1. O início

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SN

Eu nunca me esqueceria daquele dia, quando minha vida mudou completamente.

Eu estava a caminho da casa dos meninos levando as pizzas que o Jungkook havia pedido. Embora meu expediente já tivesse acabado, eles sempre se aproveitavam do fato de eu ser uma amiga boa e prestativa, e não saber dizer não para eles.

Eu trabalhava como manager pessoal deles desde o debut. Por termos a mesma faixa de idade e interesses em comum acabamos nos tornando grandes amigos. E era o mesmo com os profissionais que os acompanhavam sempre, como os demais managers e seguranças.

As vezes nos reuníamos todos na mansão (sim eu chamo aquele apartamento bagunçado deles de mansão) bebíamos, jogávamos alguns jogos, falávamos mal de outras pessoas da equipe o que deixava o Namjoon e o Hobi desconcertados por não querer tomar partido em panelinhas de funcionários da empresa, e eu achava aquilo muito engraçado.

Assim que cheguei na mansão, digitei a senha da porta e adentrei o ambiente em passos apressados pois as pizzas estavam bem quentes e pesadas nas minhas mãos. Eu não tinha a intenção de ouvir a conversa que parecia bem séria vinda da sala de estar, onde os sete estavam sentados em círculo em volta da mesa de centro. Mas assim que ouvi e assimilei aquelas palavras, todo o ar do ambiente pareceu sumir.

—Já está feito, eu vou me alistar.

Seokjin estava sentado em um dos puffs da grande sala de estar de costas para a entrada, e pareceu não notar a minha presença. Somente quando Jimin elevou o olhar em minha direção é que Jin, assim como os outros, se deram conta de que eu não só estava ali como havia ouvido aquela frase proferida por Jin nos últimos segundos.

—Você o que?

Foi então que Jin se virou ao ouvir minha voz, e finalmente olhou para mim. Seus olhos demonstravam angústia, confusão e nervosismo. Mas além disso, Jin me olhava de uma forma que eu achei que jamais olharia, desde que terminamos. Seus olhos carregavam dor. O mesmo olhar que sempre esteve presente na minha memória, do dia em que colocamos um ponto final na nossa história.

Quando o BTS debutou eu estava na metade da faculdade cursando Administração e havia conseguido um estágio bem disputado para uma empresa nova no ramo do kpop. Assim que fui admitida, me alocaram para o grupo recém formado e não demorou para que eu ficasse próxima deles. Era até inevitável, eu passava mais tempo com eles do que com qualquer pessoa. A rotina era pesada e intensa, não só para eles mas para toda a equipe.

E eu nunca gostei mais de um do que de outro. Sempre tive afinidades e coisas diferentes em comum com cada um deles mas o carinho era o mesmo. Ou pelo menos foi assim por um tempo. Sem que eu percebesse as coisas entre eu e o Jin ficaram estranhas. Sempre tive liberdade com os meninos e eles comigo. Para tudo, brincadeiras, conversas mais sérias, até conselhos amorosos eu dava. Mas depois de alguns anos o Jin mudou comigo. E eu não entendia o porque. Ele ficou mais frio e seco, ficou distante. E aquilo me machucou. Eu não entendia o que eu havia feito de errado para que ele mudasse tão drasticamente comigo.

Foi aí que eu comecei a notar que talvez meus sentimentos por eles não fossem tão iguais quanto eu pensava. A dor de ver o Jin distante era como se uma faca estivesse presa no meu peito e eu não conseguisse tirar. Eu o olhava e meu coração doía, eu queria tê-lo mais perto, queria abraçá-lo. No fundo eu sabia o porque daquele sentimento, mas eu ignorava. Não podia estar apaixonada pelo Jin. Não podia! Ia totalmente contra as regras da empresa e as minhas! Eles eram meus amigos. Eu não podia me apaixonar por nenhum deles. Então eu me calei e tentei desesperadamente afastar aquele sentimento confuso de mim.

Quando o BTS estava em sua segunda turnê pela Europa, Jin se sentiu mal e precisou se hospitalizar. O médico disse que era uma inflamação na garganta e ele não poderia cantar por alguns dias. Eu nunca vi o Jin tão pra baixo como naquela noite. Eu queria consolá-lo, mas não via mais a mesma abertura de antes para isso. Então só o que eu podia fazer era o meu trabalho como manager em auxiliá-lo no que fosse necessário.

Quando seu ex decide se alistarOnde histórias criam vida. Descubra agora