Capítulo 3

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A última vez em que eu me sentei à mesma mesa que os meus pais e a minha tia para celebrar uma comemoração, foi no Natal do ano passado. Christian, infelizmente, não pôde comparecer, ele precisou passar o Natal e também o Ano Novo com os seus parentes, para cumprir a velha tradição americana da família vestindo os seus suéteres de lã de cores variadas e de desenhos que representam o Natal. Uma das maiores celebrações, além do dia de Ação de Graças, e a que eu mais gosto, não por causa dos presentes ou da comida — na qual eu não posso mais me esbaldar — e sim, por causa da família.

Hoje em dia é difícil você estar sentado à sua mesa de jantar com toda a sua família reunida, o máximo são os pais, filhos e claro, netos. Parte dessa culpa, é por causa da tecnologia, mas se o ser humano não tivesse sucumbido por causa dela, nada disso teria acontecido. A oito anos atrás, em volta da árvore de Natal dos meus avós paternos, foi a última vez que eu brinquei com a minha prima de terceiro grau, Georgina Grey. Nós duas éramos muito próximas, nos separamos por causa da mudança dos seus pais para Los Angeles, a trabalho. Ainda nos falamos por mensagem — ok, a tecnologia tem lá as suas ótimas vantagens —, porém as trocas de mensagens não passam de "Oi, como você está?" e "Oi, eu estou bem, e vocês?". Georgina é um ano mais velha do que eu.

Essa será uma celebração diferente, onde parentes do Christian também estarão presentes, e eu estou extremamente com receio disso. Duas famílias sentadas a uma única mesa, com opiniões e gostos diferentes, não vai dar certo. Eu já não estou me dando bem com um parente em específico e um dos mais próximos de Christian, seu irmão mais novo idiota, Johnny.

— Celeste? — Escuto uma suave voz feminina me chamar.

Eu havia acabado de descer as escadas, caminhando em direção à sala de jantar do restaurante.

Olho para trás e dou de cara com Georgina, com o seu largo e iluminado sorriso.

— Georgina? — Meu coração acelera de felicidade e entusiasmo ao vê-la.

Caminhamos de encontro uma à outra, e nossos braços se envolvem em um abraço apertado.

— Que saudades de você — diz ela, com a voz embargada de felicidade.

— Eu também estava morrendo de saudades de você.

Nos afastamos. Georgina me analisa dos pés à cabeça com o olhar admirado.

— Você está... linda demais.

— Obrigada — agradeço, constrangida. — Você também está muito linda. O sol de Los Angeles te fez bem — brinco. Georgina está mais bronzeada do que eu, que pareço um fantasma.

— E a correria também.

— Correria?

Quando Georgina se mudou para Los Angeles, ela tinha dezesseis anos de idade, não tinha emprego, uma vida social. Talvez, isso tenha mudado. Claro que mudou, se a minha mudou, imagina a dela.

— Eu não te contei? — Franze o cenho.

— Acho que não.

Será que ela se esqueceu que as nossas mensagens não passam do "Como você está?".

— Me desculpa, nossas mensagens não passam do como você está.

Dou um leve sorriso, para não ser desagradável. Seus dias devem ser exaustivos como os meus, devemos dar um grande desconto uma para a outra.

— Eu trabalho em uma empresa de logística, os meus dias são corridos demais, e quando chega o final de semana, eu só quero ficar na minha cama o dia inteiro.

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