Camila's Point of View
Hoje é mais um daqueles dias que até levantar da cama é uma tarefa difícil, e eu não estou falando de preguiça e nem nada do tipo. A depressão, ao menos pra mim, funciona como as ondas no oceano. Ela vem e vai, às vezes mais fraca, às vezes arrastando tudo o que há em seu caminho sem nenhum tipo de piedade. Como uma tsunami.
Para ser sincera, eu nunca soube muito bem o que fazer em relação a isso. Tampouco pensei em procurar ajuda. Nunca fui muito boa em colocar meus sentimentos para fora.
De onde eu venho, a terapia sempre foi vista com maus olhos. Somente pessoas malucas precisam disso, eles dizem. Esse não é seu caso, Camila. Você só está quebrada. Pode não parecer, mas quebrar um padrão de comportamento é extremamente difícil.
Ser assim não é nada legal, devo confessar. Os dois últimos dias haviam sido bons até demais, então por que tanta melancolia? Acho que nunca vou entender. Nada é pior do que essa sensação de vazio. Eu faria qualquer coisa pra isso passar.
O celular, que repousava sobre o travesseiro vago da cama, acendeu mais uma vez - iluminando o quarto todo. Olhando de relance, já passava do meio dia e eu já perdi a conta de quantas mensagens já recebi. Em sua grande maioria, eram mensagens do grupo "Advogadas da Camila", como foi carinhosamente apelidado pelos meus amigos. Juro que ainda não entendi o motivo. De qualquer maneira, provavelmente eles devem estar me xingando por causa do sumiço repentino.
Bufei, virando o visor do celular para baixo. Era questão de tempo para os três aparecerem aqui em casa. E eu tenho certeza que só vão sossegar quando me arrancarem da cama. Já estou me arrependendo de ter concordado com essas gravações no dia de domingo.
Infelizmente, os três conhecem a amiga que tem. Mesmo nos meus melhores dias, eu não sou nada pontual. E hoje, não ironicamente, eu já estou duas horas atrasada e contando. Cobri minha cabeça com a coberta, tentando aproveitar os últimos momentos de paz que eu teria no dia.
Dito e feito. Assim como já era esperado, a campainha tocou. Não foi necessário muito tempo para descobrir quem havia tocado. Em questão de segundos, Sofi correu para atender a porta.
"Tia Nita!"
"Oi, pequena!" Não demorou até Sofi começar a gargalhar, como sempre. Nita sempre gostou muito da minha irmã e fazia questão de mostrar isso sempre que vinha em casa. Ela é muito boa com crianças. "E Sinu, onde ela está?"
"Terminando o almoço, tia! Vocês chegaram bem na hora!"
"É mesmo?" Jonah falou, de repente. "Eu estava mesmo com fome!"
Ouvi um som estalado de tapa. Segurei o riso, cobrindo a cabeça novamente. É incrivel o fato de que é praticamente impossível prever como eles irão se comportar. Às vezes eles pareciam mais crianças que Sofia.
"Ouch, Courtney!"
"Deixou os modos em casa?"
"Você e Camila são mesmo duas cavalas."
Sobra pra mim até mesmo quando estou quieta. Desumano isso. Todo mundo sabe que na verdade eu sou um amorzinho.
Depois disso, minha mãe chegou na sala e a conversa mudou totalmente de rumo, o que me irritou um pouco. Odeio ficar de fora. Já não era mais possível ouvir quase nada, apenas algumas frases desconexas.
Eu poderia dizer que isso é uma artimanha para me fazer descer mais rápido, mas eles
não seriam tão espertos assim. Não mesmo.Já estava quase dormindo novamente quando ouvi alguns passos na escada. Já conhecia os três o suficiente para saber exatamente quem era somente pelo barulho dos passos.
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Hopes and Dreams
FanfictionCamila Cabello era baterista de uma banda amadora de Miami e trabalhava como barista para conseguir transformar seu sonho em realidade. Apesar de ser muito determinada, o cansaço por conta das inúmeras tentativas falhas vinha fazendo com que ela cog...