Capítulo I - Prólogo!

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O príncipe franziu a testa. Encarou um par de grandes portas douradas que estavam fechadas. Do outro lado, ele podia escutar música e risadas. A festa, sua festa, já havia começado. O cristal tilintava conforme os convidados brindavam a noite e vagueavam pelo salão decorado, decerto impressionados cada vez que seus olhares se detinham sobre as centenas de objetos de valor inestimável alinhados pelas paredes. Belos vasos, quadros detalhados de lugares longínquos, ricas tapeçarias e pratos de ouro maciço eram apenas alguns dos muitos itens. E tudo isso se ofuscava em comparação à beleza dos próprios convidados. Afinal, o príncipe não convidava qualquer um para suas festas. Ele recebia apenas aqueles que julgava belos o suficiente para estarem em sua presença. Assim, vinham pessoas de todas as partes do mundo, cada uma tão digna de exposição quanto os objetos decorativos do salão.

Parado diante das portas, o príncipe mal notou a aproximação dos servos apressados, que, nervosos, davam os toques finais em sua fantasia. O mordomo também estava por perto, com o relógio de bolso nas mãos. Era um homem mais velho e conservador, que detestava a completa falta de respeito do rapaz pelos horários. O príncipe, por sua vez, tinha grande prazer em desperdiçar o tempo do mordomo. Uma criada parou ao lado do príncipe, com um pincel de penas nas mãos. Com cuidado, ela pintou uma linha branca no rosto do jovem. A tinta deslizou facilmente sobre a pele macia e impecável. A criada então recolheu a mão e inclinou a cabeça para o lado enquanto analisava seu trabalho. A pintura da máscara havia exigido horas, e aparentava isso mesmo. Estava extraordinária. O rosto do príncipe foi transformado pelo véu suave da pintura. Nenhum detalhe foi deixado de lado, graças aos traçados sutis da plumagem dourada, aos destaques azuis ao redor dos olhos e ao toque ruge que realçava suas já marcantes maçãs do rosto. Alinhando-se às últimas tendências, duas pintas foram perfeitamente posicionadas: uma abaixo do olho direito e a outra acima de seus lábios carmesim. Por baixo da máscara de maquiagem, os olhos azuis do príncipe brilhavam com frieza.

A criada deu um passo para trás e esperou enquanto o pajem principal ajeitava nos ombros do príncipe um longo manto cravado de joias, inspecionando tudo para garantir que nenhuma coisa estivesse fora do lugar. Satisfeito, ele assentiu para a criada, que então cobriu a peruca do príncipe com pó. Então os dois se inclinaram em reverência e seguraram a respiração, aguardando a ação do príncipe. Erguendo a mão enluvada, ele fez um breve aceno com desdém. Imediatamente, um lacaio apareceu.

_Mais luz - ordenou o príncipe.

_Sim, vossa alteza - disse o lacaio, virando-se para alcançar um candelabro próximo. Ele ergueu o objeto para iluminar o rosto do nobre.

O príncipe segurava um pequeno espelho. Era prateado, com uma haste delicada e floreios ornamentais na parte de trás. Em suas grandes mãos, o espelho parecia minúsculo e incrivelmente frágil. Segurando-o no alto para que pudesse se ver, o príncipe admirou o próprio rosto. Ele virou para a esquerda, depois para a direita, então para a esquerda de novo e voltou a olhar diretamente para seu reflexo. Ele assentiu com a cabeça uma vez, depois largou o espelho como se fosse um trapo qualquer. A criada, que quase desmaiara de alívio diante da aprovação do príncipe, engasgou ao ver o espelho em queda. Ignorando totalmente o ruído, o príncipe ordenou que o mordomo abrisse as portas para o salão. Enquanto ele entrava, o lacaio se lançou para a frente e conseguiu apanhar o espelho um segundo antes que atingisse o chão.

Os servos deixaram escapar um suspiro coletivo quando as portas se fecharam atrás do príncipe. Pelas horas seguintes, eles poderiam relaxar fora do alcance de seu amo cruel, mimado e grosseiro. Alheio à opinião de seus criados, ou talvez ciente, mas nem um pouco preocupado, o príncipe abriu caminho pelo salão. Era um mar de trajes brancos, uma exigência especificada no convite. Muitos dos convidados eram difíceis de se distinguir, exceto por suas máscaras. O resultado era encantador. No entanto, a expressão do príncipe permanecia sisuda, e sua solenidade não indicava nenhum prazer em ver tamanha beleza em seu castelo. Ele nunca permitia que os outros percebessem se estava contente ou aborrecido. Isso lhe conferia um senso de mistério que ele apreciava bastante. Conforme caminhava, ele ouvia os cochichos das jovens mulheres, perguntando-se animadas se essa seria a noite em que ele tiraria uma delas para dançar. Um sorriso presunçoso começou a se formar em seus lábios, mas ele o reprimiu e seguiu em frente. Abrindo caminho através de um círculo de donzelas elegíveis e seus acompanhantes, o príncipe chegou ao seu trono. O assento se erguia num patamar acima do salão, concedendo-lhe uma visão privilegiada de toda a festa.

The Beauty And The Beast - NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora