3-Eu Mesmo

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Pov:Maraisa

Acordei no dia seguinte com o despertador tocando, oito horas da manhã.

Sim, mesmo estando de férias eu estava acordando basicamente no horário de serviço, pois seria complicado para eu regular meu sono quando voltasse ao trabalho novamente.

Sendo que tudo bem se eu acabasse dormindo mais.

Enfim.

Levantei em seguida, indo em direção ao banheiro. Onde escovei meu dente e tomei meu banho matinal.

Descendo as escadas logo após.

-Bom dia - Falei assim que pisei na cozinha.

- Bom dia, Maraisa - Minha mãe respondeu enquanto fazia ovos mexidos.

-Todos já saíram?

- Sim, Marco para a escola e os outros para a empresa.

- Então para que está no fogão ainda? Eu como qualquer coisa, você sabe.

- Nada disso, eu sei que você gosta de ovos mexidos, eu estou fazendo para você.

Apenas sorri sem mostrar os dentes, deixando um beijo no seu rosto.

A minha relação com a minha mãe era uma das melhores, ela era a melhor pessoa do mundo para mim.

Mesmo as vezes implicando um pouquinho comigo, com algumas formas de pensar e etc.

Porém, nunca me desrespeitou, e nem algo do tipo.

Mas como foi para me assumir?

Bom, acredito que para todas as mães seja complicado porque na cabeça delas querem ver o filho casando, tendo filhos e construindo uma família.

E acham sempre que em um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo não tenha como acontecer isso tudo.

Porém, minha mãe não teve uma reação digamos que ruim, ficamos sem nos falar por um tempo, claro, ela precisava digerir aquilo. Mas ao contrário de brigar comigo ela apenas pediu um tempo para ela pensar sobre e então, me aceitar.

Me fazendo perceber que o problema não estava em eu ser como sou, e sim na forma que ela criou a visão sobre mim.

Ela estava apenas precisando digerir a situação e assim me aceitar.

Se eu soubesse que ela não iria reagir mal, eu teria tirado um peso das costas muito antes de falar algo para ela.

Porém, como eu sabia que muitos pais reagiam de forma extremamente ruim quando os filhos se assumiam, tentei mudar e me encaixar no padrão.

Mas sabe quando você se coloca dentro de uma caixa onde você não pertence?

Pois então, o espaço era até que aconchegante, mas ao mesmo tempo estava me sufocando, eu não pertencia naquele local, não era meu lugar.

Eu sentia uma necessidade extrema de contar para todos quem eu era.

E foi como aconteceu.

Aos poucos eu fui saindo daquela caixa.

Contava para um amigo, porém pedia segredo.

Era aquelas saidinhas de cinco minutos, sabe?

Onde eu saia da caixa, contava para alguém, e logo eu sentia falta daquele conforto, me fazendo voltar correndo para aquela caixa novamente.

Pedindo, por favor, para que guardem segredo, pois ninguém sabia ainda.

Acredito que para todos essa fase seja complicada.

Porém, após me assumir senti como se um peso saísse dos meus ombros.

E eu pude finalmente respirar.

Ser eu mesmo.

[...]

Amor de Inverno |adpt malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora