Olhos de Anjo

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“Anna, acorde... Meu anjo está aqui!”

“O que?” Eu abri os olhos lentamente e encarei meu irmão, ou pelo menos tentei, mas ele estava com uma lanterna ligada e apontada diretamente para o meu rosto.

Eu apenas o mandei de volta para a cama dele naquela noite, nem me dei o trabalho de olhar. Aquele foi o maior erro que eu cometi.

Minha mãe sempre foi “abusiva”... Se é assim que posso dizer. Ela sempre gritou com a gente e ás vezes nos batia e usava palavras não muito recomendadas para crianças, e mesmo nos agredindo com a mesma freqüência, não era aquilo que nos incomodava... A tortura que ela fazia era muito mais mental do que física.

O pior dia foi quando o Brian deixou nosso cachorro sair. Ele havia ganhado o cachorro no aniversário de sete anos, não tínhamos nem sequer dado um nome a ele. Ele disse que seria “legal” se o cachorro saísse para conhecer um pouco o lugar, e o cachorro foi atingido por um carro assim que saiu de casa.

Minha mãe arrastou Brian até a rua e o obrigou a olhar para o cachorro, e então, o jogou no chão e o deixou lá, chorando. Ela subiu as escadas e se trancou no quarto, e só mais tarde, desceu as escadas com a roupa do trabalho e disse que eu deveria ficar de olho nele, pois ela trabalharia para uma amiga e só retornaria de manhã.

Ela saiu sem dizer nenhuma outra palavra.

Eu saí e pedi para que ele entrasse, ofereci sorvete. Ele encarou o cachorro morto por outro longo minuto, ainda chorando, e depois de um tempo ele entrou na casa em silencio.

Eu não consegui conversar com ele naquela noite, ele apenas sentou no sofá e ficou encarando os desenhos animados na TV – eu tive que ligar a TV já que fiquei cansada de encará-lo em silêncio – e depois de um tempo, eu fui até meu quarto conversar com minha amiga Lisa por um tempo... Quando voltei, Brian não estava no sofá, eu o procurei e entrei em pânico por alguns minutos, foi aí que ouvi a voz dele.

Ouvi calmamente e parecia vir de fora da casa, ele estava sentado perto do cachorro novamente, olhando para a sua direita, como se estivesse conversando com alguém mais alto do que ele.

Aliviada, mas ainda com raiva, eu fui até ele.

“Brian, o que você acha que está fazendo?”

“Desculpa... Eu vi... Tinha uma moça perto do cachorro, ela disse que era um anjo, e disse que ia ajudá-lo.”

“Você não pode ver anjos, eles não exist –... Eles são invisíveis. Eles nos observam, mas são tipo neblina ou algo assim.”

“Não são, não, eles são brancos.”

“Sim, é... mas... Ah, tanto faz. Entra, você precisa dormir.”

Ele vestiu o pijama e eu nem me dei o trabalho de mandá-lo escovar os dentes ou tomar banho, eu tinha apenas treze anos, não ia forçar ele a fazer nada. Brian e eu dividíamos o quarto, e eu odiava isso, então, fui dormir no quarto da minha mãe até a hora que ela voltasse (três da manhã) e me puxasse pra fora da cama dela.

Quase dormindo e tropeçando nos meus próprios pés, eu voltei para a minha cama, e no caminho, ouvi a voz de Brian novamente.

“É bonito aí?”

Eu parei imediatamente e escutei, eu achei que ele estivesse no telefone com alguém, mas ele era proibido de ligar para os amigos tão tarde assim... Também percebi que a luz estava ligada.

“Parece legal, mas o cachorro está morto. Ele se machucou bastante, como ele pôde ficar feliz? Ele não vai ficar triste para sempre?”

Ele parou de falar por um momento.

Creepy Pastas : Historias ObscurasOnde histórias criam vida. Descubra agora