- Ei, Mademoiselle - escuto aquela voz com sotaque e abro meus olhos. - Vamos, vou te levar para o seu quarto - fico encarando-o ainda sentada. - Vamos.
- Meu quarto? - pergunto confusa, e ele balança a cabeça abrindo a porta. - Como assim?
- Não é certo uma dama estar nas masmorras; vou te levar para um local adequado.
Não falo nada, mas o sigo em silêncio. Ele diz que não posso ir à ala oeste, e eu pergunto por quê, mas ele desconversa, dizendo que não existe tal ala. Fico desconfiada, mas logo esqueço quando ele abre uma grande porta branca.
- Uau - sorrio, admirada com o quarto.
- Muito mais adequado, certo?
- É lindo - elogio, e ele sorri. Cada detalhe do quarto é sofisticado e delicado, em tons de dourado e branco.
O quarto tem uma cama enorme e um guarda-roupa ainda maior, penteadeira com um espelho muito maior que o meu e um lustre enorme com pedrinhas brilhantes no meio do teto.
- Uhm - me viro e vejo o tal Cogsworth parado na porta. - Eu não me apresentei adequadamente. Eu sou Cogsworth, o mordomo do castelo - ele coloca uma mão na barriga e outra atrás das costas e então se curva.
- É um prazer, Mademoiselle Bela.
- Muito prazer - sorrio.
- Eu sou Sra. Potts, a cozinheira. Vim conhecer a mulher que vai domar a… - ela para de falar quando leva uma cotovelada, e levanto minha sobrancelha.
- Esse é meu filho Chip - só agora noto o menininho escondido atrás de sua saia bufante.
- Oi, pequeno - me abaixo para falar com ele e sorrio.
- Oi - ele sai da saia dela e sorri para mim.
- Você é linda,” ele toca meu cabelo e sorrio com o elogio. - Ele vai gostar de você, tenho certeza.
- Ele quem? - pergunto curiosa.
- Ué, o A… - começa, mas a mãe o puxa para trás.
- Ninguém. Vou até a cozinha fazer um chá para você, pois deve estar cansada. - Ela não espera minha resposta e simplesmente se vira e vai embora, me deixando confusa.
- Vamos deixar você a sós - Cogsworth fala e então puxa Lumière pelo braço para fora, fechando a porta em seguida.
- Hm - mordo meu lábio e então olho para as janelas e sorrio. - Vou sair daqui - corro para lá, mas levo um susto com a altura. - Merda - estou a quilômetros do chão.
Olho para o guarda-roupa e tenho uma ideia estúpida. Começo a pegar as cobertas e, então, amarradas uma na outra, eu vou sair daqui. Estava amarrando mais uma coberta quando batem na porta, e peço para entrar depois de esconder as cobertas atrás de mim.
- Oh - Sra. Potts fala surpresa, olhando para a janela onde tem algumas cobertas já com nó. - Você parece ocupada, que tal um chá com bolo? - ela diz e arrasta o carrinho até mim.
- Uau - Chip fala quando vê os lençóis e então corre para a janela, tocando neles. - Quando estiver pronto, posso descer também? - arregalo meus olhos, e ele ri.
- Chip, não seja bobo, ninguém vai descer aí - ele faz bico para a mãe. - É muito perigoso - ela me olha séria.
- Quero ir para casa.
- Sinto muito, eu não posso ajudar - ela sorri triste.
- Mas posso te oferecer chá - me estende a xícara com uma expressão culpada, e sorrio, pegando.
- Obrigada.
- Bela, você tem marido? - Chip pergunta, e o olho rindo.
- Não.
- Se o Adam não te quiser, você pode casar comigo? - ele pergunta, e dou risada.
- Chip - a mãe o repreende.
- Quem é Adam? - pergunto, mas ele balança os ombros e então me abaixo na sua frente. - Você é meio novo pra mim - bagunço seus cabelos, e ele ri.
- Não tem problema, eu vou crescer - fala, e dou risada.
- Vou ser forte.- Aposto que vai - sorrio, acariciando sua bochecha.
- Você é muito fofo.
- Você é linda - elogia, e dou risada, assim como sua mãe.
- Tá bom, já chega, Chip. Vamos sair e deixar ela descansar - ela pega na mão dele, e os dois se despedem, fechando a porta ao sair.
Suspiro e olho para a janela e os lençóis. Péssima ideia. Levo o carrinho com o chá e o bolo para as poltronas na frente da lareira e me sento, aproveitando o calor das chamas enquanto tomo o chá. Me encosto na poltrona, dobrando minhas pernas embaixo de mim e ficando de lado. Fecho meus olhos e durmo assim mesmo.
Acordo com uma claridade em meu rosto e abro meus olhos, estranhando o lençol que está em cima de mim. Tenho certeza que dormi sem ele. Suspiro quando vejo o carrinho na minha frente, abastecido com pães, bolo e café. Faço careta, olhando em volta e encontrando o quarto vazio, e então decido comer.
O dia vai passando, e eu vou ficando cada vez mais entediada. Não tem nada para mim fazer, não quero sair do quarto, pois passei por vários corredores e aposto que vou me perder, e ninguém mais apareceu.
Deito na cama, bufando de raiva ao perceber que passou o dia e ninguém veio me trazer o almoço. Minha barriga ronca, e resmungo, me virando de bruços na cama. Acho que cochilo, porque acordo com batidas na porta e o céu já está escuro lá fora.
- Quem é?” pergunto, olhando para a porta.
- Me acompanha no jantar? - escuto aquela voz forte falar, e faço careta.
- Me convida para jantar com você depois de me fazer sua prisioneira? Enlouqueceu? - falo irritada, e escuto seu rosnado, e então ele começa a esmurrar a porta.
- Eu disse para me acompanhar para o jantar - sua voz fica mais grave quando ele fica irritado, mas não ligo.
- E eu disse não - grito de volta, e o escuto bufar.
- Prefiro morrer de fome a comer com você - falo irritada.
- Fique à vontade - ele grita e então o escuto falar com alguém do outro lado. - Se ela não comer comigo, então não vai comer nada. - fico indignada com sua fala e então solto um grito de pura raiva. Como ele pode ser tão idiota?
O tempo passa, e eu continuo sentada na minha cama de braços cruzados e expressão irritada. Alguém bate na porta, mas não respondo, e então a pessoa abre, mas não olho quem é.
- Ah, Bela - Sra. Potts fala, e respiro fundo. - Sinto muito, trouxe o seu jantar. - Olho para ela e encontro, além de Lumière e Cogsworth, mais um homem e três mulheres.
- Eu sou Plumette, essa é Madame Samovar e Senhor Cadenza e Madame Garderobe - eles acenam para mim, e sorrio sem jeito.
- Oi, pensei que não ia poder comer - falo, olhando para a comida que parece deliciosa.
- Querida, ele não quis dizer isso - Sra. Potts fala, e a olho, cruzando os braços. - Ele não é ruim como parece; passou por coisas ruins aconteceram e ele foi um péssimo pai, o que transforma as pessoas.
Fico olhando para ela, que suspira. Então, cada um deles começa a falar sobre como Fera os ajudou no passado. Quando pergunto por que ele está assim, eles mudam de assunto. Quando eles vão embora, suspiro e, como meu jantar é depois, vou dormir.
Que dia.
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A Bela e a Fera
RomansaBela para proteger seu pai acaba sendo levada por uma fera assustadora, ele é mal educado e mal-humorado, a mantém presa e apesar de saber falar vive soltando rosnados e grunhidos que a irritam mas ela não consegue evitar se sentir atraída por ele e...