Cap. 020 ⎯⎯ dia dos namorados

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Any G.
12.06.2019
São Paulo

Se passou um mês desde a nossa viajem para o Rio de Janeiro. E tem um mês que tudo entre eu e Joshua mudou de uma forma absurda.

Ainda brigamos, mas não é mais como antes.

Saímos aos sábados para as baladas que Joshua tanto ama, nos divertimos e depois cada um volta para sua casa. As vezes a noite, ele aparece lá em casa e conversamos amigavelmente sendo apenas o Josh e a Any.

É divertido, mas ainda sim temos pequenos costumes que não conseguimos largar, como: irritar um ao outro sempre que possível. E é depois disso que voltamos a vida real e cada um segue com sua vida outra vez.

Nossa psicóloga disse que é a maior evolução que já tivemos em todos os anos, e que devíamos continuar seguindo o "roteiro" sem medo, e respeitando os limites um do outro - apesar que ambos acabamos sempre ultrapassando os limites. Mas isso o tempo concerta, palavras da nossa psicóloga.

Dia 12 de junho, o dia mais irritante de todos, o dia dos namorados. E como é costume em nossa empresa, fazemos sempre uma grande festa para todos os nosso funcionários e sócios.

Eu não odeio a festa, eu até gosto. Eu só odeio mesmo é o dia em si. Odeio, todas essas bobagens de amor, coraçãozinho para todo lado, todos os namorados se agarrando felizes... urgh! Tenho enjoos de pensar.

Mas odeio principalmente o Joshua. Que simplesmente nesse dia larga a postura de cafajeste e vira um enorme romântico, com direito a flores, chocolates e até poemas. Dá pra que acreditar?

Ele ainda não apareceu em minha sala para me irritar ditando o primeiro poema de amor que ele achou no Google. Pasmem, o poema e sempre o mesmo.

Mas só foi em pensar no "último romântico" que ele deu as caras, abrindo a minha porta com um boquê de rosas em sua mão e uma caixa de chocolate em outra, com seu irritante sorrisinho na cara.

⎯⎯ não, não ouse dar mais nenhum passo!

⎯⎯ oh querida Any, com sua vida tão amarga, porquê não aceitaria algo feito com o coração!? ⎯ fechei meus olhos com força, e coloquei meu rosto em minhas mãos.

⎯⎯ isso foi horrível! ⎯ olhei pra ele ⎯ o pior que você já tentou!

⎯⎯ okay, okay... Talvez eu não seja um bom poeta, mas sei do início ao fim, do fim ao começo um poema dos bons...

⎯⎯ é claro que sabe, você fala o mesmo todos os anos! ⎯ ele me ignorou, e limpou a garganta ⎯ a não, Joshua... por favor.

Mas ele não me deu ouvidos e começou a falar o poema ridículo.

- "o que é o amor?
Amor é a brisa a soprar no deserto
Calor do sol a aquecer as manhãs frias
É, na distância, sentir-se por perto
E, entanto perto, viver de alegria

Amor é o dom da certeza no incerto
É confiança na própria utopia
É ver-se preso até mesmo liberto
E libertar-se da dor que assedia

𝘼𝙥𝙚𝙣𝙖𝙨 𝙉𝙚𝙜𝙤𝙘𝙞𝙤𝙨 ⟶ 𝗕𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora