𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 5

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🅜︎🅔︎🅛︎🅐︎🅝︎🅘︎🅔︎ 🅟︎🅞︎🅥︎'🅢︎

Chegamos ao que ele me disse ser a casa de um amigo.
Ele me deixou em uma casinha de boneca em tamanho real e foi falar com o tal amigo.

Entrei na casinha que por sinal era bem grande caberia alguém de 1,80 aqui tranquilamente.

Me sentei no chão e esperei até que ele chegasse com notícias.

- Eu já falei pra ele que você está aqui e ele vai trazer comida diariamente pra você- disse se sentando ao meu lado.- não precisa falar com ele se não quiser tá bom?

Assenti com a cabeça e me lembrei que tinha falado como criança perto dele e ele não comentou nada a respeito.
Coro com esse pensamento e meu estômago dói de fome.

- Qual seu nome?- ele me pergunta olhando em meus olhos.

- Melanie. E o seu?- paro pra reparar ele e observo o quanto ele é bonito.

- Pedro. - depois disso ficou um silêncio constrangedor que ele logo trata de quebrar.- Quantos anos você tem?

-16 e você?

-17 - disse olhando para suas mãos- posso te contar um segredo?

- Pode

- Eu nunca tinha chegado tão perto de uma menina a não ser minha mãe

-Por quê?- o olho espantada

- O meu pai não deixa eu ter contato com outra pessoa que não seja do mesmo sexo que eu.- diz e abaixa a cabeça parecendo triste

- E na escola? Você não estuda?

- Minha escola é só para meninos, mas mesmo assim nem os meninos de lá gostam de mim.

- Eu também posso te contar um segredo?- ele assente

- Eu fugi de casa.
Quando seu pai me sequestrou eu estava dormindo na rua.- Ele me olhou interessado e murmurou um "Por quê?"

- Meus pais não eram boas pessoas, me batiam e me maltratavam.
Me deixavam muitos dias sem comer e faziam tortura física e psicológica.

meu coração dói só de lembrar do meu "pai" chegando da rua drogado e me espancando e minha "mãe" olhando tudo e dizendo "É tudo culpa sua, quem mandou nascer assim, defeituosa" "Você merece sofrer, aberração"

- Por que eles faziam isso?- ele me pergunta com uma tristeza no olhar e eu tenho vontade de chorar mas seguro.

- É que eu tenho um probleminha na mente- não consigo terminar, as palavras fogem da minha boca, me sinto paralisada

- Probleminha? Qual probleminha?- o olho com os olhos cheios de lágrimas e desabo a chorar negando - não precisa dizer, linda.

Ele me abraça e me lembro de todos da minha escola me chamando de aberração, me chutando e me batendo, só por não ser igual a eles.

Lembro que fiquei um bom tempo tentando ser "adulta"  só pra tentar me encaixar na sociedade, decidi ficar forte e não falar como criança, não agir como criança, enfim.

Mas na hora que eu vi o Pedro, não consegui me controlar, comecei a falar que nem criança de novo e estou com medo dele me achar estranha.

- Eu tô com medo- revelo e saio do abraço sentindo falta dos seus braços.

- Do meu pai? Não precisa ter,
Ele nunca vai te achar aqui.

- Também do seu pai, mas..
Tô com medo de falar e você me achar estranha.
Todo mundo acha.- falo com a voz embargada

- Não precisa falar agora, pode falar quando você estiver confortável em falar tá?- assinto 

-Tenta descansar um pouco, eu tenho que ir se não meu pai vem atrás de mim- diz e me abraça a última vez antes de sair pela porta da casinha- fica bem.

E vejo ele ir embora.
Naquela noite eu não dormi nem um pouco estava com medo e tive uma crise de ansiedade.
A insônia me dominava, o medo me dominava.

Não sei oque fazer, pra onde eu vou? Não tenho casa, não tenho família, não tenho emprego e talvez não tenha condições pra trabalhar.

Vi o dia clarear em meio aos meus pensamentos.
Como eu queria parar de pensar.
Nem que fosse por 10 minutos.

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Fugindo do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora