Hopes and Dreams

Temos um encontro?

Lauren's Point of View

Estava em completo êxtase desde ontem.

Atônita. Confusa. Extasiada. São tantos adjetivos que eu poderia ficar aqui falando até amanhã. Eu não consigo me lembrar da última vez que me senti tão confortável na companhia de alguém.

Quer dizer... é óbvio que eu me lembro. Entretanto, achei que isso jamais aconteceria comigo novamente. Não dessa forma, tão de repente.

Desde que cruzamos a fronteira, que até então, só deveria existir na minha própria cabeça, Camila passou a ocupar meus pensamentos quase que por completo.

Isso era bom, pois significava que eu poderia me distrair um pouco e ignorar o fato de que eu era um caos completo por dentro.

Eu estava me sentindo como se tivesse aberto minha casa a um estranho e tivesse o convidado para ficar. E a pior parte ainda estava por vir.

Eu não estava com medo.

Não dela, ao menos. A latina dos olhos amendoados e senso de humor peculiar havia cativado seu lugar na minha vida tão facilmente. Qual seria seu segredo? Me pergunto.

Ao mesmo tempo, uma sensação estranha que se manifestava como frio na barriga impedia-me de ficar completamente feliz por ter feito uma amiga depois de tanto tempo.

E se tudo se repetisse? Eu não sei se aguentaria a dor de passar por tudo aquilo novamente. Isso não. Mas...

Afundei a cabeça por entre minhas mãos, fitando o desenho sobre a escrivaninha. Os rabiscos refletiam exatamente o meu interior: uma completa bagunça.

Zapeei com os olhos pelo quarto semi-iluminado, tendo como destino final o lugar onde minha guitarra costuma ficar. Um frio na espinha sacudiu meu corpo. Era estranho não tê-la aqui. Era como se algo estivesse faltando. Como se eu tivesse a perdido pela segunda vez.

Toc, toc, toc.

As três batidas na porta despertaram-me dos meus próprios devaneios e salvaram-me de uma enxurrada de "e ses".

"Pode entrar!" Ralhei, virando a cadeira em direção à porta.

A figura rechonchuda na porta me tirou um sorriso e um suspiro de alívio. Meu pai sempre me salvava sem nem mesmo perceber ou ao menos tentar. Será que ele é alguma espécie de super herói? Se fosse, explicaria muita coisa.

"Bom dia, princesa!" Ele se esgueirou pela porta, esperando por uma confirmação de que de fato podia entrar.

Apenas balancei a cabeça, convidando-o. Isso aumentou ainda mais o sorriso que carregava consigo.

"Como você está se sentindo hoje?"

Bingo. A pergunta que valia um milhão de dólares.

"Não sei..." Encostei na cadeira, reclinando-a para trás.

Michael se sentou no pufe que ficava logo ao lado do lugar, agora vazio, da guitarra. Isso fez com que eu me sentisse um pouco desconfortável, mas ignorei a sensação.

"Estranha."

"Estranha?" Ele não conseguiu conter a surpresa em sua voz. "Confesso que estava esperando uma resposta diferente. Talvez mais..."

"Mais animada?" Soltei todo o ar que estava preso em meus pulmões. Eu também.

Eu também...

"Acho que sim?" Ele coçou a cabeça, olhando para os dedos que repousaram sobre seu colo em seguida.

"Você realmente parecia entusiasmada para encontrar aquela garota ontem."

"E eu estava! Foi incrível, papa." Comecei a girar a cadeira com os pés, vendo os feixes de luz passarem rapidamente diante dos meus olhos. "Camila é uma pessoa ótima."