Capítulo VII

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A Fera estava cansada cansada e perplexa. Não entendia como acabou mantendo um belo jovem como prisioneiro enquanto o pai dele, o verdadeiro ladrão, estava agora a caminho do conforto de seu lar. Balançou a cabeça. Não, não fazia sentido nenhum.

Na verdade, ele pensou ao abrir a porta da frente do castelo, havia muito, muito tempo que nada fazia sentido em sua vida. Disparando pelo saguão, a Fera quase trombou em Lumière e Horloge. O candelabro e o relógio aguardavam ansiosos pelo seu retorno.

_Mestre - começou Lumière - já que o garoto vai ficar conosco por um bom tempo...

_E espero que "para sempre" tenha sido um exagero - intrometeu-se Horloge, com seu tom perfeitamente educado e sóbrio, como era de se esperar de um mordomo.

_Nós não temos equipe suficiente para uma estada tão longa... - A voz dele sumiu quando a Fera se virou e o encarou. Sem intimidar-se, Lumière prosseguiu. - Seja por um dia ou pela vida inteira - disse ele suavemente. - imagino que vá querer oferecer a ele um quarto mais confortável.

_Este castelo inteiro é uma prisão - disse a Fera de forma rude. Enquanto falava, Chapeau, o mancebo, tentou pegar seu manto. A Fera o empurrou para longe e continuou andando em direção à grande escadaria. Por cima do ombro, acrescentou. - Que diferença faz uma cama? - Sem esperar por uma resposta, ele desapareceu nas sombras.

Horloge esperou até ter certeza de que seu mestre não poderia ouvi-lo e ainda assim falou bem baixinho.

_Sim. É uma prisão graças a você, vossa alteza. Eu simplesmente adoro ser um relógio. - Ele suspirou amargamente. Como encarregado da casa, Horloge sabia que deveria ter uma imagem respeitável em todos os momentos. Mas às vezes era difícil. Era duro lembrar que ele e todos os outros integrantes da equipe estavam naquele estado por culpa do mestre, que ainda tinham que servir. Eu sabia que ele não iria concordar.

_Mas tecnicamente... ele não disse não - disse Lumière. Lançando um sorriso dissimulado para Horloge, o candelabro seguiu na direção das escadas que levavam à prisão na torre.

Atrás dele, Horloge permanecia imóvel. Ele sabia o que Lumière tinha em mente. O lacaio romântico era tão fácil de ler quanto um livro. Ele queria libertar o garoto e colocá-lo em algum lugar mais notório, tinha esperança de que ele pudesse ser o jovem que quebraria a maldição lançada sobre eles, a maldição que perdurara durante todos esses anos por uma razão óbvia: a Fera era uma besta, literal e figurativamente. E a magia que a feiticeira conjurou exigia que alguém o amasse mesmo assim.

Horloge suspirou. Sabia que seu amigo tinha boas intenções. Já ele era realista. Não importava onde o garoto descansaria a cabeça, ele jamais amaria a Fera. E, se Lumière fizesse o que pretendia e o tirasse da prisão, isso apenas enfureceria o mestre. Horloge se apressou até as escadas. Ele precisava deter Lumière antes que o candelabro fizesse algo de que todos se arrependeriam. Porém, Lumière já havia aberto a porta da cela.

_Perdoe minha intrusão, Monsieur - disse ele na escuridão - Mas o mestre me enviou para acompanhá-lo até seu quarto. - Sasuke estava sentada no chão com as bochechas molhadas de lágrimas. Ouvindo a voz de Lumière, ele se levantou.

_Meu quarto? - Ele parecia confuso. - Mas pensei que...

_Pensou errado - interrompeu Lumière. - Ele é uma fera, não um monstro.

Um instante depois, Sasuke surgiu na porta da cela, segurando um banquinho acima de sua cabeça. Ele olhou ao redor procurando a origem da voz.

_Olá - disse Lumière.

Olhando para baixo, Sasuke viu Lumière acenando para ele com um de seus braços. Ele gritou. Então, como se ele fosse um rato que o assustara na despensa, Sasuke arremessou o banquinho contra Lumière, atirando-o no chão. As velas do candelabro se apagaram, mergulhando a torre na escuridão. Uma a uma, as três velas reacenderam. Enquanto Sasuke observava, as luzes revelaram dois olhos e uma boca no metal estilizado.

The Beauty And The Beast - NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora