Ataque descoberto

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" Welcome to my cage, little lover

Attempt to rearrange with you, baby"

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Porchay

O caminho até o tal jantar foi feito numa BMW preta dirigida por um motorista robusto que aparentava ter uns 40 anos. Atrás, iam ele e Kim. No ambiente pequeno do carro, com a curta distância entre eles e o perfume amadeirado do seu acompanhante torturando os seus sentidos, Chay não podia negar que o clima era intimista e convidava à proximidade, principalmente pela escuridão iluminada, de tempos em tempos, apenas pelos postes das ruas do lado de fora.

Achou que ele ficaria calado, mas foi surpreendido com uma pergunta do cantor sobre seu irmão.

- "Então, fale mais sobre seu irmão mais velho. É jornalista como você?"

A expressão naquele rosto era de uma curiosidade séria, como se ele desconfiasse de algo.

- "Oh, não... Porsche não é formado. Ele trabalha com segurança pessoal. Meu irmão tomou como dever de honra cuidar de mim, quando nossos pais morreram e fez tudo que podia para eu ter uma educação superior, já que ele não pôde fazer o mesmo. Meu tio não era muito paternal e, bem, Porsche foi tudo para mim. Tenho muito orgulho dele."

Falou encarando o homem à sua frente, para que soubesse que não tinha vergonha de suas origens e que estava lidando com alguém que, diferente dele, teve que lutar para estar onde estava agora. Um leve sorriso e a mudança no olhar de Kim, que suavizou todo seu rosto, fez com que seu coração traidor apertasse em seu peito.

-"E faz bem em ter. Nem todo mundo tem alguém que faça algo por nós, que lute por nós. Eu imagino que deve ter sido difícil, ainda mais se não se tem dinheiro. O mundo lá fora é movido por ele. Você é sortudo, sabia? Que seu irmão te ame tanto."

-"Sim, eu sei. E eu acho que ele se saiu muito bem. Eu estou aqui, afinal."  - quis fazer um comentário sobre dinheiro, porque viu que o olhar dele mudou, se tornando mais frio, principalmente quando falou de amor, porém foi interrompido com outra pergunta.

-"E o que ele achou de você ficar comigo por todos esses dias? Não vou ter que lidar com nenhum irmão mais velho protetor, vou?" - o tom brincalhão e o brilho naqueles olhos escuros o pegou de surpresa e o fez relaxar, sorrindo em resposta àquela expressão travessa que via a sua frente.

-"Claro que não! Porsche me desejou sorte, sabe que é importante para minha carreira. A não ser que você dê razão para isso, no caso, vou avisando desde agora que ele é faixa preta em karatê."

O som do riso melodioso e grave preencheu o ambiente e Chay , que estava com os bracos cruzados sob o peito, apertou os dedos nos seus braços, se segurando para não fazer nada estúpido, pois aquele homem ficava ainda mais lindo feliz e rindo daquele jeito.

Como ele consegue?É totalmente injusto com nós, pobres mortais. Como é possível que ele não tenha ninguém nos braços agora mesmo? Duvido que ele não deva ter alguém na lista de chamadas! Aliás, a lista deve ser grande e todos nela devem ser pessoas ricas como ele. Ao menos eu consigo fazê-lo rir.

-"Não se preocupe, Nong! Eu também tenho irmãos superprotetores. E um pai pior que eles. Sou o irmão mais novo, assim como você, e não estou sempre com eles, porém sempre dão um jeito de saber onde e como estou. Mas não se preocupe, está seguro comigo. Dou a palavra dos Theerapanyakul de que nada de mal acontecerá a você. Entendeu?"

E como um passe de mágica o ambiente ficou sério de novo, os olhos de Kim penetravam os seus com uma intensidade desconcertante quando deu a palavra de sua família e de repente. Viu que aquela era a abertura que precisava para saber mais daquela família tão antiga, quanto misteriosa e sobre ele.

Desafiando o desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora