LÁ VAI ELA ...

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Lá vai ela de cabeça baixa, sem destino, sem se permitir amar, sem sonhos, sem esperança, sem arriscar, sem acreditar nesse novo amor.

Lá vai ela para o banheiro retocar a maquiagem, olha no espelho, ajeita a blusa, mas esquece de viver.

Lá vai ela levando a si próprio na companhia do vazio que a ladeia de solidão.

Lá vai ela na contramão do destino, alimentando-se das desilusões e fracassos do passado.

Lá vai ela reclamando da dura vida, sem ao menos desconfiar de nada, de que a sua felicidade bate incessantemente à porta de seu coração.

Lá vai ela abrindo o livro, penetrada no mundo dos sonhos perdidos, alimentando-se de seus pesadelos adormecidos.

Lá vai ela sem coragem, fugindo de seu bem-querer, na contramão desse longo caminho que a vida a presenteou de mim.

Lá vai ela surda de minhas palavras, cega de meu brilho indiferente a esse meu amor profundo, sincero e etéreo.

Lá vai ela levada pela indiferença, fruto dessa ausência, falta-lhe apenas uma pitada de coragem e consciência.

Lá vai ela na busca de um grande amor, procurando nas pedras preciosas em vão essa felicidade que se vive diante de seus olhos, mas que nega a recebê-la no calor de seu abraço e no conforto de seus lábios.

Lá vai ela caindo nas armadilhas de um vilão, de tão perfumado e escultural este corpo, depois de saboreá-la em deleite, a atira no abismo da solidão.

Lá vai ela já sem sonhos, culpando o destino pelo final infeliz consumado nessa ida sem volta, arrependida pela oportunidade que passou, pela chance que atirou ao vento: como se fosse a própria sorte devorada por esse sofrimento sem fim.

Lá vai ela para sua toca, no compasso dos passos da sandália, diante de sua felicidade, tendo de optar pela beleza das plumas ou pelo brilho da alma. É o momento de definir o curso de seu destino. Não atire sua sorte, sua felicidade no lixo. Realize seu sonho e venha ser feliz comigo. 

Farmacia da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora