𝐊𝐚𝐞𝐥𝐥𝐚 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧, a primeira de seu nome, a bruxa vermelha, foi distanciada da Corte. O motivo de seu exílio foi o dom pelo qual a menina herdara: a escuridão do seu sobrenome.
Muitos ousavam dizer que a mesma era uma bruxa perigosa...
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Eu sempre gostei de ficar sozinha, sempre me cuidei sem precisar de nenhum serviçal atrás de mim, e agora não tenho um minuto sequer de paz na Fortaleza Vermelha. As presenças no meu quarto me deixam nervosa, minha mão fica suada rapidamente e minha cabeça não aguenta tantos barulhos simultaneamente.
Cinco servas entraram em meu quarto pela manhã, apenas com o intuito de me aprontar para tomar café. Tentei dispensá-las, é claro, mas segundo as mesmas, por ordem da Rainha eu seria bem hospitalizada.
Quando terminaram, eu as agradeci e pedi um tempo sozinha. Precisava organizar coisas em minha mente.
Por mais que eu não fosse tão aérea em meus pensamentos como Healena, nós tínhamos quase os mesmos dons, visões e vozes ao nossa arredor. Ela tinha visões, eu escutava sussurros desde o sol nascente até ele se pôr.
Eu conseguia controlar, já ela, não. A todo momento ela dizia aos outros o que as vozes lhe contavam. E para eu não cometer esse mesmo erro, precisava descansar minha mente por alguns momentos durante o dia.
Após os sussurros pararem, me permiti voltar a realidade. Caminhei até o espelho perto de minha cama e me observei.
As servas haviam feito uma coroa em volta do topo da minha cabeça com mechas do meu cabelo, transformando em uma trança. Minha pele estava rosada e meus lábios também.
Já em meu corpo havia um vestido verde-claro, mesmo não sendo minha cor favorita, havia ficado lindo em meu corpo. Ele tinha mangas soltas e deixava meus ombros de fora.
Ao perceber que já estava pronta, fui ao encontro da Princesa Haelena.
...
Caminhei para o jardim lindo e enorme, cheio de flores e pessoas. No meio dele, havia uma tenda com uma mesa de dois lugares. A Princesa já estava me esperando.
Eu sentia falta dela, já que foi a única a me ouvir e entender quando os dons começaram a aparecer. Ambas ficaram abaladas com a minha ida para longe do castelo.
— Os dragões vão dançar, Kaella. Você também irá! — a loira disse enquanto brincava com um inseto em sua mão.
Ela levantou a cabeça e me olhou, deixando para trás o mistério dessa frase. Abriu um sorriso lindo e receptivo.
— Todos nós vamos dançar, minha prima — me inclinei e sussurrei para a loira.
Ela inclinou a cabeça para o lado e endireitou-se da cadeira.
— Eu senti sua falta, você me entende, mesmo após anos — a princesa tocou minha mão e acariciou com seu polegar.
— Eu sempre vou te entender — respondi enquanto colocava minha outra mão em cima da sua.
