Capítulo 8 - Evanescence pessoal

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A manhã se passou lenta e torturante, namorar a Hinata parece não ter feito diferença nenhuma justo no quesito que mais me importava... Aliás, parece ter só estragado o dia dela também, que se aproximou da rodinha de pessoas que se formava em minha volta com uma cara de poucos amigos.

- Vamos? - Disse e, por mais encolhida e retraída que parecesse, a autoridade na sua voz foi clara e impressionante.

Dei uma conferida no rosto dos nossos colegas antes de me levantar da carteira com a mochila nas costas e segui-la pra fora de sala sem me despedir de ninguém. De um jeito ou de outro até que ela acabou me livrando de uma.

Já fora do colégio, Hinata ainda segura minha mão e sua expressão facial ainda não é das mais receptivas. Não me preocupo em pensar no seu motivo, já vieram três possibilidades na minha cabeça e eu nem conheço ela, não é difícil ficar desse jeito estando na situação que estamos.

Só que ela continua me puxando pelo braço pra que eu a acompanhe, por algum motivo.

- Onde estamos indo?

- Tanto faz, acho que tem uma lanchonete na esquina. - finalmente se vira para mim outra vez, parece espantada e envergonhada com algo - Ou você tem algum compromisso?

Rio de sua falta de jeito, uma risada contida que ela não parece ter visto com bons olhos. Mesmo com a cara não tem como não achar seu jeito fofo (e extremamente irritante). Como é que alguém pode ser tão doce?

Assim que sentamos à mesa do lugar e ela pediu um suco comecei o assunto da forma mais sútil que encontrei:

- Quando te pedi em namoro não imaginei que fossemos ter encontros de verdade.

Ela dá de ombros, parecendo extremamente envergonhada e tímida, ainda sim me responde com convicção.

- Isso não é um encontro.

- E o que é?

- Uma... saída? Entre amigos?

- Você me considera seu amigo? Que meigo. - Ela revira os olhos em resposta.

- Não faz eu me arrepender. Eu só... Sei lá. Estou chateada e precisava de alguém pra... Sei lá, me distrair?

- Eu sou sua distração?

- Sim?

- Que péssima escolha.

- Não me escolheria como distração?

- Óbvio que não. No meu caso, escutar músicas que não se diz pra ninguém que escuta e fanficar formas diferentes de matar quem você odeia com certeza seria bem mais eficaz. - dou uma piscadela para aliviar o clima depois de falar de morte, mas ela não pareceu se incomodar, apenas... achar estranho.

- Que específico - ela solta uma risadinha enquanto tampa a boca com uma das mãos. É minha vez de dar de ombros.

- O que aconteceu?

- Ah, você viu.

- Sua mãe não gostou de mim. É só por isso que está preocupada?

- Não... quer dizer, ela não gostou mesmo do nosso namoro. Além de tudo tenho recebido e escutado muito desaforo por sua causa. Você tem tanto fã psicotico que eu me sinto a Selena Gomez no início do namoro com o Justin Bieber.

Continuo encarando seus olhos claros sem entender muito bem seu discurso, do que exatamente ela está reclamando e o que o Justin Bieber tem a ver com isso. Então só espero ela desenvolver seu pensamento para ver onde essa conversa vai dar.

- Ai... Olha, a questão é que parece que nada disso ta dando certo. - Rio irônico, não achando ruim nem bom, só... Muito improvável. Quando na minha vida eu imaginei que meu primeiro namoro, além de falso, terminaria no segundo encontro?

- Está terminando comigo?

- Tô... Não... Não sei. Me ajuda!

Ela encosta a testa na mesa e dou uns tapinhas na suas costas sem saber como realmente consolá-la.

- Oi casal, como vocês estão? - Lee chega perto de nós puxando uma cadeira - Hina... tá tudo bem?

- Eu vou deixar você com o seu Evanescence pessoal. - cochicho no ouvido dela

- Obrigada.

Lee me assiste ir embora confuso mas não fala nada.

...

- O que aconteceu? O plano não deu certo?

- Pois é, o plano não deu em nada

- Ela não acreditou em você?

- Acreditou sim, o problema é que ela só não se importa mesmo... e continua insistindo para que eu vá nesse evento só porque o pretendente que ELA escolheu vai estar lá.

- Ele é muito insuportável?

- Não. Muito pelo contrário na verdade.

- Então por que não?

- Ah, Lee, até eu tenho meus limites. Eu sou trouxa, mas nem tanto. Ela não pode continuar mandando na quantidade de ar que eu puxo toda vez que inspiro.

- Okay okay, entendi.

- Por que você não... vai e leva o Sasuke. Tipo, reafirmando sua escolha.

- Não acho que vá resolver... mas eu também não pensei em mais nada. - Hinata encara o amigo pensativa. - Okay, você me convenceu.

Namorados De MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora