Nascido das Cinzas

Capítulo 6

Feyr

- Que porra é essa?! - Ele gritou enquanto largava a espada.

- O que foi? Ela te queimou? - Elijah perguntou, parecia preocupado mas não da mesma forma que Feyr.

- Vocês não ouviram?

- Ouvimos o que? - Petra perguntou de volta, depois, ele ouviu a voz mais uma vez. Ei, é assim que você trata as pessoas? Nada legal.

- Mais uma vez, vocês não estão ouvindo? - Eles o encararam como se não estivesse falando coisas com sentido, mais uma vez a voz falou. Claro que eles não podem me ouvir idiota! Eu decido com quem quero falar, mas, como eu não quero que você ache que está louco.

- Assim está melhor? - Dessa vez todos ouviram, Petra e Elijah recuaram olhando ao redor a procura da origem da voz.

- De onde veio isso? - Elijah perguntou já com uma adaga em punhos e a resposta veio logo em seguida.

- Aqui em baixo. - Assim, os três olharam para o chão, ou mais precisamente, para a espada largada no chão. - Vocês deveriam tratar melhor aqueles que acabaram de conhecer, tentando me empunhar com essas mãos sujas sinceramente. É esse o tipo de gente para quem você me apresenta Allen? - E então os três se voltaram para o ferreiro, ele estava sorrindo, o maldito filho da mãe estava sorrindo.

- Seja gentil com eles Corvo, são fregueses e uma é amiga. - Ele disse pegando a espada do chão e a colocando na bancada, depois fez sinal para que eles se aproximassem. - Senhores, Milady, este é Corvo, uma espada muito indecisa quanto a sua própria personalidade, ora ele calmo e educado, ora é impulsivo e irritado e há vezes em que ele é apenas muito boca suja ou seja lá o que as espada falantes usam para falar, se é que existem outras? - A cada palavra de Allen os três ficavam cada vez mais confusos, o armeiro estava apresentando uma espada que fala como se fosse uma coisa normal e pior, como se ela fosse uma pessoa, tanto Feyr quanto os outros pareciam não acreditar nos próprios ouvidos.

- Isso é impossível. - Foi Petra quem falou, quase um sussurro, mas a espada ouviu.

- Impossível? Rá, minha linda, impossível é que haja o impossível. - A espada disse e então continuou. - É impossível que uma arma fale e tenha personalidade? Olhe para mim. É impossível que um humano possa sobreviver ao ter seu sangue misturado com o de um demônio? Olhe para o seu namorado. É impossível que... - Petra o interrompeu antes que ele continuasse a enumerar coisas impossíveis, pelo tom dele, a lista deveria ser longa.

- Já entendemos, nem tudo é o que parece..., e só para constar, ele não é meu namorado. - Ela disse apontando para ele, Feyr então olhou para Elijah e viu que ele tentava de tudo para não rir, era provável que tivesse medo de ter o nariz quebrado de novo mas dessa vez seria Petra a quebrá-lo.

- Não é? Que estranho, eu me considero bom em ler as pessoas, fora o fato de que eu estive nas suas cabeças. - E mais uma vez todos se calaram encarando a espada.

- O que?! - Foi Elijah quem gritou, apesar de ele não querer, sua voz acabou caindo um oitavo.

- Como acham que estou me comunicando com vocês? - Corvo perguntou, se ele conseguia se comunicar como um ser humano então Feyr o chamaria pelo nome... por enquanto. - Eu não tenho boca para me comunicar como bem podem perceber, por isso, vocês não estão me escutando com seus ouvidos, mas sim com suas mentes... - Ninguém disse nada, Feyr encarou mais uma vez o armeiro, seu sorriso parecia ter crescido ainda mais. - Ou seja, eu estou nas suas cabeças bobões.