Capítulo X

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Sasuke estava começando a achar que havia cometido um grande erro. Apesar de sua ala do castelo não ser exatamente alegre e colorida, era uma brisa de ar fresco, perto da ala oeste. Conforme andava pelo longo corredor, seus olhos se arregalaram. O lugar emanava solidão. E parecia completamente depressivo. As paredes estavam arranhadas e vazias, o que se tornava mais evidente com os ganchos solitários onde antes se penduravam quadros. O tapete sob seus pés estava desbotado e desgastado, com partes rasgadas pelas longas garras da Fera. Até mesmo o ar era de algum modo mais pesado.

Sasuke estava quase dando meia-volta quando viu uma luz no fim do corredor. Uma porta havia sido deixada entreaberta, e através dela, Sasuke podia identificar o que parecia ser uma grande suite. Com o medo vencido pela curiosidade, ele avançou e abriu a porta devagar.

Imediatamente desejou não ter entrado. Se o corredor já era aflitivo, esse comodo era dez vezes pior. Para onde olhava, ele via evidências do temperamento agressivo da Fera. Cortinas em farrapos se penduravam nos varões. Vasos que deviam ter sido belos estavam largados e destruidos pelo chão. A gigantesca cama de quatro colunas estava coberta por uma colcha cinza desbotada tomada pelo pó, que claramente não era usada havia muito tempo. Conforme seus olhos passearam pelo quarto, ele entendeu por qué. Em um canto, havia uma espécie de ninho gigante feito de pedaços de tecido, penas e galhadas amontoados. Sssuke teve um mau presságio ao ver uma área tão selvagem e animalesca do castelo.

Ele se virou e deu um grito ao deparar com um par de olhos azuis brilhantes. Por um longo e tenso momento, ele achou que alguém a estava observando, até que se deu conta de que os olhos pertenciam a um garoto claramente preso em um retrato da realeza. Com o coração disparado, Sasuke se inclinou para a frente. O rosto do menino havia sido retalhado até se tornar irreconhecível, deixando aquela parte da tela em pedaços. Mas os olhos foram poupados. Sasuke se aproximou mais. Eles pareciam tão familiares...

Ele engoliu em seco quando percebeu que lembravam os olhos da Fera. As palavras de madame Samovar retornaram à sua mente. Um verdadeiro principe, ela dissera. Deveria ser o principe ao qual ela se referira. Sasuke relanceou para o retrato, procurando por pistas do passado. Havia outras duas pessoas no quadro: um belo rei e uma formosa rainha. A imagem da mulher que trazia olhos gentis repletos de riso e amor, ainda estava intacta, já o olhar frio e distante do rei também havia sido estraçalhado. Sasuke imaginou como teria sido o garoto do retrato, como qualquer um teria sido se tivesse crescido com pais como aqueles dentro das muralhas do castelo.

Sasuke arrastou seus olhos para longe do retrato e engoliu o estranho sentimento de melancolia que se formava novamente na boca de seu estómago. Sua atenção foi então desviada para o final do cómodo. Portas enormes tinham sido deixadas abertas, revelando uma grande varanda de pedra do outro lado. Mas o que lhe chamou a atenção estava na frente das portas. Em meio à destruição e ao caos do recinto, a mesa teria saltado aos olhos apenas pelo fato de ainda estar de pé. Mas o que atraiu especialmente o olhar de Sasuke foi a redoma de vidro apoiada ali.

A redoma era feita de um vidro delicado, soprado tão fino que parecia poder se quebrar sob o menor toque. Detalhes ramificados haviam sido gravados na lateral do objeto, lembrando marcas de geada na vidraça. Dentro, flutuando como se por mágica, estava uma bela rosa vermelha. Ela reluzia, e a beleza de sua cor disputava com o tom do mais belo pôr do sol que Sasuke já vira.

Como se estivesse hipnotizada, ele se dirigiu à mesa. Lentamente, esticou a mão na direção da redoma. Seus dedos formigaram conforme ele os aproximou do vidro delicado, incapaz de resistir ao desejo repentino de erguer a redoma e tocar as pétalas sedosas da rosa. Seus dedos chegaram perto... mais perto... mais perto...

_O que você está fazendo aqui? - rugiu a voz da Fera contra Sasuke, despertando-a de seu transe. Ele surgiu das sombras com seus olhos azuis queimando e as patas cerradas em um acesso de raiva quase incontrolável. Ele olhou para a rosa brilhante, e o fogo em seus olhos se tornou ainda mais violento. - O que você fez? - Ele rapidamente se afastou da mesa.

The Beauty And The Beast - NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora