6- Silêncio

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Uma semana havia se passado.

Eu estava no meu quarto com um livro em mãos.

Até então ouvir um barulho extremamente alto de bateria.

Que cada vez foi ficando mais alto e praticamente impossível de eu me concentrar para ler.

Não que o som era ruim, ela tocava bem mas porra,eu queria sossego para ler meu livro.

O que me fez ir até a sacada, que por azar nossos quartos eram bem em frente.

-Oh Marilia! - Gritei, já que ela estava com a porta que dava acesso a sacada dela aberta - Marilia!

A mesma não ouviu, e era meio óbvio que não iria ouvir em meio a aquela barulheira toda.

Eu era capaz de enxergar parte da sua blusa, ela estava de costas para a porta.

O que me fez pegar algumas bolinhas de ping pong que haviam no meu quarto. E não me pergunte porque havia bolinhas de ping pong no quarto, sendo que nem jogar eu jogava.

Enfim.

Logo fui para a sacada novamente, mirando e jogando três bolinhas.

Uma caiu, porque eu errei a mira.

Outra alcançou somente a sacada.

E a terceira acertei a porta, vendo a mesma olhar para trás em seguida.

- Finalmente - Sussurrei.

- O que você quer? - Ela me olhou sorrindo, pegando uma bolinha na mão, se levantando - Porque você estava jogando isso?

- Para você parar de fazer barulho, eu quero ler meu livro em paz.

- Uh, está bravinha? - Ela novamente sorriu, aquele sorriso idiota.

-Não estou, Marilia. Eu só quero silêncio, e faça o favor de fazer.

- Olha, Maraisa. Não sei se você sabe mas é impossível fazer silêncio quando se toca um instrumento, e piorou quando esse instrumento é uma bateria.

- Aproveita para tocar quando eu voltar para o trabalho, e faça silêncio agora.

-Se você não sabe eu também trabalho, então eu preciso ocupar meu tempo livre fazendo o que eu gosto, ou seja, praticando isso aqui. E aliás, não se pode fazer barulho somente a partir das dez horas da noite, e ainda são cinco da tarde - A mesma jogou uma bolinha na minha direção.

-Eu não vou te aturar fazendo barulho, Marilia.

- Mas vai aturar sim, só mais um pouquinho - Ela jogou a outra bolinha, dessa vez eu não estava esperando, acertando na minha cabeça.

Ouvindo a risada da mesma.

- Marilia! - Falei em seguida, tentando ficar séria, porém falhando - Você é muito filha da puta.

- Mas foi sem querer, sério, desculpa - A mesma falou enquanto me olhava - Mas agora você vai aturar meu barulho - Ela sorriu sem mostrar os dentes.

- Sério, Marilia...

- É sério, Maraisa - A mesma falou em seguida - Numa próxima eu te convido para vir tocar comigo - A mesma piscou para mim, entrando novamente.

O que me fez apenas revirar os olhos, e entrar também, fechando a porta da sacada.

Pegando meu livro assim que percebi que o silêncio havia se instalado, talvez ela houvesse parado.

Porém, foi eu ler a primeira frase que comecei a ouvir o barulho dela tocando.

-Filha da puta! - Reclamei para mim mesmo,fechando o livro.

[…..]

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