7- Sorriso

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Pov:Maraisa

Na tarde do dia seguinte eu estava saindo de casa com alguns livros em mãos, iria para a biblioteca da cidade os entregar.

E assim que passei pelo meu portão, direcionando meu corpo para o caminho correto, ouvi a voz de Marilia.

- Ei - Olhei para trás assim que a ouvi - Como vai? - Ela perguntou com seu típico sorriso no rosto.

- Bem, e o que você quer?

-Achei que iria perguntar como eu estava também, mas ok. Não quero nada demais, eu te vi saindo e... e quis te dar um oi.

Apenas fiz a minha cara como quem estivesse dizendo um "uhum" e segui meu caminho.

Vendo a mesma vir atrás de mim.

- Mas onde você vai? - Ela tocou no meu ombro.

- Te interessa? - Retirei em seguida.

- Você é birrenta hein - Apenas arquei uma sobrancelha - Mas eu só quero saber onde você vai, eu posso te levar de moto e você não precisa caminhar até lá.

-Eu sei o caminho, não preciso de um motorista particular. E aproveita que eu não estou em casa e vai fazer teu barulho.

- Não, hoje eu não vou tocar.

-Já fez barulho demais ontem, não é? Quase me deixou surda.

- Exagerada - Ela soltou um riso.

- Exagerada nada, se eu pudesse quebrar aquele negócio eu quebrava.

- Olha, dizem que as baixinhas são as mais bravas,estou começando a desconfiar que estão certos.

-Marilia - Joguei um olhar sobre ela em seguida.

-Mas é verdade, cada vez que eu falo contigo você me dá uma patada.

-Patada? Eu só te respondo, doida.

-Me responde de uma forma bem ignorante então - Apenas a olhei.

Sério, eu estava somente a respondendo.

- Mas agora é sério, posso te acompanhar seja lá onde você vai?

-Pode, aliás você já andou um terço do caminho - Ela manteve contato visual comigo por alguns segundos -O que foi?

- Nada, só me dá um pouco disso - Ela pegou alguns dos livros que eu tinha entre os braços - Você lê bastante pelo visto.

- O mínimo para passar o tempo.

- Você faz outras coisas para passar o tempo?

- Que coisas?

- Sei lá, sair por aí, ter amigos, ir em alguma festa.

-Não gosto de tumulto, já basta no trabalho que eu tenho que viver cercada de pessoas e nossa, minha mão soa e em muitas vezes eu começo a gaguejar, é ridículo.

- Você tem fobia social, Maraisa? - Neguei com a cabeça -Mas você descreveu algumas coisinhas que podem indicar isso.

-Não, eu só não gosto de estar no meio de muita gente - Falei rapidamente - Inclusive estou tentando uma carreira como escritora, ou então irei pensar em qualquer outra coisa que não envolva pessoas, não muitas pelo menos. Apenas eu, meu notebook e o silêncio do meu quarto.

-Que chato hein - A olhei em seguida - Não, não foi isso que eu quis dizer - Ela falou rapidamente - Só...Só não é muito legal se isolar no quarto tendo um mundo inteiro para desfrutar. Em uma semana você saiu o que? Duas vezes de casa?

- Como você sabe?

-Foi as vezes que eu vi você sair para colocar o lixo para fora - Ela sorriu.

- Você está me vigiando?

-Não, eu só vi por coincidência pela janela do meu quarto.

- Então você está me vigiando pela janela do seu quarto?

- Ah, Maraisa, porra. Eu só te vi por coincidência.

-Eu sei, só estou brincando - Sorri enquanto olhava para o chão.

-Você sorriu, olha que novidade. Algum milagre vai acontecer, não é possível.

- Para de ser idiota oh - Dei um tapinha no seu braço - Com coisa que você já não me viu sorrindo antes.

-Umas cinco vezes somente.

- E não está bom? Eu iria sorrir para o que? Para o vento? Tem que ter um motivo para sorrir.

- Então eu fui o motivo para você sorrir, olha que legal.

- Meu Deus, você é convencida - A olhei - Agora vem, vamos entrar.

E então, entramos na biblioteca em seguida.

[...]

Amor de Inverno |adpt malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora