29. Surdez

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Natasha Alianova Romanoff

_Por que você cuida de mim?

_ Por amor.

_ E quando você se cansar?

_Isso não vai acontecer. - Respondeu enquanto passava suas mãos escorregadias em meus ombros.

_ Eu acho que baguncei toda sua vida.

Ouvi seu riso fraco. Wanda deixou o sabonete de lado puxando mais meu corpo contra o seu. Fechei os olhos com força sentindo seus seios nas minhas costas.

_ Nunca fui fã de organização. - Disse ela baixo.

_Do que você é fã? - Perguntei interessada.

_ Da sua voz rouca. Vinho. Adrenalina. Hockey. Dallas. - Sorri.

_ Qual seu maior fetiche?

_ Foder em cima do carro em um lugar paradisíaco?

Ri. Senti seu sorriso em minha pele. Essas simples conversas nesses momentos íntimos com Wanda, me lembravam que de certa forma o mundo pode ser um lugar bom. Não que a vida tenha me agraciado o tempo todo, porque não fez e não faz com ninguém. Parte de mim escolheu estar aqui, minha juventude foi marcada por fatos ruins e decisões ainda piores. Contudo eu escolhi cada coisa a partir disso, sofri por cada uma delas e muitas vezes me perguntei o que ganhei com tudo isso. Nunca terei essa resposta, não sei o que ganhei, não sei o que foi perdido. Dinheiro todos ganham, não é sempre importante. Eu tenho o suficiente, batalhei por cada centavo. Mesmo antes de Wanda ele não era o mais importante, não era por ele que continuava trabalhando. No início sim, mas quando tive o suficiente de fama e dinheiro continuei atuando, talvez eu gostasse do resultado final disso. Talvez eu goste de ser desejada, que mal há? Quem não gosta? Eu sempre fui prática. Eu queria o que queria, fazia o que fazia e mesmo que me arrependesse enfrentava todas as consequências. Eu sofri, mas quem não sofre? Eu me aventurei, me apaixonei vez ou outra, tenho fama, dinheiro e ainda sim sinto que não tenho nada. Nada além disso que Wanda me faz sentir. Era como se ela jogasse todos os meus anos de vida fora e me ensinasse em poucos meses a verdadeira forma de estar viva, na melhor e mais pura maneira de se estar viva, respirar vida e simplesmente respirar. Eu deixei de simplesmente existir, saí da zona de asfixia e enfim respirei, respirei vida e plenitude. Se ela me pedisse para parar de atuar hoje eu o faria. Não por ela propriamente dito, não pelo ciúmes, não pela exaustão, era pelo sentimento que ela tinha por mim, era nas sensações que isso me causava, era pela segurança que eu via nela.

_ Por que nunca fez isso antes? Quero dizer, não é tão difícil de realizar.

_ Fui em poucos lugares que considero paradisíaco, não tinha mulher alguma que atendesse o tamanho da fantasia. - Suspirou. - Talvez algum dia eu te convide para subir em algum carro.

Eu sorri.

_ Não seria o pior lugar para transar.

Ela riu.

_ E qual é?

_ Em uma sala de aula sem ser professora ou aluna. Perde toda a graça. - Brinquei fazendo ela rir.

_ Qual seu maior fetiche? - Perguntou e eu tinha certeza que ela sorria.

_ Transar na noite de núpcias.

_Oh! - Ela me apertou contra si. - Precisa me pedir em casamento antes princesa.

Soltei um riso fraco.

_ Talvez eu te convide algum dia para subir no altar. Quem sabe em Vegas.

_ Ótima resposta. Vem a água já está ficando fria.

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