Racing Hearts : California's Fallen Angels

5. The chess chase

Andy's POV:

26 de Dezembro de 2010

Vincent havia me feito passar a noite em claro, ouvindo ele tagarelar sobre como tudo havia mudado desde que eu tinha sido detido. E mais um monte de coisas que eu sinceramente não ouvi muito bem. Eu já não importava mais tanto assim.

Vincent era literalmente a última pessoa com quem eu queria estar naquele momento, eu ainda estava extremamente irritado com ele, por tudo o que tinha acontecido antes de eu ir para o reformatório. Claro, eu tive meus motivos para fazer tudo o que fiz, eu fiz escolhas e eu sempre soube disso, nunca neguei.

Mas honestamente, Vincent não era a pessoa na qual eu confiava o bastante para ficar por perto em uma situação como essa.

Ele não era exatamente um exemplo de pessoa, ele só se importava com os carros, o dinheiro e o "negócio". Vinnie sempre fora de certa forma um tipo de braço direito dos caras que controlam tudo aquilo.

Sem dúvida, Vincent não se importava comigo, pelo menos não tanto quanto ele dizia se importar, não éramos amigos, pelo menos não mais. Quando eu era mais novo, eu realmente acreditava que o que tínhamos era uma amizade, mas depois de tudo o que ele me fez passar, eu sabia que estar perto dele, era no mínimo uma situação tóxica.

Claro, eu sempre soube que Vincent não sabia da história toda, ele sabia sobre as consequências que me levaram a ser detido e tudo o que tinha acontecido naquela noite, mas ele realmente não fazia ideia dos meus motivos. E eu também não fazia questão de que ele soubesse, não a verdade.

Talvez ele soubesse o como, mas nunca o porquê.

***

_Andy! Cara, vamos lá converse comigo! Já faz tanto tempo e agora que você está quase parece que não quer falar comigo. _Vin gesticulou novamente, quase violentamente como se estivesse extremamente ansioso ou nervoso. O que me fez suspirar novamente, aquilo me irritava! Eu sempre tive a sensação de que Vincent tinha sérios problemas em ficar parado, mesmo quando estava sóbrio._

_Não cara, não é nada disso. Eu só estou...só estou cansado, muito cansado. _Respondi, talvez soando um tanto exausto, mas por mais que estivesse querendo que ele parasse de falar, eu não estava mentindo. Eu realmente estava cansado. Precisava dormir. _

_Tudo bem, foi mal Andy! Eu devia ter notado, eu estava tão empolgado em te ver de novo que nem me liguei nisso cara. Você pode dormir no outro quarto lá dentro, está vazio, acho que você vai ficar bem por lá. Dorme um pouco cara. _Para minha surpresa Vin me deixou ir, por um momento ele realmente parecia estar se sentindo culpado por não me deixar em paz, me senti agradecido por isso. Logo, me levantei do sofá, e lhe dei um tapinha nas costas, agradecendo e fui em direção ao quarto de hóspedes._

***

2 HORAS E MEIA DEPOIS

No segundo em que abri meus olhos novamente, ainda me sentia esgotado, mas já era bem melhor do que me sentia antes. Suspirei, tentando me fazer acordar, mas logo me lembrei de onde eu estava e percebi que não precisava me preocupar. Afundei minha cabeça no travesseiro de novo.

Porém, antes que eu pudesse tentar voltar a dormir, mesmo com a porta fechada, pude ouvir a voz abafada de Vincent do outro lado, ele estava ao telefone, provavelmente na cozinha, pois era possível ouvir seus passos nervosos andando impaciente de um lado para o outro.

"Olha eu sei que é um pouco em cima da hora, mas Andy está aqui comigo, ele está de volta nas ruas. É cara! Ele saiu do reformatório, e tenho certeza que se eu fizer a proposta ele vai aceitar o serviço, só me dê umas 12 horas para conversar com ele."

Claro que eu não consegui ouvir o que a pessoa do outro lado da linha respondeu. Mas eu sabia que não podia ser boa coisa.

