Título alterado do livro "Animais noturnos".
Nayla tem uma vida monótona, mora sozinha em um pequeno apartamento e passa a maior parte do tempo em suas redes sociais. Porém, após um acidente doméstico, Nayla vai acordar em um mundo onde as pessoas...
A noite se estendeu lentamente como um véu negro de seda, me envolvendo suavemente, fazendo meu corpo relaxar a ponto de experimentar uma sensação de semi adormecer. A imagem daquele animal horrível surge a todo momento como um flash desagradável surrupiando meu sono. Frustrada revirei na cama com força na expectativa de expulsar tal visão, mas nada adiantou. Sentei - me na cama com as costas apoiada na cabeçeira de madeira, acendi a luminária sob a mesinha de cabeçeira, apanhei o diário da Nanda e comecei a ler. Nas primeiras folhas, Nanda analisava os metamorfos, descrevendo suas habilidades e pontos fracos. Curiosamente Nanda acreditava se tratar de seres racionais, ocultos em corpos adaptados.
-Semana passada enfrentei um metamorfo lobo, corremos na mesma direção até a cerca onde a caça ficou presa. Como estava na nossa área de caça, o lobo se conteve e apenas esperou. Cortei a pata traseira da caça e joguei para o lobo. Tenho certeza que o vi agradecer. Desde então o lobo passou a afugentar a caça e a empurrar para nossa área, como se soubesse que seria recompensado - li em voz baixa.
Domesticar ou desenvolver um relacionamento de colaboração com metamorfos vai colocar nossa comunidade no topo da cadeia alimentar, além de assustar nossos rivais. De repente, na página cinco, surgiu um desenho do bicho que eu tinha projetado hoje.
-Esse monstro existe - Sussurrei.
Nanda o viu próximo aos portões do Olimpo, parecia se tratar de um guardião.
-Ele andava como uma aranha, balançando suas duas cabeças e gritava com muitas vozes - li baixinho - parecia proteger os portões, pois ficava hostil quando nos aproximavamos.
Meu corpo se arrepiou, senti minha espinha gelar, como é possível eu ter projeto um bicho que nunca vi pessoalmente mas que foi confrontado pela Nanda? Seria uma curiosa coincidência ou uma ligação estranha inexplicável? Virei as folhas até um desenho de um rosto feminino, uma mulher de olhos grandes, rosto magro, cabelos cacheados e um sorriso pequeno. Nanda a descreve como um anjo de cabelos loiros e olhos azuis.
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Uma guerreira chamada Natália, que foi encontrada por Rafa em uma missão. Nathy estava ferida, ficou duas semanas em cuidados médicos e assim que se recuperou passou a compor o grupo de caça ao lado de Rafa. Nanda desenvolveu sentimentos de forma rápida, em poucos meses estava apaixonada, desejando saborear o corpo atlético da guerreira. Com o tempo Nathy demonstrou partilhar do mesmo sentimento por Nanda, e o relacionamento intenso delas decolou. Nesse ponto senti uma pontada no peito, a forma como Nanda descrevia sua paixão por Nathy me irritou profundamente, parecia pessoal. Fechei o caderno irritada, o lancei sobre a mesinha de cabeçeira, desliguei a luminária e me deitei de forma confortável. Meus olhos percorriam a escuridão a procura de um acalento, uma explicação para aquele sentimento avaçalador que me tomou e fez meu corpo esquentar. Por que o relacionamento de Nanda me incomoda?
De repente senti um peso cair em meu corpo, como se alguém saltasse sob mim e sentasse em minha cintura apoiando os joelhos no colchão ao lado de meu corpo. Agarraram meus ombros e balançaram meu corpo de forma agressiva. Lancei a mão para a mesinha de cabeçeira acendendo a luminária. Arregalei os olhos aterrorizada.
