05 - Tommy

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    Nos fundos do dojô, Tommy andava de um lado para o outro, inquieto, enquanto sua destra acariciava o próprio queixo em uma tentativa visivelmente falha de acalmar seus ânimos.
    Ainda estava de kimono, cabelos bagunçados e curativos na sobrancelha. O preto destacava seus músculos trabalhados na luta, enquanto o amarelo do brasão exaltava seus fios, tão brilhosos quanto o de uma certa princesa ao cantar.

— Droga, droga, droga. – repetia a si enquanto circulava pelo tatame.

    Johnny ria de toda a situação, achando adorável a forma que seu amigo agia sob os efeitos do amor, mesmo que estivesse na mesma feliz situação.
    Estava agarrado em Daniel, um dos atuais melhores amigos, o mesmo que ajudou Tommy a escolher as alianças que daria para a garota a qual iria se declarar ao fim do dia, já que Larusso tendo sido criado apenas pela mãe, tinha uma certa noção de oque as garotas gostavam.

    A menina fazia aulas a noite, o único horário permitido pelo sensei, afirmando ele que seriam aulas simples, abaixo do nível iniciante, pois segundo ele, "as garotas não tinham uma aptidão". Patético.
    Os garotos nunca negaram ter certo ódio em relação as falas idiotas e mal pensadas de kreese, sempre fazendo questão de taparem os ouvidos, cantarolar ou até mesmo fugir ao banheiro quando o mais velho começava seus discursos.

— Relaxa, seu idiota! – Lawrence jogou um dos tijolos de espuma em sua direção, acertando em cheio o rosto já machucado de Tommy. — Ela mesma já disse que te amava.

— Eu sei, eu... Ah. – girou seu corpo e jogou-se no chão, olhando para uma mancha qualquer no teto do dojô. — Ela disse que me amava e eu fugi como um covarde.

— Você tem medo de mulheres. – Daniel ironizou, olhando para Johnny, que deu de ombros, recebendo de bom grado a alfinetada do recente amigo.

    O loiro não deixou de gargalhar, saindo um pouco do nervosismo que o consumia internamente, deixando de lado os ponteiros que pareciam rastejar como lesmas.
   
    O relógio despertou. Estava no horário. As alunas começavam a entrar no dojô, enquanto kreese revirava seus olhos em tédio e desprezo, deixando o lugar tão rápido como um velocista, dando caminho para os professores noturnos, Johnny e Tommy.

— Bom meninas, vamos aquecer antes de tudo, caminhem em círculos pelo dojô, em seguida corram, alternando entre lento e rápido. – Lawrence tomou a frente, vendo que seu amigo estava ocupado, secando a novata ainda confusa em como colocar sua faixa.

    Adorável.

    Toda a aula fora agitada, já que as meninas tinham sangue nos olhos, e como recentes profissionais, podiam afirmar que nem mesmos os garotos mais experientes lutavam sujo como as garotas. Em um bom sentido, talvez.

— Ei! – Tommy correu, quase tropeçando em seus próprios pés devido ao cansaço. — Preciso, é... – pigarreou, procurando as palavras a quais iria usar, as palavras certas para que não saísse automaticamente e acabasse falando mais do que deveria, mais ou menos doque sente. — Conversar com você, seriamente, eu preciso te falar uma coisa.

    Ela riu. O mundo de Tommy pareceu despencar, não de uma forma trágica como parece ser. Ela riu de forma terna, graciosa como uma das belas flores no jardim da escola, essas que Tommy rouba todas as manhãs, esperando as entregar para sua amada, sempre desistindo um segundo antes. Seu mundo caiu, caiu ao perceber que nenhuma fala seria o suficiente para demonstrar o bastante.

    Um aperto invadiu seu peito, o deixando por segundos desolados, ao ponto de a garota precisar o chamar, proferir seu nome diversas vezes, coisa que o causou a certa sensação de estar nos céus ao lado de um anjo, por tamanha melodia.

— Doce? – aí. Essa fala fora a que não deixou mais que Tommy segurasse sua língua, não ligando mais para o automático, apenas falou e falou, como se o amanhã não existisse mais.

— Eu te amo. E, e isso me dói todo santo dia, a forma pela qual e fugi feito um covarde, o arrependimento de não ter te puxado pelos braços e beijado cada pequeno detalhe que amo tanto em ti, o que talvez fosse impossível, já que não amo apenas seu externo, como o interno, essa mulher maravilhosa que você é, sua personalidade, sua graça e ternura, porra, eu nem gosto de palavrões, o que eu falei? Mas, inferno, você é a mulher com quem eu quero estar.

    A lutadora permanecia em seu silêncio, deixando o louro aflito, respiração desregulada e suor visível. Estava gelado como um cubo de gelo. Daniel, que observava pela janela da pequena sala, poderia jurar que o amigo estava prestes a desmaiar, Johnny e ele já se preparavam para correr caso de fato acontecesse algo com o garoto.

— Eu te odeio sabia? – finalmente algo saiu de sua boca, surpreendendo a ele, não de forma positiva.

— Fiz isso muito tarde? Isso, digo, me declarar?

— Sim. – suspirou, jogando seu corpo contra o alheio. Tommy novamente estava confuso, o que ela estava fazendo? — Mas eu te amo, amo tanto que não sei dizer exatamente o que passa em meu peito e minha cabeça, eles constantemente brigam comigo. 

    Ambos riram, ainda abraçados, aproveitando o pequeno e curto tempo a qual estavam juntos.

— Pode fazer o que queria.

— O que eu queria? – Ela sorriu, achando graça da curta memória do rapaz, tomando a frente na atitude que Tommy tanto esperou para fazer.

    A lutadora colocou seus braços ao redor do pescoço alheio, acariciando com cuidado a nuca do seu atual amor. A carícia logo passou de uma simples demonstração de oque estava prestes a acontecer, seus lábios se chocaram, os movimentos se tornaram soltos, ambos guiaram, um encaixe belo, não havia desentendimentos, ou briga por comando. Como disse, um encaixe, o perfeito encaixe.

— Eu te amo, Tommy.

— Eu também te amo, minha princesa.

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pedido – evelingavira

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2022 ⏰

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