Lado Vazio do Sofá

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Camila's Point of View

Depois do que falei, o tempo pareceu congelar. Era como se cada segundo estivesse demorando horas para passar. Eu tinha noção de que eu havia falado demais, mas infelizmente minha boca havia me traído e tinha sido mais rápida do que o meu próprio raciocínio.

Lauren olhava para mim e eu para ela, como se estivéssemos lutando de maneira silenciosa para decidir quem quebraria o silêncio primeiro. A única certeza que eu tinha é de que essa pessoa não seria eu.

A vontade que eu tinha era de sair correndo dali e desaparecer da face da terra, de uma vez por todas.

"Posso fazer mais uma pergunta?" A garota perguntou, piscando algumas vezes após ajeitar os óculos no rosto.

Senti meu coração batendo feito doido no peito, como se ele fosse pular para fora a qualquer momento. Por mais que eu estivesse curiosa para saber a pergunta, eu não sei se esse seria a melhor hora. Era muito arriscado.

Não é como se eu estivesse cometendo um crime ou algo do tipo, mas me declarar agora estava fora de cogitação. E dependendo das perguntas, eu não conseguiria fugir disso.

Eu sou péssima com mentiras.

Por outro lado, é humanamente impossível dizer não à ela. Suspirei, sabendo que estava fadada ao que viesse a seguir e, talvez, à minha própria pieguice.

"Uh..." Dei o último gole no Cold Brew, puxando todo o líquido de uma vez só. "Vou ser obrigada a responder sua pergunta se eu disser que sim?"

"Sim." Ela riu, ajeitando os óculos mais uma vez. "Brincadeira, não precisa responder se não quiser."

"Vá em frente, então." Recostei-me no sofá, largando o copo de plástico sobre a mesa.

"Certo." Ela se ajeitou no lugar, demonstrando um certo nervosismo. Era possível perceber que ela respirava de forma um pouco mais pesada também. "Eu queria saber se você..."

Ela foi perdendo a voz no meio da frase, suspirando em seguida. Seus ombros também caíram. A sensação que eu tive era de que ela estava um pouco impaciente, mas com o que?

"Lauren?" Inclinei a cabeça para o lado, para conseguir enxerga-lá melhor. A posição em que eu estava não era tão privilegiada nesse sentido, pois dependendo de como ela estivesse, só conseguiria enxergar seu cabelo.

"Deixa para lá..."

"Ei! O que aconteceu?" Me inclinei sobre a mesa, tocando sua mão gentilmente. Eu queria que ela me olhasse.

Assim ela o fez. Suas bochechas estavam levemente ruborizadas. Agora, o teor da pergunta era a menor das minhas preocupações.

"É só que..." Ela suspirou mais uma vez, negando com a cabeça. "Era uma pergunta idiota, não importa."

"Posso te contar outro segredo?" Cobri suas mãos com as minhas, fazendo com que ela alternasse o olhar entre o aperto e os meus olhos. Ela parecia tão vulnerável.

"Claro." A voz saiu como um sussurro, tímida.

"Não existe isso de pergunta idiota." Fiz um breve afago em sua mão com o polegar, somente para voltar à minha posição original no sofá. A falta que seu toque fez me provocou uma sensação estranha de vazio. "Acredite se quiser, mas às vezes, o óbvio também precisa ser dito... ou perguntado, nesse caso."

Seu olhar estava preso ao meu, ainda parecia buscar por alguma coisa. Nesse momento, era como se eu estivesse me olhando no espelho. Eu já estive ali, nesse exato lugar.

"Confia em mim?" A tensão também havia me pegado de jeito. Já estava sentindo as alterações na minha respiração, as mãos suando.

Ela acenou timidamente com a cabeça, concordando. Um sorriso surgiu no meu rosto no mesmo instante.

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