Algo que se Espreita nas Sombras

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Elevei a cabeça para provar um pouco do sol do entardecer sobre o rosto, agraciada pelo inócuo calor que irradiava por toda proa do barco alugado — um favor por parte de Lady que não exigiu muito considerando seu histórico como uma assídua cobradora

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Elevei a cabeça para provar um pouco do sol do entardecer sobre o rosto, agraciada pelo inócuo calor que irradiava por toda proa do barco alugado — um favor por parte de Lady que não exigiu muito considerando seu histórico como uma assídua cobradora. O acordo seria de que resolvêssemos o assunto pendente, um trabalho não remunerado, em Fortuna conforme o pedido de Nero e voltássemos, nada que necessitasse uma estádia muito longa. Mesmo ao longe, uma distância bastante razoável, pude captar algo pulsando pelo ar, uma energia que fluía em diferentes ângulos e se mesclavam com os ventos marítimos. Não queria especular nada de antemão, mas quase deduziria que aquela manifestação estranha pudesse ser um fenômeno ocasionado pelo simples fato que a cidade inteira tem o verdadeiro portal do inferno — embora desativado graças a Nero e Dante nos eventos narrados de Devil May Cry 4.

Me deixei levar um pouco pelas possíveis razões para a anomalia, embarcando nas mais bizarras e indo mais além com o temor de que algo ou alguém no passado tenha rompido o equilíbrio da região e somente naquele momento tivesse obtido uma reação. Recordei da última vez que estive em Fortuna, mais ou menos uns seis ou sete anos atrás, no qual, por um infortúnio do destino, fui trazida por Ace que tentava usar meus poderes recém despertos para testar seu alcance e o quanto influenciava para dominá-los através de mim. Teria sido uma história controvérsia e trágica se o Nero não me resgatasse desse emaranhado de loucuras. Na época ele era bem desconfiado — não o julgo por isso — e foi complicada a convivência de início, algo que acabou por Kyrie ser encarregada de mediar.

Chacoalhei a cabeça para limpar a mente dessas memórias intrusivas e fitei Gael adormecido em meus braços indiferente as pequenas perturbações na atmosfera. Não gostava muito da ideia de ter que levá-lo junto a alguma missão, entretanto, não tinha muitas opções, sobretudo, porque ele já apresentava indícios de habilidades especiais. Meus pais não saberiam lidar com esse fator complexo, Lady e Trish estavam fazendo seus próprios trabalhos individuais, Lyana estava tratando de florescer na sua atual relação e não permitiria, fora esse seleto grupo de pessoas, ninguém a cargo do meu bebê sem a devida comprovação de antecedentes. Vergil e V também acabaram vindo como um reforço para eventuais problemas — e assegurar que Dante não acabe deixando a situação escalar. Ao menos enquanto investigarmos, ele estará sob os cuidados de Kyrie que é a pessoa mais confiável para cuidar de uma criança que conhecia.

— Estamos quase chegando, doçura. — Dante informou, se espreguiçando. — Ansiosa?

— Não muito. — o mirei meditativa. — Acha que teremos que enfrentar algum velho inimigo?

Dante franziu o cenho.

— Garanti que isso não venha a acontecer. — anuiu com um semblante plácido e um sorriso convencido. Dante dificilmente poupava um adversário, exceto se visse uma faísca de esperança que lhe concederia uma chance assim como fez com o Brad que engatou em um relacionamento formal com Angelina.

Dante deslizou o indicador suavemente pela bochecha de Gael que o sacudiu um pouco, porém, não o despertou de sua longa soneca. Era adorável ver a devoção e o afeto que expressava com o filho, nunca perdendo a oportunidade de estar perto e brindá-lo de atenção e amor. Muitas vezes me questionava se todo esse zelo seria uma espécie de compensação, de que não queria negligenciar nenhuma fase da vida do Gael por não tido esse amparo a medida que crescia devido a perda de sua família.

— Ele gosta bastante de dormir. — comentou com graça, agarrando cuidadosamente o bebê e o embalando em seus braços. Conservando o sorriso tranquilo e encantador, Dante o manteve seguramente próximo como costumava fazer comigo quando ainda dependia de sua proteção. Muita coisa ocorreu nesse interim e me desenvolvi como uma lutadora, não carecia tanto de sua vigilância, então ele a dedicava exclusivamente ao nosso filho.

— Não é muito diferente de você. — repliquei, rindo. — Ele fica mais cansado pela leves oscilações da aura dele.

— Preciso de uma orientação. Sabe se existe um manual? — ergueu uma das sobrancelhas com um tom divertido.

— Eu já sou seu manual.

— Um bem difícil de ler. — retrucou sem perder o humor.

— Você raramente lê. — cruzo os braços. — Tem que começar a ter esses hábitos.

Dante deu de ombros.

Chegamos no cais pouco tempo depois, o aroma peculiar e a paisagem, muito diferente do que minha memória fora capaz de reproduzir, já transparecia mais modernidade e aparentemente o comércio se expandia para outras regiões o que era impossível no período que Sanctus comandava como um falso líder da Ordem da Espada — a antiga organização da cidade. O sol já se recolhia no horizonte, anunciando seus últimos raios de luz e colorindo o céu com uma mistura de laranja e amarelo. Nero, Kyrie e as crianças que ambos adotaram se encontravam ali para nos recepcionar. Não pude conter a emoção e abracei a ruiva mais doce que alguém teria prazer de ser amiga, a apertando de leve.

— Esse é o seu filho? — perguntou com ternura ao ver Gael nos braços de Dante assim que nos afastamos. — Nero me contou e Nico me mostrou algumas fotos, mas ele é muito mais fofo pessoalmente. — meu coração se inflou com um misto de orgulho e felicidade.

— Espero que não se importe em cuidar dele. — disse incerta.

— Não se preocupe, Diva. — ela sorriu com amabilidade. — Será um prazer.

Nico nos levou na van para a residência que Nero e Kyrie compartilhavam; Nero estava acomodado no banco do carona, Vergil vez ou outra o fitava como se estivesse numa teia de pensamentos que não queria verbalizar, V lia um livro com Griffon recostado próximo ao seu ombro, Dante olhava as revistas dispostas e Kyrie e as crianças interagiam junto de Gael. Observei a movimentação pela janela não conseguindo ignorar a vibração no ar que se rastejava feito um mau agouro impossível de definir sua origem tampouco o que teria poder para causar aquilo.

Fechei os olhos para meditar e enfocar todos os meus sentidos para captar algum indício de anomalia de cunho paranormal ou um defeito do tecido dimensional, contudo, não se tratava de nenhuma dessas hipóteses. A descarga violenta cortou minha concentração com uma pressão esmagadora, uma dor rascante e debilitante que rompeu meu estado de otimização, que me derrubou com um ganido dolorido preso na garganta. Antes que desmoronasse em uma queda oca, um braço me apartou e me firmou de pé, ainda que estivesse levemente desengonçada.

— Algo... Alguém — foi tudo que pude dizer.

— Eu senti também. — Dante disse em um timbre mais suave.  Claro que tanto ele quanto Vergil perceberiam o que tinha de errado comigo devido a conexão que possuía com ambos, o que servia bem para esses propósitos, mas também eram péssimos no quesito privacidade. Não é como se lessem cada minucioso pensamento meu ou soubessem de todos os sentimentos ativos em mim, tudo que me afetasse diretamente eles filtrariam. — E precisamos investigar — seu olhar vagou até Vergil e V.

— Eu vou na frente. Cuidem do meu bebê. — avisei antes de me teletransportar para a zona na qual a energia anômala se encontrava.

Aterrissei onde comumente, de acordo com o que recordava, a fonte da cidade com um aspecto gótico característico. Por cultuarem Sparda e ter um desenvolvimento anacrônico, toda a estética remetia a esse estilo em específico, embora já não fizesse mais parte essencial das reformas. Abri os braços, sentindo os resquícios da ressonância energética com mais precisão que quando estava viajando na van.

Havia, se deslocando em fios luminosos, miasma avermelhado que se misturava com o ar. Cônscia desse fenômeno, me preocupei com a possibilidade de influir negativamente na população, afetar a saúde mental e física o causar estragos a grande escala como corrupção em massa.

Toquei minha testa com uma vertigem súbita com uma visão, um tanto borrada, de uma figura masculina de vestes claras. Antes que pudesse identificá-lo, a breve ilusão desapareceu, me engolfando com náuseas atordoantes.

— O que foi isso?

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⏰ Última atualização: Nov 15, 2022 ⏰

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