Capítulo XV

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Dentro do castelo da Fera, os membros da equipe sentiam como se já estivessem mortos. Sua única esperança de salvação Sasuke havia escapado, e agora a Fera estava de novo transtornada, a rosa continuava murchando e eles não tinham chance de reverter a maldição antes que fosse tarde demais.

Conforme a noite escurecia ainda mais, eles se reuniram no saguão, buscando consolo em tudo que lhes restava: uns aos outros. Madame Samovar e Zip se aninharam juntos no caminho de servir enquanto Plumette descansava sua cabeça no ombro de Lumière. Suas chamas estavam enfraquecendo, e sua expressão era tão séria e exausta quanto a de Horloge, que tinha se isolado num canto.

_Ele afinal aprendeu a amar - disse com tristeza Lumière, relanceando para a janela que dava para a torre onde a Fera estava sentada.

_Não serve de muita coisa se Sasuke não o amar de volta - apontou Horloge. Ele cruzou os braços e se emburrou Balançando a cabeça, madame Samovar rolou seu carrinho para perto do relógio resmungão.

_Não mesmo - disse ela. - Esta foi a primeira vez em que eu tive uma esperança real de que Sasuke pudesse amá-lo. - Horloge abriu a boca para retrucar, mas foi interrompido por Zip. A jovem xícara tinha se virado para a porta e escutava algo atentamente.

_Você ouviu issa, mamãe? E ele? - perguntou ele. saltitando do carrinho e se lançando até a janela. O restante da equipe se apressou para junto de Zip. Eles se esticaram contra a vidraça, tentando identificar o que quer que a xicara tivesse ouvido. A distância, enxergaram luzes de tochas brilhando por entre as árvores. As chamas de Lumière se acenderam de empolgação.

_Será? - perguntou ele, abrindo caminho entre os outros. Era difícil enxergar lá fora através do gelo que cobria a janela. Ele ergueu uma chama, aquecendo a vidraça até que o gelo derretesse. Então gritou -  Sacré bleu! Céus! Invasores!

Os outros espiaram pela janela limpa. Lumière estava certo. Não era Sasuke quem vinha pela floresta e retornava para a Fera. Era uma multidão! E, pelas expressões, uma multidão furiosa. Os aldeões abriram caminho até o portão do castelo e atravessaram a ponte até a colunata. Um homem alto e forte montado em um grande cavalo preto liderava o grupo. Ele se dirigiu à turba, sob os olhares da equipe do castelo, que espiava pela janela.

_Pequem todos os tesouras que quiserem! - gritou ele. -Mas a Fera é minha! - A equipe engaliu em seco de pavor. O que iriam fazer?

Horloge sabia exatamente o que ele tinha que fazer. Ele precisava alertar a Fera. Deixando os outros para formarem uma pequena e triste barricada na porta da frente, Horloge seguiu para a torre. Ele saltitou e balançou o caminho todo por doze lances de escadas e longos corredores até finalmente chegar à varanda. Olhando ao redor, ele tentou encontrar a Fera entre as gárgulas de pedra da balaustrada, Finalmente, avistou-o empoleirado próximo à outra ponta. Sua cabeça estava abaixada e seus ombros, curvados.

Horloge limpou a garganta.

_Oh, me perdoe, mestre - disse ele com nervosismo.

_Deixe-me em paz - retrucou a Fera, sem se dar ao trabalho de erguer os olhos.

_Mas o castelo está sendo atacado - disse Horloge com urgência. A Fera ainda assim não levantou a cabeça, mantendo seu rosto oculto na escuridão. Quando falou, sua voz estava se rasgando de dor.

_Não importa mais - disse ele tristemente, enfim erguendo a cabeça. Seus olhos azuis penetrantes estavam perturbadas e cheios de lágrimas presas. - Apenas deixe que venham.

Horloge estava farto. O mordomo calmo, paciente e leal se fora. Ele havia passado anos demais preso naquele corpo de relógio para ver seu mestre desistindo agora. Ele tinha assistido à Fera jogar fora sua única chance de ser feliz e permitira sem dizer uma palavra. Mas não mais. Agora ele iria dizer o que pensava

_Por que lutar? - disparou ele. - Por que será?! Para que fazer algo sanguinário afinal? - Horloge segurou o fôlego e esperou que a Fera dissesse algo, qualquer coisa, em resposta. Mas tudo o que ele fez foi abaixar a cabeça de novo.

Com um suspiro, Horloge se virou e começou a longa caminhada de volta ao saguão. Parecia que os membros da criadagem estavam por conta própria.

[....]

_Tenho que avisar a Fera...

Sasuke olhava ao redor freneticamente. Suas mãos estavam cerradas e seus olhos transmitiam turbulência enquanto ele procurava desesperado um jeito de escapar daquele espaço restrito. Não havia como. A janela era pequena demais e coberta de barras, e a carruagem estava trancada por fora.

_Avisá-lo? - perguntou fugaku, confuso. Ele estava largado em um canto. O velho homem parecia pior do que quando era um prisioneiro da Fera no castelo. Suas roupas estavam esfarrapadas e seu cabelo se arrepiava em todas as direções. A palma de suas mãos estava ralada pelas quedas e a exaustão pesava sobre os ombros do homem. - Como você escapou dele? - Até onde Fugaku sabia, Sasuke estava sendo mantido prisioneiro pela mesma fera que agora queria proteger.

Sasuke parou de andar em circulos. Ele se virou para o pai e segurou suas mãos.

_Ele me deixou ir, papai - disse ele. - Ele me enviou de volta para você.

_Não entendo.

Alcançando a pequena bolsa que tinha trazido do castelo, Sasuke puxou o chocalho com o formato de rosa. Fugaku o reconheceu de imediato. Suas mãos começaram a tremer quando Sasuke lhe contou como a Fera a levara para Montmartre e mostrara seu antigo lar. Maurice pegou o chocalho e o passava de uma mão à outra quando foi atingido pelo significado daquilo: que Sasuke sabia,

_Sasuke - Começou ele - eu tive que deixar sua mãe là. Eu não tinha escolha, tinha que salvar você...

_Eu sei, papai. Eu entendo. - Os olhos gentis de Sasuke encontraram os de fugaku. - Você vai me ajudar agora?

Fugaku lutou para segurar as lágrimas que ameaçavam escorrer de seus olhos. Seu filho sempre fora tão cuidadoso e misericordioso. Ele apenas não sabia até então o quanto ele precisava de seu perdão.

_Mas... é perigoso - disse fugaku.

_Sei que é - respondeu Sasuke com coragem. Ele esperou que ele discutisse, mas seu pai simplesmente sorriu e assentiu. Ele uniu as palmas.

_Bem, então - disse ele enquanto olhava ao redor da pequena cela da carruagem, - parece que temos de encontrar um jeito de sair daqui para que você possa salvar sua fera. - Sasuke sorriu.

_Obrigado, papai. - Então seu sorriso se desfez. - Mas eu já verifique. Não há saida. - fugaku balançou a cabeça. Se ele tinha aprendido alguma coisa com o passar dos anos, era que sempre havia uma saída. Ele fitou através da pequena janela para o cadeado na porta da carruagem. Seu mecanismo não parecia tão diferente do de algumas de suas caixinhas de música

_Acho que eu seria capaz de abrir o cadeado se ao menos tivesse... - Fugaku deparou com o grampo que Sasuke estava segurando diante dele. Lá estava ele, antecipando cada uma de suas necessidades. Eles trocaram sorrisos.

O homem começou a trabalhar para abrir o cadeado. Quando finalmente soou o clique da liberdade, eles empurraram lentamente a porta.

_O que está esperando? - sussurrou fugaku para o filho. Vai

Lançando-lhe um sorriso de gratidão, Sasuke disparou pelo centro da aldeia, sem parar para ver se monsieur D'Arque o avistara. Ele chegou até Philippe e pulou nas costas do cavalo. Com um chute forte no grande animal, ele puxou as rédeas e o guiou para fora da aldeia. Pelas costas, podia ouvir o grito: raivoso de D'Arque e a comemoração animada de seu pai. Inclinando-se para a frente, Sasuke apressou Philippe. Eles não tinham tempo para celebrar aquela pequena vitória. Precisavam voltar para o castelo.

Enquanto galopavam através das árvores densas, Sasuke. torcia para que chegassem a tempo. Ele não queria imaginar o que Neji e sua turba sedenta por sangue. poderiam fazer ao ficar cara a cara com uma fera maior que tudo que eles já viram. Então seus pensamentos se desviaram para madame Samovar, Lumière, Horloge e o pequeno Zip, que estariam indefesos contra a multidão.

The Beauty And The Beast - NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora