A Usurpadora

Eu sempre te amei filha...

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Arizona Pov's:

Quando acordo, estou sozinha na cama. Não sei se sinto alívio ou pesar. Deveria sentir alívio. Por alguns instantes, permaneço deitada, repassando a confissão de Calliope em minha mente. Recordo-me dela falando como o casamento começou estranho, sem intimidade, o que era esperado, levando-se em consideração que elas se casaram sem se conhecerem direito. E de como depois virou um hábito tão rotineiro, que passaram a ignorar uma a outra. Era triste.

Então um sorriso se distende em meus lábios, ao me lembrar de como rimos juntas. De como pareceu íntimo e certo.

Com um suspiro, rolo de bruços e aspiro o cheiro que ficou no travesseiro. O cheiro amadeirado dela, da morena que amo.

Quando vou para cozinha as crianças já estão tomando café, verifico o relógio confusa e constato que estou um pouco atrasada. O relógio marca 07:15. Passei mais tempo do que deveria cheirando o travesseiro da morena. Cauã sorri ao me ver.

___ Bom dia, mamãe. Diz feliz. Sorrio de volta e me aproximo, beijando sua cabeça. Faço o mesmo com Sofia e Noah.

___ Onde está Mel? Pergunto ao ver o carrinho vazio.

___ A mãe e a tia Addie acabaram de sair. Mãe levou a Mel para a casa da vovó. Sofia responde calmamente.

Eu nem me atrasei tanto assim. Penso. E também, ela podia ter me chamado. Resmungo pra mim mesma.

___ Preciso te levar a escola então. Falo para Sofia.

___ Não será preciso mamãe, pois a mãe antes de sair de casa, ligou para tia Kate e combinou tudo com ela. Irei de carona com minha amiguinha. Sofia diz animada.

De repente escutamos um carro buzinar lá fora. Sofia se apressa, pega sua mochila, me beija na bochecha e sai correndo dizendo tchau e até mais tarde.

___ Cuidado! Exclamo.

___ Terei. Escuto ela dizer já distante de nós.

Quando me vejo só com os garotos, volto minha atenção para o café à minha frente. Tomo lentamente pensando no quanto estou gostando demais daquela vida, se apegando demais à Snoqualmie, aquela rotina, às crianças que não me pertencem. Almejando ter uma vida conjugal de verdade com uma mulher proibida, a qual, toda vez que sorri para mim, me beija, me deseja, na verdade está pensando na minha irmã. Vida cruel a minha.

Estou perdida em meu coitadismo quando a porta da cozinha se abre e vejo Meredith na minha frente.

___ Tia Mer! Cauã e Noah exclamam juntos pulando da mesa e abraçam a mulher, que sorri para eles.

Percebo que seu rosto está pálido e os olhos sombreados por olheiras.

___ Oi, queridos. Diz forçando um sorriso.

___ Meninos, que tal irem assistir desenho? Sugiro com receio da Meredith começar com suas grosserias.

Espero eles saírem da cozinha para encara-la.

___ A que devo sua visita? Pergunto tentando ao menos ser educada e me livrar dos velhos julgamentos. Afinal, ela tem seus próprios demônios para exorcizar.

___ Addie está aqui? Pergunta, e percebo o quanto é difícil para ela me fazer esta pergunta.

___ Já sabe que ela passou a noite aqui? Indago.

___ Sim, para onde mais ela iria? Também, estive na oficina mais cedo e ela não estava lá e nem a Call, por isso vim ver se ainda está aqui. Diz com amargor.