo morta por algum bandido que viesse me assaltar.

Mas nunca morrendo de fome. Por um velho que me sequestrou e está me mantendo em cativeiro.
Não me deixando comer, sair e me matando por dentro aos poucos.

Estou estática, perdi minha voz.
não consigo falar ou fazer nada.
meu desespero estava por dentro, nos pensamentos.

Sou tirada dos meus pensamentos com a portinha sendo aberta.

- Hoje, por ter se comportado vai ganhar uma recompensa passarinha- minha boca se enche d'água quando vejo que na bandeja, ao invés de só pão e água, hoje ele trouxe um café descente além de um almoço que ao longe me parece muito gostoso.

- Minha mulher foi pra casa da mãe dela, então tive a oportunidade de te trazer uma comida melhor.

Assim que colocou a bandeja comecei a comer com desespero por estar morta de fome enquanto o desgraçado ria da minha situação.

- Sabe, você é uma das mais gostosas que eu já trouxe - sua revelação me fez paralisar

Se houve outras, onde elas estão?
Elas conseguiram fugir? Ou ele as soltou?
Na pior das hipóteses ele matou elas.
Esse pensamento me faz engolir seco.

Paro de comer quando sinto sua mão nojenta em meus cabelos, a muito tempo lavados, fazendo um "carinho"

- Tão bonita, Tão gostosa.
Vai ser tão bom comer você.
Seu gosto deve ser maravilhoso.

Sinto um medo e desespero tão grande que lágrimas involuntárias começam a cair e ele rapidamente as secam

- Não chore passarinha, você não vai nem sentir.
Já vai estar morta - disse seguido de uma risada e meu desespero aumentou

- Tenho que dar um banho em você, olha como está sujinha coitada!

Se levantou rindo e saiu do cômodo.
Enquanto eu terminava de comer me senti mal, estava sobre aviso que iria morrer.

Minha vida não é fácil, nunca foi.
Mas mesmo assim sempre tentei pensar pelo lado positivo e nunca pensar em morte.

Me matar seria minha última opção.
Mesmo sofrendo nas ruas depois de fugir de casa, passando fome e frio naquelas avenidas sombrias.

Qualquer coisa era melhor que voltar pra casa.
Sabia que em casa sofreria dez vezes pior o que sofria nas ruas.

Até que um certo dia, conseguir arrumar um emprego, nada fixo nem nada do tipo mas dava pra ajudar.

Comecei a lavar os carros que passavam na avenida.

No segundo dia de trabalho, quando estava voltando da janta no restaurante comunitário, um carro velho estacionou do meu lado, não liguei muito pois podia ser qualquer um.

Foi questão de segundos e um pano já estava na minha boca me impedindo de respirar.

Ele sabia o que estava fazendo.
Agiu tão rápido e sem que ninguém percebesse, que lembrando disso me assusta.

Sei que não tenho motivos pra viver, e que se morresse ninguém daria falta.
Mas mesmo assim tenho medo da morte.
Parece idiota, mas estou tentando me fazer de forte, tentando não deixar o lado infantil me dominar.

Talvez eu não mereça viver, talvez uma aberração como eu não devesse respirar o mesmo ar que os "normais"

Vou tentar levar até onde dá mesmo com todos indo contra mim vou tentar resistir, vou tentar viver.

Não por aqueles que um dia me chamaram de aberração, mas por mim.
Não quero morrer tão jovem.
Não quero morrer na mão de um velho doente e maluco.
Não  quero servir de seu jantar pelas próximas semanas.

Tenho que agir, e não é ficando sentada aqui que vou conseguir fugir.

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Até o próximo capítulo  ʕ·ᴥ·ʔ

Fugindo do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora