Mais um sábado surpreendente

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Arizona pov's:

            A semana passou voando. Quando Calliope perguntou assim que acordamos se hoje eu iria fazer o que sempre faço aos sábados, a velha rotina da Ariana de ir ao salão de beleza da Lexie, expressei o desejo de que passássemos o dia juntas com as crianças.

            Tenho ciência de que meu tempo com essa família está mais contado do que nunca e quero aproveitar ao máximo o que ainda me resta. Menos de dois meses para ser mais exata. Três meses passaram rápido demais.

           Claro que eu sei que a Calliope trabalha aos sábados, mas para meu alívio, ela aceitou de imediato e disse que podíamos ir à praia.

           O tempo não está ensolarado comparado a outros dias, mas está propício para um passeio ao ar livre. Sugeri um piquenique, o que foi muito bem aceito pelas crianças.

            O dia está cinzento, mas mesmo assim lindo. Estendemos nossa toalha na areia e comemos sanduíches. Depois Sofia e os gêmeos foram brincar com uma pipa que Calliope comprou para eles no caminho.

            Agora eu os observo, enquanto nino a Mel em meus braços. É lindo ver a morena sorrindo enquanto ensina as crianças a colocarem a pipa no ar. E eles pulam animados, com os pequenos pés descalços afundando na areia fofa.

            Uma mistura de emoções desencontradas contrai meu peito. Desde meu pesadelo àquela noite que, minha fantasia de família verdadeira e real vem pouco a pouco se desvanecendo como aquelas ondas quebrando na areia.

           E o pior de tudo é que me sinto mais ligada às crianças e a Calliope do que nunca.

          Talvez a morena sinta de alguma forma que minha partida está se aproximando, sem nem mesmo saber porque que nosso tempo esta contado. Pois, ela ontem a noite, antes de dormirmos, pediu-me mais uma vez para eu dizer que não ia embora novamente, que não ia abandoná-los de novo.

           É como se soubesse no fundo do peito que o que estamos vivendo é um sonho e que a qualquer momento vamos acordar dele.

           Mesmo assim, toda vez que ela sorri para mim, faz meu coração inchar de amor e medo. É lindo e doloroso ao mesmo tempo. E no fundo da minha mente, uma pergunta martela. O que vai acontecer?

           Estou certa de que deveria contar a verdade a ela, porque não suporto mais mentir. No entanto, saber da dor que vou causar, não só a ela, mas a toda família, me faz desejar nunca precisar falar nada.

           Ariana já sabe a verdade e eu não tenho ideia do que vai fazer. Se é que pretende fazer alguma coisa a respeito, pois não tenho notícias dela já tem um tempo. Ficou furiosa? Ou nem se importou, feliz com sua vida de mentiras, viagens glamourosas e liberdade?

           Ela nunca foi feliz com a Calliope e os filhos. Transformou a vida de todos e a sua própria numa sucessão de dias ruins, sem perspectiva de felicidade.

           A verdade é que se não estivermos felizes, não podemos fazer os outros felizes também. Infelicidade gera infelicidade.

           O que acontecerá se eu deixar as decisões nas mãos de Ariana? Será que ela voltará ao fim dos dois meses restantes e continuará como se nada tivesse acontecido, assumindo seu lugar naquela família e eu simplesmente partirei?

            Dessa forma Calliope nunca descobriria a troca. Também nunca sofreria, nem ele nem as crianças.

          Em vez de me sentir aliviada com um desfecho como esse, caso seja isso que aconteça realmente, só sinto um vazio sem fim. Eu os amo como nunca pensei que existisse um amor dessa proporção.

A UsurpadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora