6. Speed is all that matters

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Andy's POV:

Minha cabeça estava queimando, mal conseguia abrir os olhos, foi nesse exato segundo em que eu ouvi sua voz. Era ela.

Eu sabia, não podia ser ninguém mais além dela, Juliet.

Com isso, com apenas uma palavra, ela conseguiu levar a minha memória para onde eu achei que eu nunca mais fosse voltar.

A noite em que nos conhecemos. Juliet tinha 15 anos, há poucos meses fazia dezesseis, havia muitas pessoas naquela noite, mas não importava quantas pessoas estavam ali, eu a vi. Como se ela fosse a única pessoa ali, eu sabia que ela era jovem, mas eu pude ver que não era a primeira corrida dela. Ela estava confiante demais para ser.

Quando Juliet também me viu, não sei dizer o motivo, mas acho que nunca troquei olhares com alguém por tanto tempo, nem com tanta intensidade. Me senti como se ela fosse capaz de ler a minha mente, de enxergar a minha alma, como ninguém nunca havia feito antes. Isso me assustou por um momento. Principalmente quando ela sorriu para mim.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, queria tentar falar com ela, pelo menos me aproximar, mas não tive a chance. Senti a mão de Vince no meu ombro, me puxando levemente para trás, para que pudesse falar em meu ouvido.

_Andy, eu acabei de conseguir um corredor para ir com você, sua corrida vai começar em 15 minutos. É melhor se preparar, o cara vai correr com um dos modelos japoneses. Parece que ele é bom no drift. _ Vince riu. Ele sabia que drift não era exatamente uma das minhas habilidades no volante, sempre me perguntei se ele armou aquela corrida de propósito, se tratando dele, sinceramente eu duvidaria._

_Cara, mas que merda! Eu disse que não ia correr hoje! _ Reclamei empurrando Vince e tirando sua mão do meu ombro. Eu não estava brincando, eu não estava ali para correr, alguns dos caras do Fallen Angels iam correr naquela noite. Vince e eu concordamos em ir até lá para assistir, e nada mais. _

Vince era alguns anos mais velho do que eu, ou seja, ele já era um membro efetivo do Fallen Angels há um pouco mais de tempo do que eu. Eu tenho estado com eles desde que fiz 15 anos, mas não seria permanente até que eu fizesse dezoito.

Pelo menos, eu achava que as coisas iam acontecer daquela forma. Como se eu tivesse tudo planejado. Mas acho que o karma tinha outros planos, mesmo que eu não estivesse presente para me tornar um membro oficial da família que os Fallen Angels formavam, eles me fizeram um. No dia do meu aniversário de dezoito anos, um dos caras foi até o reformatório para me dar a notícia. Que eles estariam me esperando quando eu saísse, para que pudéssemos fazer uma iniciação oficial. Mas sinceramente, eu já não via mais sentido naquilo.

Quer dizer, eles ainda eram como família para mim. Eu não negava isso, mas eu não via mais sentido em pertencer à aquilo, e algo me dizia que eu devia manter uma certa distância de Vince, pelo menos por um tempo.

As coisas já não eram mais as mesmas, desde que fui preso. Passar um tempo naquele lugar, me fez perceber que antes disso, eu não passava de uma criança. Uma criança querendo brincar de gângster.

Nem todos os membros da Fallen Angels eram criminosos ou viciados, mas sempre vão existir os que saem da linha e ignoram os princípios. Eu não via isso tão claramente na época, mas agora eu sabia, que Vince havia se tornado um desses. E mesmo depois de tanto tempo, eu ainda temia que Juliet também fosse.

***

Na noite em que nos conhecemos, ela não fazia parte de nada disso, ela era apenas uma das pessoas que estavam sempre nas corridas, para assistir. Pelo menos era o que eu achava até então, eu nunca tinha visto ela correr. Mas eu sabia que ela era conhecida do Hector, descobri que ela trabalhava na oficina que vendia as peças para os corredores, que não era exatamente legal, pelo menos a parte da venda de peças. O dono, era sócio de Hector. E todos sempre souberam que peças não eram os únicos produtos suspeitos que eram vendidos ali. Mas como ninguém estava ali para julgar, ou denunciar, todos mantinham o bico fechado.

Foi quando descobri que Hector havia conseguido o trabalho para Juliet para que ela pudesse ficar na cidade. Os pais dela moravam em San Diego na época. Ela havia conseguido um acordo com a família para aceitar uma bolsa de estudos em Los Angeles para se preparar para a faculdade de música. Por isso, ela morava com seu tio Javier, que também fazia parte dos Fallen Angels. Ele era um dos mais velhos da família, assim como um dos mais respeitados. Ele não fazia parte de nada ilegal, só gostava de patrocinar os corredores, pois muitos que participavam dos rachas tinham um tipo de parceria com a gangue, para proteger o território do norte do centro de Los Angeles. Assim como muitos deles vinham do leste da cidade, onde a vigilância das corridas e das gangues costumava ser mais limitada. A proteção mútua era necessária.

Javier não tinha nenhum tipo de restrição em relação a Juliet, ele preferia que ela ficasse por perto, até mesmo nas corridas e nas reuniões dos Fallen Angels, pelo menos para que ele soubesse que ela estava bem e dentro de seu campo de visão, por assim dizer.

E como ela já tinha sua habilitação, ele não via problema em deixá-la correr quando as apostas não estavam rolando. Vince me contou isso, quando percebeu que eu não conseguia parar de olhar para ela, sinceramente, era curioso que eu não a havia visto antes.

***

Quando eu percebi que não tinha mais para onde fugir, não tinha como eu cair fora daquela corrida. Vincent, sendo o filho da mãe que era, havia me colocado na corrida com a aposta de 10 mil por 3km e meio.

Suspirei em alto e bom som, eu não tinha nenhuma intenção de correr. Muito menos perder $10 mil.

Eu nem ao menos sabia com que carro eu ia correr, desta vez, não era um dos meus.

Pelo visto, era um Mazda RX-7, não estava muito acostumado com os modelos japoneses, mas naquele momento eu não tinha muito como escolher.

Ele era rápido e prático, acho que era o que eu precisava. O outro cara ia correr com um Mitsubishi Eclipse, o que na hora me fez rir. Mas agora, tudo o que esse carro me lembrava era de Jesse. O Eclipse era um de seus preferidos para correr.

Toda vez que lembro daquele dia, sempre me pergunto como Jesse correria se estivesse no meu lugar, desta vez, contra um Eclipse.

***

No momento em que entrei no carro, pude ver de relance, Juliet encarando atenta, olhando diretamente para mim pelo retrovisor, e novamente, ela sorriu.

Como se me desejasse boa sorte.

Acenei para ela com a cabeça, ajustando tudo e finalmente me concentrando na pista à minha frente. Foi dada a partida, e tudo no que eu podia pensar, era apenas uma coisa;

A velocidade. Pelo tempo que aquela corrida fosse durar, era tudo o que importava.

***

Então, como se eu tivesse acordado de um sono pesado.

A voz de Juliet voltou a ecoar no fundo da minha cabeça, cada vez mais próxima, e próxima.

Quando percebi que não estava sonhando, abri meus olhos e ela estava lá.

Sentada na poltrona ao lado da cama, do meu quarto improvisado no flat de Vince, ela estava sentada, observando, como se tivesse passado as últimas horas me vigiando enquanto eu dormia. Enquanto um copo de refrigerante descansava na mesa de cabeceira, ela sorria para mim, esperando por uma resposta, como se ela nunca tivesse partido.

Juliet.

_Oi Andy! Quase achei que você não fosse mais acordar! 

Racing Hearts : California's Fallen AngelsOnde histórias criam vida. Descubra agora