Me levantei da cama, irritado e frustrado mais uma vez, por ter dado o mínimo de confiança à Vincent. Por um instante me olhei no espelho pendurado na parede, bufei quando vi o meu reflexo. Era quase inacreditável, mal consegui dormir em liberdade e já estava metido de volta em outra armadilha, praticamente pronto para entrar em um outro ninho de cobras. E mais uma vez, graças à Vincent. Como eu havia dito, karma!

Mas antes que pudesse reorganizar meus pensamentos, ouvi a voz de Vinnie continuar a conversa ao telefone.

"Eu não vou mentir, eu não tenho certeza de que ele vai aceitar. Mas não posso negar que existe uma chance. Andy não saiu dos negócios, pelo menos não oficialmente. Mesmo que ele queira, ele não pode simplesmente sair. Andy ainda nos deve mais um serviço, pelo fracasso que foi da última vez. Ele se deixou ser pego e nunca explicou o motivo, o mínimo que ele pode fazer é se explicar. E que jeito melhor de fazer isso do que um último serviço? "

Vincent riu.Uma risada quase estridente.

Ele estava mesmo me metendo em uma armadilha, filho da puta!

"E mesmo que ele se negue, só existe uma pessoa neste mundo que pode fazer ele aceitar isso. Ele nunca negaria nada à ela. Principalmente porque as coisas mudaram muito enquanto Andy esteve fora, ela não é mais apenas uma peça nesse jogo. Não mais apenas um peão. Ela é a rainha. _Vincent soltou uma risada nasalada, em um tom inconfundível de deboche._ Juliet pode fazer isso, ela pode colocar Andy de volta nos negócios. Juliet vai nos salvar muita grana!"

Pela primeira vez em cinco anos senti um frio familiar na espinha, um gelo subindo por todo o meu corpo.

Apenas o fato de ouvir o nome dela de novo depois de tanto tempo, me fazia querer vomitar. Meu estômago revirou pela mera lembrança de Juliet.

O que diabos Vinnie queria dizer com "ela não é mais um peão"?

Até onde eu podia me lembrar, Juliet trabalhava muito bem com aqueles caras, ela era esperta, muito mais inteligente do que todos à davam crédito. Sem dúvida uma das pessoas mais ambiciosas que já conheci, eu sempre soube que ela queria mais do que aquela vida.

Será mesmo que ela continuava ali? Com eles?

Ela obviamente havia conquistado seu espaço, mas o que que tinha a ver com isso? Pelo menos o que eu ainda tinha a ver com isso?

Juliet era incrível, linda, esperta pra caramba e com certeza aquele tipo de pessoa que te faz questionar o quanto você realmente sabe sobre a vida. Estes e vários outros motivos pelos quais eu havia me apaixonado por ela. Foi uma época conturbada e extremamente confusa da minha vida. Mas Juliet foi a única coisa positiva que eu tinha naquela época, e eu tinha certeza que ela sabia disso.

Eu era capaz de ver quem ela realmente era, a parte dela que ela não gostava de mostrar para qualquer outra pessoa. A garota doce, cheia de sonhos e que realmente não pertencia àquela vida. E mesmo assim, ela também, assim como eu. Fez as suas próprias escolhas, e mais que eu a amasse, eu não podia fazer nada para mudar as consequências. E ela sabia disso tão bem quanto eu.

E agora, eu estava em uma encruzilhada da qual eu não podia sair, pelo menos não por enquanto, e eu não fazia ideia do que fazer se Juliet aparecesse ali me oferecendo um acordo. Ela não era qualquer negociadora, ela era a única pessoa na minha vida que eu sempre soube que valia a pena lutar por.

Era o que eu ia fazer, eu estava disposto a fazer por ela o que ninguém nunca fez por mim, eu iria tirá-la da encruzilhada. Eu sabia que estava na hora de tirar a rainha do jogo, mesmo que eu fosse apenas um peão.