Caçadores de Ezória - A Semente do Amanhã [DEGUSTAÇÃO]

Livro II - Livro dos Irmãos Dias - Cap. 02

Os olhos de Ian ainda ardiam da luz cegante e sua cabeça girava. Deitado de bruços num gramado, ele sentia o gosto da grama em sua boca. A grama era amarelada e, em volta, havia várias árvores de folhas douradas e troncos brancos. "Que lugar é este?! O Céu?" — pensou o garoto ao ver, ainda desnorteado, aquela paisagem exótica.

— Ian... Ian... — Aos poucos ele começava a distinguir uma voz distante chamando-o. Com muito esforço, conseguiu ficar agachado. Os ferimentos nas costelas em decorrência da briga no colégio doíam.

A voz foi se aproximando e ele pôde distinguir que era Pedro quem gritava. A visão de Ian ainda estava turva, mas ele conseguiu ver que a expressão de Pedro era de preocupação.

— Vem! — disse o irmão mais velho, puxando o mais novo para detrás de uma árvore que havia ali do lado. Ian quase nem se pôs de pé direito, deu dois passos para o lado e já estava sentado, encostado de costas à árvore.

"Estamos nos escondendo?" — pensou o garoto. — "De quê?". E ele ouviu barulhos diversos de um lugar não longe dali: raios, rugidos e pancadas. Ian olhou para o irmão, que observava algo. Ian, então, virou-se para olhar também e seus olhos se arregalaram quando viram a cena.

Um enorme lobo branco com mechas azuis lutava contra outras quatro criaturas do tamanho de seres humanos. Um deles estava vestindo um manto curto preto e azul, portando um cajado prateado, soltava torrentes de água e raios mágicos de cores variadas no lobo gigante. Outro, de cabelos verde-escuros e orelha pontudas, soltava raios pelas mãos.  Uma, que parecia uma mulher, mas de pele esverdeada e também de orelhas pontudas, prendia as patas traseiras do grande lobo com galhos de árvore. E o último era um monstrengo forte e peludo, que batia no lobo gigante com os próprios punhos.

— Que diabos de lugar é este? — perguntou Ian a Pedro.

— Não faço a mínima ideia. Vamos, temos que achar a Chloe.

***

— Força, Velddi! Mantenha ele preso nos galhos! — falava Ryan à elfa verde enquanto ele atacava o monstro com raios.

— Os efeitos de paralisia que coloquei estão acabando — respondia ela. — Preciso colocar mais!

— Amarre ele primeiro, senão vai ficar perigoso! — respondeu Ryan, o elfo azul.

— Para mim está ótimo! — falou Bakareti, o monstrengo peludo, enquanto encarava o lobo. Bakareti era um hengue, mas estava metamorfoseado e, então, estava maior e mais forte do que realmente era. Dotado de fortes músculos, ele pulava e dava socos no focinho do lobo gigante, que, preso pelos galhos de Velddi e pelos efeitos paralisantes dos golpes dela, não podia se defender bem.

Entretanto, com o efeito paralisante acabando, o lobo começou a ganhar força e a se livrar dos galhos que o prendiam. Num dos pulos de Bakareti, o lobo conseguiu dar uma patada no hengue, fazendo-o voar na direção de Pedro e Ian. O hengue passou voando por eles e parou quando bateu numa árvore, fazendo o tronco se quebrar pela metade e inúmeras folhas douradas caírem em cima dele.