5- Caminhos para retornar à casa

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Monique estava de pé no apartamento, no meio da minha sala, próxima à janela e eu desejei ter beijado Cole na rua. Ela estava nos assistindo... Pela minha vida, eu tinha certeza de que estava.

Tamborilou os dedos nos braços, revirando os olhos para mim como se quisesse gritar:"Acabou seu showzinho, virgem?"

A lembrança de Spider tinha destruído um pedaço de mim e eu quase esqueci que Cole precisaria ser punido pelo comportamento infantil. Um erro que eu não repetiria.

Eu entrei primeiro e ele me seguiu de perto.

- Está mais calma, Lili? - Riu, debochada. - Parece que ela precisa de um pouco de vinho também, Cole.

Cole pegou a garrafa em cima da mesa e encarei sua nuca com ódio.

Se você a obedecer e me servir uma taça dessa porcaria, eu estouro a garrafa na sua cabeça.
Não duvide!

- Pode dar a minha para ela. - Monique indicou sua taça vazia. - Eu e você dividimos a outra.

Chega. Eu dei um passo para a frente sentindo o rosnado subir minha garganta.

Mas Cole apenas a ignorou.

Ignorou-a tão completamente que foi como se ela sequer existisse. Não era como se quisesse fazê-la se sentir mal, não era por vingança, infantilidade ou mesquinharia. Era simplesmente um novo dia e Monique não existia mais.

Ele apanhou a garrafa e seguiu para o meu quarto em silêncio. Eu observei suas costas se afastarem ainda sem entender suas intenções. Vi quando colocou a garrafa em cima da penteadeira. E aí meu olhar se perdeu, ao encarar as entrâncias pélvicas daquele abdome deliciosamente quando ele arrancou a camisa pelo pescoço, sem qualquer cerimônia ou aviso. Piscou um olho safado para mim e fechou a porta.

Monique estava boquiaberta.
E eu estava salivando.

Juro que queria ignorar Monique de propósito. Ela estava falando algo. Talvez fosse uma crítica, talvez uma pergunta... e eu queria sorrir para ela, revirar os olhos, dizer "é meu" e mandá-la sumir do meu apartamento. Ou algo igualmente à altura...

Mas Cole tinha tirado a camisa e minha língua estava formigando.

Estava na minha cama... segurando aquele vibrador... revirando minhas gavetas em busca de alguma camisinha esquecida... planejando qual era a próxima coisa que eu precisava experimentar...

E Monique restou, totalmente esquecida e sem importância diante das minhas perspectivas.

Eu queria ter debochado dela como ela fazia de mim.

Mas meus pés estavam me conduzindo rumo ao interior do quarto em algum tipo de piloto automático e se Monique queria me dizer alguma coisa, teve que ir embora querendo.

Naquele momento, ela também não existia mais para mim. A única coisa que existia era Cole.

E, quando ele tirava a roupa, raramente outros assuntos tinham importância.

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- Isso foi um pedido de desculpa?

Sentado sobre minha cama, sem camisa. Ele não tinha terminado de se despir, o que me fez pensar que talvez a camisa tivesse sido retirada apenas para provocar minha "amiga".

Parte de mim ficou feliz porque ele resolveu colaborar.

Parte de mim ficou infeliz porque ele não estava nu.

- Está querendo que eu tire as roupas sempre que faça algo que te desagrada? - Riu. Mas seu sorriso não foi safado como geralmente o era em situações do tipo. Ele estava contido. Delicado. Como se houvesse muito mais em sua mente do que apenas sexo e me peguei surpreendida. - Porque, se esse for o caso, é melhor eu ficar logo nu o tempo inteiro.

ꨄ︎ 𝐒𝐄𝐌 𝐏𝐔𝐃𝐎𝐑 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (𝒔𝒆𝒎 𝒗𝒆𝒓𝒈𝒐𝒏𝒉𝒂 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora