Capítulo 17

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Jonathan

Ela tinha conseguido, Izabely tinha conseguido me enlouquecer. Eu tinha parado de pensar com coerência e agora estava em um avião indo com ela para não sei onde.

Quando ela me levou da minha casa dizendo que estava me sequestrando, achei que era alguma brincadeira e que estaríamos finamente voltando ao normal, que iríamos voltar a conversar e agir como antes, esquecendo as loucuras dos últimos tempos para que nosso envolvimento não fosse prejudicado. Mas a quem eu queria enganar ao achar que poderíamos ignorar aquilo, ou que Izabely desistiria facilmente de algo que queria.

Aquela era a mulher mais teimosa e persistente que eu conhecia. Quando ela tinha um objetivo se concentrava nele e fazia seu melhor para alcancá-lo e ter o que queria. Agora ela estava empenhada em conseguir uma única coisa. Eu.

Ela era tão insistente e teimosa, que conseguiu me fazer esquecer momentaneamente o motivo de tentar afastá-la e não estragar nossa estranha amizade/inimizade, com isso entrei naquele avião sem saber que rumo minha vida tomaria após isso. Ela poderia estar certa e ser capaz de me ajudar de alguma maneira caso conseguisse entender meus traumas, mas isso também poderia dar totalmente errado e no final não restaria nada do que tínhamos.

Essa tinha sido a viagem mais tensa e decisiva da minha vida, por isso não consegui dormir nem por um minuto, mesmo que tenha sido uma viagem de horas. Só consegui ficar encarando Izabely dormir na poltrona por algumas horas e quando ela acordou não consegui mais olhá-la, não quando não sabia o que fazer em relação a tudo isso.

O avião pousou durante a noite em uma pista deserta igual de filme de terror, depois pegamos um helicóptero viajamos por mais um tempo antes de eu perceber que estávamos pousamos em uma ilha, uma aparatemente inabitada.

— Desde quando você tem uma ilha? — perguntei descendo do helicóptero desligado e a ajudando a fazer o mesmo.

— É temporariamente emprestada, assim como o avião.

Depois que descemos o piloto fez o mesmo e pediu que o seguissemos na direção da grande casa de vidros escuros de frente para o mar.

Izabely foi atrás dele sem questionar e relutante os segui, agora tendo mais certeza de era tudo pior do que imaginei. A ilha era particular, sem pessoas morando aqui e com o lugar mais perto da civilização a quilômetros, sendo possível ir até lá apenas de barco ou helicóptero, mas a menos que houvesse um barco naquela casa, a única maneira de sair daquele ilha era naquele helicóptero que provavelmente partiria logo que fossemos acomodados na casa.

Izabely tinha mesmo arranjado um jeito de não me deixar fugir para longe dela enquanto nossa situação não fosse totalmente resolvida. E isso me apavorava bastante.

Talvez aceitar aquele sequestrado tenha sido uma péssima ideia, porque eu estaria mesmo preso. Preso com Izabely, aquela tentação de um metro e meio que derruba a todas as minhas barreiras e me fazia sonhar com coisas que pensei ter desistido de ter a muito tempo. Preso sem chance de fuga, a menos que escolhesse me refugiar no mar, correndo o risco de ser devorado por tubarões, ou na floresta, vivendo no meio de bananeiras e coqueiros e sendo devorado por cobras.

Como não teria para onde ir minha única alternativa seria ter Izabely me confrontando de frente, insistente como era apesar de saber que respeitarão meu tempo para falar. Eu só não sabia se conseguiria falar sobre aquilo, sobre todas as coisas que me trouxeram a ser como era hoje, tanto as partes positivas que foram sem dúvidas ótima, quanto as negativas, das quais não me orgulhava muito.

Pensar em falar do passado, do meu passado nada bonito e do qual nunca conversava nem deixava que outros falassem, me deixava náuseado e com uma sensação ruim demais, por isso ao olhar para o helicóptero a poucos metros fez ser muito atraente a ideia de ir embora e desistir dessa loucura.

Louca Decisão - Livro 5 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora