Capítulo 33

72 6 16
                                    


Isso não podia ser real, eu tinha que esta num pesadelo, tinha que ser uma pegadinha de mau gosto. Christopher não pode estar em coma, ele não pode estar prestes a ser morto, simplesmente não pode. Não sei por quanto tempo estou chorando, não sei de onde tinha tantas lágrimas, só o que sei é meu coração parece estar despedaçado, sinto como se eu que estivesse adormecida.

Fungo, limpando minhas lágrimas " como aconteceu ? "

Mai se aperta mais em Poncho que estava a abraçando até o momento " Christopher estava com nossa mãe na noite do acidente, eles iam jantar no restaurante favorito dela, ele estava tentando animar ela já que mamãe estava bastante triste por que tinha assinado o divórcio com nosso pai naquela semana, um caminhoneiro bebâdo vinha em alta velocidade na pista e ... " engole a seco " ele não teve tempo de desviar "

" meu deus " consigo dizer, enquanto tampava o rosto com as mãos

" o carro foi destruido, o caminhão bateu no lado em que mamãe estava, Christopher sobreviveu mas, estava em estado grave e nossa mãe, ela infelizmente não resistiu " ela conta

" eu sinto muito Maite, eu realmente sinto muito " digo com pesar

" Maite e o pai decidiram abafar a história, eles não queriam que ninguém fizesse fuzuê entende ? acharam que assim deixariam Christopher em paz pra ele se recuperar " Poncho diz acariciando os cabelos negros dela

" por isso ninguém sabe sobre o acidente " concluo

" só quem sabe é a professora Mabel " Maite confidência " ela é minha tia e do Christopher, foi casada com nosso falecido tio, o irmão da nossa mãe e esteve comigo e com meu pai enfrentando todos esses problemas " ela limpa as lágrimas

Claro, isso fazia todo o sentindo " eu não sei nem o que dizer " sussurro e então soluço pelas lágrimas

" estamos todos exatamente sem saber o que dizer ou como agir Dul, é tudo muito sério e complicado " Poncho diz tentando não desmoronar

Mai me encara com pesar " eu passei 2 anos cuidando do meu irmão naquele hospital, eu vou lá desde que tudo aconteceu sempre que posso, eu converso com ele sem saber se ele me ouve, eu conto minhas novidades desejando poder ouvir uma palavra dele, eu cuido dele como ele cuidou de mim toda a vida, a exatos 2 anos eu peço a Deus que traga meu irmão de volta, eu só queria poder vê os olhos dele de novo, eu só queria ouvi-lo me chamar de potranca como ele sempre chamava e agora eu corro o risco de perde-lo como perdi minha mãe, eu corro o risco de nunca mais tocar nele, de nunca mais vê-lo "

" não Mai, nada vai acontecer, o tio Victor não vai autorizar que desliguem os aparelhos" Poncho diz a consolando

Ela se afasta " você sabe que ele vai Poncho, você esteve comigo quando eu falei com ele, você ouviu, ele disse que não tem mais esperanças, ele vai matar o Christopher e se ele fizer isso eu morro Poncho, eu morro, não posso perder meu irmão, não posso " ela chorava como um bebê.

" vamos convencê-lo eu te prometo " ele a puxa pra um abraço " desculpa Dul, ela esta sem condições de falar agora, vou levá-la pra casa você se importa ? " ele pergunta

" não, não " digo, vendo eles dois se afastarem

Limpei minhas lágrimas e caminhei meio desnorteada pelos corredores da universidade, não demorou pros alunos saírem de suas salas e preencherem os lugares, alguns esbarravam em mim mas, eu nem me importava, estava vazia, estava completamente vazia.

Tudo a minha volta parecia girar, coloco a mão sobre minha cabeça, as vozes das pessoas pareciam aumentar mais e mais, as lágrimas voltaram a se formar em meus olhos, as pessoas ainda esbarravam em mim, estava tudo de uma vez, estava tudo rápido.

" Dulce, Dulce " alguém me ampara antes que eu caísse ao chão

Faço uma careta " professora Mabel ? "

" sim querida, sou eu " ela me senta no chão e acaricia meu rosto " o que houve ? você passou mal ? estava desmaiando quando te acudi, o que você tem? " pergunta preocupada

" não podem matá-lo " digo voltando a chorar " não podem fazer isso com ele professora, ele ainda tem muito o que viver, ele tem que seguir os sonhos dele, ele tem que me conhecer, ele é seu sobrinho por favor não deixem que façam isso "

Sua expressão muda, ela parece surpresa " você sabe " conclui

" Maite e Poncho me contaram, por favor, por favor professora não deixe que o matem, eu te imploro " falo em tom desesperado

" Dulce, se acalme " ela pede

" como posso fazer isso ? vão mata-lo, faça alguma coisa por favor, ele é seu sobrinho, como pode estar tão calma assim ? não podem fazer isso, não é justo "

" eu não estou calma ok ? estou tão triste e desolada como você só que ficar assim não adianta nada, temos que estar controladas, agir no impulso não vai adiantar nada, precisamos pensar antes, pensar no que realmente é melhor pra ele " ela diz com sua voz inalteravel

A encaro séria, com certa dificuldade pelas lágrimas " você não se importa ? "

" é claro que me importo Dulce, não seja injusta comigo, tenho sofrido durante esses anos, não sofri só a perda da Alexandra que era como uma irmã pra mim, como também a perda do meu sobrinho " ela diz séria

Nego com a cabeça " Christopher não esta morto "

" mas, também não esta com a gente " ela rebate, suas palavras cortam meu coração, abaixo a cabeça " sei que é difícil ouvir isso mas, essa é a verdade Dulce, Christopher não esta mais entre nós, o que esta vivo e ainda bate é seu coração mas, sua alma já não esta mais ali, ele se foi e temos que aceitar isso por mais doloroso que seja, ele merece descansar "

" isso é assassinato " digo entre os dentes

" é um libertar Dulce, é permitir que Christopher possa descansar em paz ao lado da mãe, ele merece isso, não acha que ele já sofreu muito ? ele esta naquela cama de hospital a 2 anos Dulce, não é 2 dias ou 2 semanas, são 2 anos " ela afirma

" não importa se são 2 anos ou 2 dias, não podem simplesmente matá-lo,ele pode acordar eu sei que pode, só temos que ter paciência " insisto

" não se engane Dulce, Christopher não vai acordar, isso pode levar anos como também pode nunca acontecer, acha que ele não sofre estando dessa maneira ? " ela pergunta séria

Me levanto, sentindo a raiva invadir meu corpo " ele vai acordar, eu sei que vai, e se depender de mim ninguém tocará nos aparelhos, Christopher vai ficar vivo e ninguém vai tirar a vida dele "

Ela se lavanta também " Dulce ... "

" não professora, eu realmente entendo que tenha perdido suas esperanças mas, não pode achar que eu Maite e Poncho vamos perder as nossas, se Deus quisesse que Christopher fosse morto isso tinha acontecido naquele acidente mas, não aconteceu, ele esta vivo, esta vivo e vai acordar mas, nao poderá fazer isso se vocês se precipitarem e arrancar a chance dele, a única chance dele" esbravejo, era uma mistura de raiva e dor

Professora Mabel, suspira e pela primeira vez desde começamos essa conversa vejo seus olhos lacrimejarem " eu quero acreditar nisso "

" então acredite, confie professora " me aproximo dela e a encaro de modo suplicante " por favor, me ajude a mante-lo vivo, ele merece ter essa chance, ele merece viver "

Por fim ela me encara fixamente e dá um meio sorriso " esta bem, o que eu puder fazer pra impedir que desliguem os aparelhos eu vou fazer "

Abro um sorriso e a puxo pra um abraço apertado " obrigado, obrigado " digo sentindo meu coração se abrandar um pouco, pelo menos ela estaria do meu lado pra manter minha sementinha viva.

""

Finalmente tá ai a verdade sobre onde está Christopher. Admito chorei escrevendo esses capítulos. Quem teve a teoria sobre o coma, acertou! 

Nosso Romance - Vondy  Tema: VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora