Capítulo 4

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Estou exausta. Parece que um caminhão passou em cima do meu corpo umas duas vezes. Aquele jantar foi horrível, não consigo entender como não teve brigas ou até mesmo morte. Eu me senti dentro de um... como disse Johnny, covil.

Eu entrei no paraíso quando finalmente entrei dentro do meu quarto e fechei a porta. O arrepio de alivio percorreu por todo o meu corpo. Consegui respirar e raciocinar melhor, mas mesmo dentro do meu paraíso, eu não estava me sentindo bem. O jantar acabou com um lindo e majestoso brinde aos noivos, depois da meia-noite. Tentei fechar os meus olhos, para poder dormir, umas duas vezes, rolei de um lado e do outro sobre a cama e quando eu finalmente consegui dormir, acordei sentindo o meu estômago roncar.

O camarão fora um dos pratos principais do jantar, Emma fora elogiada do começo ao fim pelo seu gosto. Claro que os vegetais dominavam o maior espaço do meu prato, e mesmo assim, eu não resisti aos camarões e muito menos, ao manjar branco. Eu espero tirar todas essas calorias do meu corpo, antes de voltar para casa, talvez se eu explorar um pouco mais as redondezas do hotel, eu consiga.

Desço as escadas, está tudo tão quieto. Como o hotel está fechado por causa do casamento, não há necessidade de ter um recepcionista do outro lado do balcão.

A cozinha não fica muito longe, preciso passar por dois cômodos para poder chegar. Moderna e elegante, com alguns vasos de flores espalhados sobre o balcão, tanto do armário quanto o da pia. Todos os móveis da cozinha, até mesmo a mesa, possuem uma combinação perfeita com a natureza.

Abro a porta da geladeira e fico meia hora observando tudo o que tem do lado de dentro.

— Que saco. — Bufo, impaciente.

Ao descer as escadas, eu tinha um único intuito, comer a primeira coisa que eu encontrasse dentro da geladeira, mas a primeira coisa que eu encontrei, foi queijo. O queijo não vai matar a minha fome.

— A comida não vai vir até você, se você não pegar.

Dou um pulo e viro rapidamente para trás. Johnny está a poucos metros de distância de mim, sem camisa, apenas com uma bermuda e descalço.

Reviro os meus olhos e volto o meu olhar para a geladeira.

— Acordou com fome também?

— Sim.

— Também, você não comeu nada no jantar.

Viro o meu rosto.

— Ficou me espionando o jantar inteiro?

— Eu estava sentado do seu lado, deu para contar nos dedos de uma mão quantas vezes você levou o garfo até a boca. Ser famoso na família dá nisso, você precisa responder um questionário — debocha.

— Eu não sou famosa.

— Não pareceu.

— Diferentemente de mim, você não é famoso, ninguém fez questão de fazer mil perguntas para você. Aliás, você era um fantasma à mesa. — Arqueio uma das sobrancelhas.

— Uh! Essa magoou — brinca.

— O que faz aqui?

— Eu comi muito, mas sempre me dá fome depois do sexo.

Dou um passo para trás, sentindo o meu calcanhar bater conta a parte de baixo da geladeira.

— Sexo?

— Sim. Com você não acontece isso?

Deixo a minha boca entreaberta, porém nenhuma palavra ecoa pela cozinha, muito menos em meus pensamentos. Ele me pegou de surpresa com as suas palavras, não estava esperando tanta intimidade com uma pessoa que mal conheço. Não tenho interesse pela vida alheia, muito menos pela dele. Se eu fosse tentar adivinhar, certamente ele dividiu a sua cama com uma pessoa que eu conheço há anos, Georgina. A troca de olhares teve um bom resultado.

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