Os guerreiros de Harrow estavam na história do mundo a milênios, sempre cuidando dos assuntos sobrenaturais e mantendo o equilíbrio necessário, mas nem tudo naquela organização era tão fácil. Nascer um Harrow era um sinônimo de prisão e infelizmente...
“Você se permitiu ser feliz por quase um minuto antes de inventar novos problemas pra si mesma. O que me fascina na humanidade é que tantos procurem motivos para serem infelizes.
- Niel Gaiman.
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Dentre suas várias coisas preferidas, entrar no submundo não era uma delas. Para usufruir de toda a sinceridade, Maya sentia que a cada vez que sua alma descia ao mundo inferior, algo dentro dela parecia queimar e se revirar. Talvez o seu lado divino repudiando o local que se encontrava, ela não sabia dizer propriamente, mas tinha certeza que ficava bastante cansada. Entrar lá era necessário uma força da qual ela ainda não estava habituada a utilizar e sabia que as dores da cabeça mais tarde não hesitariam em aparecer. Mas ela não podia reclamar, era sua missão e por mais que não apreciasse muito esse papel, sentia uma estranha satisfação em saber que ela útil e que Morpheus tinha necessidades dela.
Ela estaria mentindo e muito se dissesse que não gostava do Sonhar, estava ali a algumas semanas e se encontrava mais feliz do que em toda sua vida. Sentia um tipo de liberdade, de que não haveria problemas caso ela desejasse passar longas horas tomando banho de sol, lendo qualquer livro na biblioteca ou fazendo amizades a fora. Era um novo tipo de vida e ela gostava dessa nova era de sua vida, mesmo que estivesse um pouco mais complicada do que antes, mas isso era uma coisa da qual ela conseguia lidar. O Sonhar era o seu lugar predileto dentre todos os lugares que já estivera, assim como também adorava passar as tardes na biblioteca na presença calma de Lucienne ou conversando horas com Matthew, até mesmo os resmungos de Mervin eram de seu agrado, as vezes. Ela não sabia dizer o quanto aquilo iria durar, poderia ser serva de Morpheus por um ano, duas décadas ou até milênios, mas sabia que iria aproveitar a cada instante em que pudesse estar no Sonhar.
Aquilo era o mais próximo de uma vida normal que ela poderia ter, mesmo que naquele momento estivesse se esgueirando pelo inferno. Mas ela notou, notou algo diferente das últimas vezes que havia estado ali o que fez seus olhos vagassem em completa confusão. O céu, se é que poderia chamar assim, estava em em tons de escuro e vermelho o que fazia tudo se tornar mais tenebroso. Sabia que a paisagem do Mundo Inferior mudava conforme as vontades de seu governante, este que era Lúcifer, que levando em consideração não aparentava estar muito satisfeito.
Ela sentiu um frio na espinha, com uma sensação de perigo se apossando dela e quis muito voltar atrás e acordar em sua cama no Sonhar, mas ela tinha a plena noção que isso estava fora de questão. Andou pelos terrenos fantasmagóricos do inferno, evitando os lugares mais populozos, queria chegar no castelo e no caminho quem sabe descobrir alguma coisa. Infelizmente não ouviu ou encontrou nada de interessante, apenas vários demônios tramando contra as almas daqueles que residiam no inferno. Quando chegou ao castelo de Lúcifer, este também estava um pouco diferente, mas ela não se atentou as mudanças na arquitetura e focou em entrar lá sem ser vista.
Percebeu dois demônios magros perto da porta de acesso conversando, pareciam estar descutindo sobre algo que Maya não conseguiu entender e também não deu tanta importância. Quando eles se afastaram ela andou sorrateira até a porta abrindo está rápido e entrando. O lugar que se encontrava estava vazio. Estava bem iluminado o que a surpreendeu e assim continuou sua busca. Ela estava começando a ficar impaciente, não estava achando nada de bom e não estava conseguindo se teleportar até um lugar propenso a boas descobertas. Ela passou por um largo corredor e ouviu vozes mais a frente, assim se escondeu atrás da pilastra vermelha torcendo para não ser vista.
